Em sua 4ª edição, o Brasília Trends Fashion Week (BTFW) promoveu a mesa-redonda “Violência Contra a Mulher: Causas e Consequências”, realizada no sábado (9), no Sesc Guará. Para discutir o tema, foram convidadas a superintendente do Sebrae no DF, Rose Rainha; a secretária de Justiça e Cidadania (Sejus-DF), Marcela Passamani; a vice-presidente do Conselho de Desenvolvimento Econômico Sustentável e Estratégico (Codese-DF), Laura Oliveira; a ex-modelo, ativista e madrinha do BTFW, Luiza Brunet; e a moderadora Drika Cordonet, da Rede de Economia Solidária e Feminista.
A superintendente do Sebrae no DF iniciou a sua fala defendendo a autonomia econômica feminina como uma das vertentes do enfrentamento à violência contra mulheres. “Uma das formas de proteção para que essa mulher consiga romper esse ciclo de violência é sua independência financeira. E o empreendedorismo é uma ferramenta poderosa para alcançar a autonomia financeira e quebrar esse ciclo.”
Lançado em 2019, o Sebrae Delas é um exemplo de programa que oferece oportunidades a mulheres que querem empreender. Em 2023, o programa alcançou cerca de 2 mil mulheres no DF, oferecendo mentorias, capacitação e consultoria. Além do Sebrae Delas, Rose Rainha destacou outras iniciativas como forma de prevenção e combate da violência doméstica e familiar. O Sebrae no DF desenvolve um trabalho muito forte com estudantes da rede de ensino público e privado por meio da Educação Empreendedora.
“A violência é muito silenciosa porque acontece dentro de casa. Nas escolas, a gente tem uma filha, uma neta reproduzindo e achando normal situações que vivenciaram na infância e na adolescência. Hoje, o Sebrae prepara o estudante para a sua vida profissional e sua independência financeira”, afirmou.
À frente da Secretaria de Justiça, Marcela Passamani apontou que a maior dificuldade é fazer com que a informação chegue para todas as pessoas e em todas as casas. “A Sejus, enquanto órgão do governo, busca fazer com que essa mulher não seja mais vítima e que ela consiga receber apoio por meio de mecanismos e políticas públicas para romper com esse ciclo de violência”, enfatizou.

Recentemente, a Sejus lançou dois programas para a prevenção e o combate a violência contra mulheres, idosos, crianças e adolescentes. Com a frase “Todas as vítimas têm o direito de romper com o ciclo de violência”, Marcela apresentou o programa Direito Delas, que oferece atendimentos social, psicológico e jurídico às vítimas diretas de violência e a familiares. Ela também citou o projeto Cidadania nas Escolas, que visa atender aproximadamente 80 mil estudantes da rede de ensino com atividades que promovam a cultura de paz, o exercício da cidadania e a redução de incidência de violências.
Em um relato forte e corajoso, Luiza Brunet compartilhou ter sofrido abusos e violências na infância, e agressões do ex-companheiro. “Meu pai era muito agressivo com minha mãe. Aos 12 anos, eu fui vítima de abuso sexual quando trabalhava como babá em uma casa de família. Em 2016, tiveram violências físicas, emocionais, psicológicas e patrimoniais por parte do meu ex.”
Atualmente, Luiza Brunet é uma ativista em defesa das mulheres e tem viajado pelo Brasil e pelo mundo para alertar sobre o tema. “A violência contra as mulheres é a mais democrática do mundo. A sociedade deve se envolver nessa pauta, que é responsabilidade de todos, não só dos políticos”.
A ativista ainda reforçou a importância de denunciar a violência contra a mulher. “É importante que a mulher tenha coragem para denunciar e se libertar do ciclo de violência. E que depois ela seja acolhida, receba apoio psicológico e emocional, e possa estar assessorada para conseguir sua autonomia financeira”, frisou Luiza Brunet.
Laura Oliveira, do Codese, ressaltou que a violência não é um ato remoto que acontece na casa de outras pessoas. O ambiente familiar é o mais violento para mulheres, meninas e crianças. “A maioria das ocorrências ocorrem dentro de casa e os agressores são pessoas do próprio convívio familiar. Um dos nossos projetos é o Jeans do Bem, uma iniciativa do Levvo Instituto, que já beneficiou cerca de 500 mulheres por meio da confecção de peças a partir do jeans e de lona.”
Ao final, a superintendente do Sebrae no DF, Rose Rainha, disponibilizou para as participantes presentes vagas em dois cursos oferecidos pela entidade: fluxo de caixa e precificação.

