Promovido pelo Sebrae no DF, com apoio do Sebrae Nacional e da Assintecal (Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos), o Seminário “Empreenda na Moda” aconteceu de 19 a 20 de agosto, em Brasília, e ofereceu diversas atividades com o objetivo de atender tanto quem já está consolidado, quanto quem quer empreender nesse mercado.
O segundo dia do evento promoveu visitações guiadas à Materioteca (uma espécie de biblioteca com materiais e insumos que vão ser tendência no mercado), palestras sobre os desafios e como potencializar vendas no setor, além de bate-papo sobre moda. Para Thiago Angelo, analista técnico do Sebrae no DF e gestor do segmento de moda, o Sebrae é fundamental para o setor: “Dentro desse contexto da moda que o Sebrae vem trabalhando, é exatamente o do empreendedorismo, da criatividade, dos novos modelos de negócio, então esse é o nosso principal papel, que é fomentar essa gestão do micro e pequeno empresário”.
Além disso, Thiago Angelo destaca a importância de promover o compartilhamento de informações: “É muito importante, independente do segmento, que você tenha conhecimento de mercado, pra que você consiga atender esse mercado com as necessidades que eles realmente estão precisando”. Ele complementa: “A base é você realmente saber quais são os caminhos que o mercado está te orientando, de acordo com o propósito da sua marca, e aonde você quer chegar. A gente tem visto um novo comportamento do consumidor, então as pessoas precisam estar ligadas nesses fatores para que elas possam prosperar”.
Pessoas como o Murilo da Silva Gomes, 24, formado em moda e que atualmente trabalha em uma loja de roupas de street wear e performance, participaram dos dois dias do evento. Murilo considera que o seminário foi uma verdadeira imersão, que despertou o sonho de desenvolver uma marca própria. “O evento está impulsionando o meu lado criativo que estava estacionado. Eu estou sugando ao máximo o que eu posso e isso despertou esse lado do Murilo designer”.
O consumidor do futuro pós-pandemia
Uma das principais atrações do segundo dia do Seminário foi a palestra “Desafios, tendências e oportunidades para negócios de moda no Brasil”, ministrada pela coordenadora do segmento de Moda do Sebrae Nacional, Anny Santos, que salientou as mudanças no comportamento do consumidor depois da pandemia, que precisam ser levadas em consideração: “Há necessidade de mudança nos nossos modelos de negócio, porque o consumidor mudou”.
De acordo com Anny, as pessoas passaram a consumir no digital, a maior parte do mundo aprendeu a comprar on-line. E esse cliente voltou pro presencial com uma demanda reprimida de atenção e de experiência. “A força das conexões e a geração de vínculos entre as pessoas representam um movimento muito acelerado. A gente superou a barreira de entender marcas como um produto. Hoje a gente quer saber quem está por trás daquela marca, quais são os valores daquela marca. E a gente tem visto marcas mostrando esses valores de forma muito consistente. A gente entrou de vez na era da pessoalidade, da proximidade, das relações humanas”.
A coordenadora destacou ainda que o consumidor do futuro é otimista e valoriza práticas sustentáveis, o consumo de marcas e produtos locais, a inclusão genuína da diversidade, além da mega conveniência que se adapte às necessidades dele. Ela também deu dicas rápidas pra agradar esse novo perfil de clientes, como usar a empatia e a experiência como estratégia de venda, promover o consumo consciente para além da matéria-prima, além de investir na presença digital como em redes sociais, e-commerce e marketplace.
“A minha consideração final é essa, a pandemia só acelerou um processo que já existia. As pessoas continuam as mesmas, mas elas mudaram seus comportamentos e isso faz a gente mudar também a forma de olhar pro futuro, pensar cenários, ver as coisas de uma maneira um pouco diferente e conectada com o mundo em que a gente está vivendo. Quem fizer isso, primeiro, com certeza vai ser muito mais competitivo”, finalizou.
Materioteca
A Materioteca, como o nome sugere, é uma biblioteca de materiais de moda, confecção, calçados, mobiliário, automobilístico, pet e bijuteria. O projeto é fruto de uma extensa pesquisa realizada com os consumidores, com dois anos de antecedência, pela InspiraMais.
O resultado da pesquisa vai pra dentro das empresas por meio de consultores, que, junto com as equipes criativas, desenvolvem os materiais. “A pesquisa é dividida em três etapas, com inovação sendo 10%, processar e projetar essa inovação 30%, e massificar a inovação 60%. Então, é a ideia de como a inovação vai sair de um ambiente de laboratório e chegar na rua”, explica o coordenador do Núcleo de Design e Pesquisa do InspiraMais, Walter Rodrigues.
O local está dividido em ilhas de exibição, que permitem ao visitante entender as linhas de pesquisa que norteiam o trabalho. As principais são Sustentabilidade, uma tendência mundial focada na preservação do meio ambiente; Performance, que pretende acelerar processos e cortar custos de tempo e de produção para otimizar os resultados do setor; e Casual, que mostra as tendências do que os consumidores vão usar no dia a dia.
O InspiraMais é uma realização da Assintecal, do CICB (Centro das Indústrias de Curtume do Brasil) e da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção).

