Poucos dias após participarem do segundo encontro coletivo do Projeto ALI (Agentes Locais de Inovação) Rural, pequenos produtores locais se reuniram para a realização da 7ª edição do Lab Day em 2024. O evento ocorreu no Sebraelab, no Parque Tecnológico de Brasília (BioTIC), e marcou o encerramento das atividades do projeto desenvolvido pelo Sebrae no Distrito Federal. Realizado em clima de festa de arraiá, o encontro foi caracterizado pela troca de conhecimentos e oportunidades de networking.
Presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae no, Fernando Cezar Ribeiro abriu o encontro comentando sobre a produtividade e a qualidade do que é produzido na área rural do Distrito Federal. Ele, inclusive, citou que há empreendimentos rurais do DF que têm empilhado medalhas no Brasil e mundo afora. “O agronegócio, nesse quadrilátero que é o Distrito Federal, é significativo. Tudo o que é produzido aqui em nossa região tem potencial para ser referência no Brasil. Um exemplo disso é que, duas semanas atrás, estivemos presentes na Expovitis, um evento que mostrou para o mercado que não somos apenas produtores de uvas, mas detentores dos melhores vinhos do país. Além disso, temos cachaças, queijos e outros itens que são produzidos com qualidade”, afirmou.
Fernando Cezar também falou sobre a importância da conexão entre os produtores rurais e empresas do ecossistema de inovação local, a fim de estimular a geração de negócios na região. “Não adianta ter tecnologia, produzir em larga escala se não há possibilidade de negócios. O Sebrae atua para fazer essa conexão”, acrescentou.
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Ainda durante a abertura, Carlos Cardoso, gerente de Negócios em Rede do Sebrae no DF, anunciou que a 7ª edição do evento ficará marcada como um momento histórico para a instituição. Isso porque o Sebrae no DF escolheu a atividade para, de forma piloto, dar início à implementação da estratégia de evento carbono neutro, o que significa que as emissões diretas de gases de efeito estufa geradas para a realização do evento serão totalmente compensadas, marcando um compromisso contínuo e duradouro com a sustentabilidade.
Por meio da análise da pegada de carbono, serão avaliadas as emissões diretas provenientes da energia utilizada no local do evento (por exemplo, eletricidade), a mobilidade dos participantes, organizadores e equipes envolvidas na organização do evento, as emissões relacionadas ao descarte de resíduos, bem como as emissões provenientes da comunicação online e offline. Essa análise irá fornecer a quantidade de toneladas de carbono geradas pelo evento. A neutralização das emissões de carbono pode ser alcançada por meio da aquisição de créditos de carbono certificados internacionalmente, gerados por projetos ambientais, como reflorestamento e melhorias nos processos de combustão, projetos que visam reduzir ou absorver as emissões globais de dióxido de carbono e outros gases de efeito estufa.
“No mundo em que vivemos, sempre surgem questionamentos sobre as emissões de gases na atmosfera. Hoje, o Sebrae dá um passo significativo ao iniciar, de maneira piloto, a implementação desta estratégia que busca neutralizar as emissões decorrentes deste Lab Day voltado para o agronegócio. Em breve, essa proposta será integralmente incorporada às ações da instituição, demonstrando nosso compromisso com a sustentabilidade e a responsabilidade ambiental”, explicou Carlos.
A superintendente da instituição, Rose Rainha, ressaltou que a iniciativa de realizar eventos carbono neutro reflete o compromisso do Sebrae com práticas sustentáveis e um futuro mais sustentável para todos. “Temos o compromisso de transmitir aos pequenos empreendedores a importância de alinhar a estratégia de sustentabilidade com os propósitos e valores da empresa. Com a adoção dessa abordagem, reiteramos o foco da instituição nas práticas sustentáveis, que estão se tornando cada vez mais relevantes a nível global”, afirmou.
ALI Rural
Na sequência do evento, os produtores presentes acompanharam uma palestra sobre vendas em datas comemorativas e foram apresentados a números consolidados dos dois ciclos do Projeto ALI. A iniciativa é uma atividade promovida pelo Sebrae no DF para promover a inovação rural com melhorias nos processos produtivos, redução de custos, controles gerenciais, marketing e vendas e muito mais.
Ao todo, 121 produtores rurais foram individualmente beneficiados, recebendo diagnósticos e ferramentas para uma gestão eficaz. Além disso, o ALI Rural propiciou a realização de cinco encontros coletivos entre os agentes de inovação, o ecossistema de inovação e os empreendedores do programa, visando proporcionar a troca de experiências entre os produtores, empresários rurais e startups incentivando assim a colaboração e a expansão das conexões em rede. Os agentes locais de inovação produziram quatro estudos de caso e seis artigos científicos com a atuação no projeto.
Analista da Gerência de Negócios em Rede do Sebrae no DF e gestor responsável pela coordenação do Projeto ALI Rural, Rodrigo Moll, foi quem apresentou os números ao público do evento. Ele contou que viveu a experiência de ter sido um Agente Local de Inovação, no início da década passada, e comentou sobre a oportunidade de acompanhar o projeto de uma outra perspectiva.
“O ALI é um projeto transformador, capaz de impactar a vida de empreendedores de diferentes setores e é uma iniciativa pela qual a gente sempre ouve relatos inspiradores. As propriedades fora da nossa zona urbana precisam ser encaradas como negócios, assim como qualquer outra empresa e o Projeto ALI Rural reforça essa visão, trazendo clareza à inovação em áreas como marketing, finanças, produtos e mercado. Conseguimos viabilizar uma abordagem personalizada para a realidade de cada pequeno produtor, garantindo soluções adaptadas, transformando propriedades rurais de ponta a ponta”, declarou Moll.
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Outro analista do Sebrae no DF responsável por acompanhar de perto as ações e resultados do projeto, Leonardo Zimmer também falou sobre a satisfação e encerrar mais uma etapa. Segundo ele, o desenvolvimento deste segundo ciclo do ALI Rural deixará saudades, mas também aumenta a expectativa para que novas ações sejam desenvolvidas no próximo ano.
Zimmer enalteceu, ainda, a figura do Agente Local de Inovação. “O Agente Local de Inovação é o nosso braço de atuação. Nós, como gestores do projeto, não temos condições de estar todos os dias e com a mesma dedicação que o agente precisa estar presente na propriedade, dando a atenção necessária aos produtores. Eles fazem esse trabalho fantástico de aproximação, conhecendo a realidade e levando a inovação para além da porteira de cada propriedade. É algo fascinante e crucial o trabalho desses profissionais para que nossos pequenos produtores possam alçar voos cada vez maiores”, analisou.
Uma das agentes a contribuir efetivamente com o sucesso do projeto foi Cristiane Caldeira. Com formação em zootecnia, ela lembrou ter iniciado sua atuação como ALI Rural em Goiás e, posteriormente, mudou-se para o Distrito Federal, onde promoveu a inovação e evidenciou a capacidade de melhorar a produtividade e a qualidade dos produtos. “Fiz parte do projeto piloto do ALI e o vejo como um projeto maravilhoso. Poder trabalhar com o produtor rural e levar a inovação para ele, mostrar que ele tem capacidade de produzir muito mais e muito melhor não tem preço”, observou.
A agente compartilhou, ainda, que guardará na memória alguns atendimentos realizados aos pequenos produtores, destacando de forma especial o caso da Cacau Candango, uma produtora de chocolate artesanal na região rural do Gama, cuja produtividade aumentou significativamente após receber orientações do projeto. “É a menina dos meus olhos. No início, a produção era de aproximadamente 10 quilos por mês. Hoje, a produção está em torno de 40 quilos. Assim, com as consultorias do Sebrae e as orientações do Projeto ALI Rural, a produtora pôde perceber a capacidade que ela tem de produzir um chocolate maravilhoso. Hoje, ela se destaca nos programas de TV e o aumento dessa produtividade fez com que ela abrisse as portas da propriedade para receber as pessoas e mostrar como funciona a produção do chocolate artesanal”, contou.
Produtor atendido pelo projeto, Ari Roque da Silva, idealizador da Ecoinseto, um produto desenvolvido para combater insetos e pragas que atacam plantas, hortas e jardins, acompanhou a realização do Lab Day e enalteceu as ações do ALI Rural. Com a participação no ALI Rural, ele conseguiu dar mais visibilidade ao produto, aumentando a procura, a produtividade e conseguindo acordos para comercializar em outros estados do país. “O acompanhamento do Sebrae gerou credibilidade para a minha marca. Participei de grandes eventos, fiz contatos e tudo isso foi muito bom. As pessoas, quando sabem que um produto contou com apoio do Sebrae, logo associam a qualidade e comigo não foi diferente”, comentou o pequeno produtor.
Inova Cerrado
A realização do Lab Day foi, também, palco para a divulgação do Inova Cerrado, programa de pré-aceleração de ideias e empresas da bioeconomia. O foco é promover a geração de novos negócios, inovadores e sustentáveis, e fortalecer o ecossistema empresarial dos estados que integram o Cerrado. Segundo maior bioma do Brasil, cobrindo aproximadamente 22% do território nacional.
Serão selecionados até 30 projetos por estado inserido no território do Cerrado. São eles: Bahia, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Piauí e Tocantins. As três melhores ideias de cada estado serão premiadas no fim do ciclo de aceleração: 1ª colocada – R$ 15 mil; 2ª colocada – R$ 10 mil; 3ª colocada – R$ 5 mil.
O edital completo do programa está disponível em: https://bit.ly/editalcerrrado.
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