Na última quinta-feira, 9 de outubro, atores do ecossistema de inovação do Distrito Federal se reuniram, no Sebraelab, para a primeira edição do ELI Summit DF, encontro que reuniu representantes de diversos setores para discutir o fortalecimento da inovação no Distrito Federal. A iniciativa é uma realização do Sebrae no DF, em parceria com o Distrito Inovador, e faz parte de um movimento nacional liderado pelo Sebrae, que culminará no ELI Summit Nacional, previsto para ser realizado entre os dias 6 e 9 de novembro, em Natal, no Rio Grande do Norte.
O evento representou um importante momento para a consolidação da governança do ecossistema local de inovação, estimulando o diálogo entre governo, empresariado, academia e sociedade civil – os quatro pilares que sustentam o modelo da quádrupla hélice adotado pelo programa.
Logo na abertura, o gerente de Negócios em Rede do Sebrae no DF, Carlos Cardoso, ressaltou o amadurecimento da jornada de inovação no território. “Desde 2014, o Sebrae no DF iniciou um trabalho voltado à construção e fortalecimento do ecossistema de inovação local. Ainda naquele ano, realizamos as primeiras ações para reunir atores estratégicos em torno desse propósito. Em 2019, o Sebrae Nacional lançou a metodologia do ELI – Ecossistemas Locais de Inovação –, e, desde então, os estados passaram a adotá-la como referência. Agora, em novembro, teremos a edição nacional do ELI Summit, e o DF se antecipa com essa edição local para fortalecer sua atuação no cenário da inovação”, afirmou.

O gestor também destacou que o sucesso de qualquer ecossistema depende da colaboração entre múltiplos setores. “Para fortalecer a governança da inovação, precisamos da articulação entre instituições, empresas, academia e sociedade civil. É um trabalho que exige planejamento coletivo, construção de estratégias comuns e superação de desafios históricos, como a aproximação entre o setor de startups e as empresas tradicionais”, acrescentou.
O evento contou com diversos painéis e debates que reuniram especialistas e gestores de diferentes regiões do país. Um dos destaques foi o painel “Tendências no Ecossistema de Inovação do Centro-Oeste”, que apresentou exemplos de boas práticas desenvolvidas em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e no Distrito Federal. Participaram da mesa o gestor estadual de Inovação do Sebrae/MT, Fernando Pscheidt; a gestora estadual do Projeto Ecossistema Local de Inovação do Sebrae/MS, Luciene Mattos; o coordenador de Inovação do Sebrae/GO, Athos Vinícius Valadares; e a fundadora da Ficus Collab e coordenadora local da Coalizão Pelo Impacto no Distrito Federal, Daniela Estevam.

Os painelistas ressaltaram a importância da cooperação inter-regional e da troca de experiências entre os ecossistemas de inovação para impulsionar o desenvolvimento sustentável e ampliar o alcance das políticas de inovação no país.
Em seguida, a programação reservou um espaço para a realização do painel “Governança para o Desenvolvimento Territorial”, que abordou os modelos colaborativos baseados na quádrupla hélice na formulação de estratégias conjuntas para o avanço da inovação. A mediação ficou a cargo de Marcus Vinícius Bezerra, coordenador de Inovação Territorial do Sebrae Nacional, que conduziu o debate com Renata Vianna, superintendente de Ciência, Tecnologia e Inovação da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAP/DF), representando o poder Executivo local; professor Gislane Santana, da Universidade Católica de Brasília (UCB), representando a academia; Carlos Jacobino, presidente do Sindicato da Indústria da Informação do Distrito Federal (Sinfor/DF), representando o setor empresarial; e Graciomário de Queiroz, diretor de Inovação e Desenvolvimento Tecnológico da Federação das Indústrias do Distrito Federal (Fibra), representando a sociedade civil.

O painel discutiu como alinhar políticas públicas, pesquisa científica e práticas empresariais em torno de objetivos comuns, destacando a importância da governança integrada para o desenvolvimento territorial do Distrito Federal.
“Temos um território que aspira ser modelo em cidades inteligentes, mas ainda esbarra em diversos gargalos estruturais. O desafio vai além de criar leis, pois precisamos pensar na permanência dos jovens aqui, para que vejam no DF um lugar de desenvolvimento, e não apenas uma base para o funcionalismo público. Não podemos permitir que o Distrito Inovador seja apenas um grupo de discussão. Precisamos transformá-lo em ações reais, que posicionem o DF no mapa nacional da inovação. O nosso foco deve ser sempre o empreendedor — ele é o centro de tudo”, destacou Marcus Bezerra durante o painel.
O evento ainda contou com uma palestra de encerramento, ministrada por Daniel Leipnitz, especialista em ecossistemas de inovação. Em sua fala, o profissional reforçou que, assim como na natureza, o ecossistema de inovação é vivo. ‘‘Por ser assim, só conseguimos desenvolver se continuarmos cuidando. O trabalho de um ecossistema de inovação é fomentar empreendedores. A inovação só existe quando alguém decide agir. Cultura e valores são a base de tudo. Se cada um de nós fizer a sua parte, com propósito e colaboração, crescemos juntos”, afirmou.
Distrito Inovador
Durante o evento, também foi apresentado oficialmente o plano de trabalho da governança do Distrito Inovador, documento que consolida as ações estratégicas a serem desenvolvidas pelo ecossistema nos próximos anos. A entrega simbolizou a transição de um movimento baseado em iniciativas pontuais para uma atuação articulada e coordenada entre os diferentes atores da inovação local. Na ocasião, os representantes do grupo de governança foram apresentados ao público, reforçando o compromisso coletivo com a continuidade das ações e a busca por resultados concretos.
Para o empreendedor Henrique Guimarães, CEO da Plura e membro ativo da governança do projeto Distrito Inovador, a maturidade do movimento depende da continuidade das ações conjuntas. “A partir de agora, deixamos de ser apenas iniciativas isoladas para nos tornarmos um movimento coordenado. A governança assume o papel de guardiã desse plano de trabalho que está sendo entregue. O que estamos construindo aqui é um ciclo virtuoso. Se uma engrenagem falha, todo o sistema sofre. Mas se conseguimos girar juntos, cada ciclo nos fortalece e nos aproxima de uma maturidade real’’, celebrou.
Lançamento da logomarca do Distrito Inovador marca nova fase do ecossistema de inovação do DF
A realização do encontro no Sebraelab também serviu como palco para o anúncio oficial do concurso para a criação da logomarca do Distrito Inovador. A iniciativa foi apresentada por Wendely Leal, diretor executivo da Brasil Startups e integrante da governança do ecossistema distrital de inovação. O concurso marca o início da consolidação da identidade visual do Distrito Inovador, projeto que articula instituições públicas, privadas, acadêmicas e da sociedade civil em torno da inovação no Distrito Federal.
“Esse movimento é o resultado de uma caminhada que já tem mais de uma década e que agora ganha um novo passo: criar a marca que vai representar oficialmente o nosso ecossistema”, disse ele.
Wendely explicou que o concurso será aberto à participação de pessoas físicas e jurídicas, e a proposta é que a identidade visual escolhida seja genuinamente colaborativa, refletindo o espírito coletivo da governança.
A proposta de edital do concurso está em fase de consulta pública, aberta para sugestões até o dia 15 de outubro. A expectativa é que o edital seja lançado oficialmente durante a próxima edição do Café com Negócios, no dia 6 de dezembro, um dos principais eventos de articulação do ecossistema.
A gestora do Sebraelab e analista do Sebrae no DF, Isabela Patrocínio, reforçou que o encontro é fruto de um longo processo de colaboração.
“Como já foi destacado nos painéis e palestras, esse movimento não começou ontem. Estamos falando de uma jornada com mais de uma década de construção. O ELI Summit DF é fruto de um histórico consistente de articulação entre diferentes atores do ecossistema de inovação. A colaboração é essencial para avançarmos. E é com esse espírito coletivo que o ecossistema do DF tem tudo para alcançar voos ainda mais altos. O potencial do Distrito Federal é enorme, e com a força da nossa governança e da integração regional, temos certeza de que será um grande sucesso”, ponderou a gestora.

Cláudia Bonifácio, gestora do Projeto Setorial TIC do Sebrae no Distrito Federal, relembra que o trabalho voltado ao ecossistema de inovação na região começou ainda em 2005, quando o conceito de startups ainda era praticamente desconhecido no Brasil. Naquele período, o foco principal estava direcionado ao segmento de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), com o Arranjo Produtivo Local (APL) TIC e parceiros estratégicos como Tecsoft, Assespro/DF, Sinfor/DF e Sindisei/DF liderando a mobilização.
Ainda segundo a gestora do Sebrae, foi somente por volta de 2012 que o tema startups ganhou força localmente, com a criação da Associação das Startups e Empreendedores Digitais (Asteps). O momento representou o início de uma nova fase de articulação e desenvolvimento do ecossistema.
Desde agosto de 2023, o Café com Negócios & Conexões, uma estratégia desenvolvida de forma mensal pelo Sebrae, tem reforçado essa união e constância entre os atores do Distrito Federal, promovendo encontros mensais que amadureceram o ecossistema local, gerando um ambiente propício para colaboração e fortalecimento das parcerias.
“Hoje, o ELI Summit DF representa o início de uma jornada ainda mais ampla, reunindo a quádrupla hélice para garantir que todos os representantes do ecossistema de inovação estejam alinhados e comprometidos com o crescimento dos empresários do Distrito Federal. A meta é que o ELI Summit DF se torne um evento nacional de referência, contando com uma delegação forte e um case consolidado de governança que evidencie de forma clara os resultados dessa construção coletiva que vem sendo estruturada no território”, completou Cláudia.

