Com o propósito de debater e estruturar alternativas para solucionar desafios sociais e ambientais, representantes da iniciativa privada, Governo do Distrito Federal e Governo Federal estiveram reunidos, na última quinta-feira, 9 de maio, no Sebraelab, no Parque Tecnológico de Brasília (BioTIC). O espaço, costumeiramente utilizado para o estímulo à criatividade e à inovação, foi palco de uma oficina que discutiu a criação de políticas públicas em prol do fomento aos negócios de impacto.
O Instituto de Cidadania Empresarial (ICE), organização com 25 anos de atuação, foi quem promoveu a atividade. Atualmente, a instituição está posicionada como peça fundamental para o fortalecimento das temáticas que envolvem investimentos e negócios de impacto no Brasil. Uma das ações promovidas para este reconhecimento foi a criação, em 2020, do Coalizão pelo Impacto, um projeto destinado a criar um ecossistema em várias cidades do país, visando auxiliar empreendedores sociais na resolução de problemas sociais e ambientais, além de fomentar negócios de impacto. O coalizão trabalha para garantir apoio e recursos para o desenvolvimento desses negócios, buscando transformações positivas de forma sustentável na vida das pessoas e do planeta. Por ora, o projeto está presente nas cidades de Belém (PA), Fortaleza (CE), Brasília (DF), Campinas (SP), Paranaguá (PR) e Porto Alegre (RS).
O Coalizão Pelo Impacto dispõe de um capital de investimento na casa dos R$ 34 milhões e objetiva impactar, até 2026, cerca de 600 empreendimentos sociais por meio de ações dinamizadoras nas cinco regiões do Brasil. “O nosso objetivo é estruturar um ecossistema para que, a partir de 2026, as cidades beneficiadas passem a caminhar sozinhas, desempenhando um maior nível de autonomia e desenvolvimento sustentável”, salientou Rafaella Lima, analista do ICE.
“O propósito do projeto não é competir ou estabelecer uma nova estrutura na cidade onde atua. Ele visa fortalecer as estruturas preexistentes de organizações, capacitando-as para ampliar seu impacto e alcance”, acrescentou Dani Estevam, coordenadora distrital do Coalizão Pelo Impacto. Ela ponderou que o DF é uma das poucas unidades da federação que possui uma lei de fomento a negócios de impacto. A matéria, porém, ainda não está regulamentada.
A oficina contou com a contribuição de Caio Zucchinali, gerente projetos da Impact Hub, uma organização global que reúne espaços colaborativos, envolve comunidades empreendedoras e promove programas de capacitação que inspiram, conectam e geram impacto. Ele explicou como a capital foi escolhida para integrar o projeto devido ao cenário de florescimento encontrado na cidade, que representa um estágio intermediário com potencial significativo para desenvolvimentos futuros, considerando tanto as possibilidades futuras quanto as realizações já concretizadas.
Contribuíram, ainda, representantes de instituições como a Escola Nacional de Administração Pública (ENAP), que concentra esforços na capacitação de servidores, gestores e agentes públicos federais, promovendo debates sobre as possibilidades de inovação governamental, e do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), que lidera a estratégia do projeto, coordenando parceiros por meio de reuniões trimestrais do comitê, grupos de trabalho e ações de parceria.
Giselle Viana, representante do MDIC, ressaltou a importância da oficina e da cooperação entre várias instituições e o setor privado a fim de estimular práticas que impactem positivamente no desenvolvimento de negócios sociais. ”É importante citar que é extremamente necessário que exista uma legislação específica de investimentos de impacto no Distrito Federal. Além disso, é preciso estabelecer comitês específicos de economia de impacto em todas as unidades da federação”, disse.
Lucas Candeira, diretor de Economia Circular da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do DF (Secti/DF) elogiou a realização da oficina e afirmou ser preciso fortalecer o ecossistema com mais trabalhos e soluções. “Ações como essa buscam abordar as questões existentes com a sociedade, promover a conexão entre os agentes e evitar que cada um siga seu caminho isoladamente. É sempre necessário promover uma colaboração entre empresários e o governo, visando uma abordagem conjunta”, observou.
Ao término da oficina, foi elaborado um documento contendo recomendações de políticas públicas que podem ser criadas e aprimoradas a fim de alavancar os negócios de impacto presentes no DF.