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“Caravana Pra Elas” reuniu mais de 2500 mulheres para incentivar o empreendedorismo

O evento, que aconteceu no último sábado, apresentou histórias inspiradoras às participantes e serviços para quem se interessa pelo empreendedorismo feminino
Por Ana Paula Mira | AIs. Comunicação
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No último dia 20, sábado, Sol Nascente, região administrativa com maior população do Distrito Federal, recebeu a “Caravana Pra Elas”, realizada pelo Sebrae no DF. A “Caravana” já passou por outros estados, e pela primeira vez aconteceu no Distrito Federal. O principal objetivo foi fortalecer o empreendedorismo feminino prioritariamente para mulheres sem fonte de renda própria, mas também com outras iniciativas que atendem as que já empreendem com negócios em estágios embrionários, as que já empreendem negócios bem-sucedidos com grande potencial de crescimento e ainda as que atuam no mundo corporativo, como as intraempreendedoras.

Rose Rainha, Diretora Técnica do Sebrae no DF, explica que eventos como esse são oportunidades para aprender mais e abrir novas portas. “Sebrae trabalha com sonhos; com o sonho de empreender, de ser dono de seu próprio negócio. Atendemos milhares de mulheres, de homens, de jovens, de vidas, de todo DF e do Brasil, que desejam transformar suas vidas e suas famílias por meio do empreendedorismo”. Rose foi para Ceilândia com 3 meses de idade, no começo da região, fato que forjou seus valores e desenvolveu sua capacidade de superação. “Essa cidade ajudou a construir meus valores, foi ela que me deu minhas maiores oportunidades. Carrego comigo o orgulho de ser ceilandense em tudo o que faço; em todas as minhas funções, tem um pouco da minha cidade, carrego essa capacidade de superação que vejo em cada ceilandense”. O fato de ter crescido com a cidade também a colocou em situações nas quais ela nem imaginava estar fazendo empreendedorismo. “Cresci junto com a cidade; vi chegar o asfalto, a luz, o desenvolvimento. Quando criança, vendia chuchu na porta de casa. E na feira da P-Norte, com 12 anos, eu já vendia roupa que minha mãe fazia. Ali, nem imaginava empreender”.

De enganada em oficina a indicada em Prêmio da ONU

O evento também proporcionou o contato com histórias inspiradoras como a de Agda Óliver, idealizadora e fundadora da primeira oficina mecânica para mulheres do Brasil, a “Meu Mecânico”. Em sua palestra, ela contou como foi difícil sair de sua cidade natal, Arinos, no interior de Minas Gerais, onde era normal “terminar” os estudos ao concluir o ensino médio. “Vim para Brasília há 23 anos – tinha terminado o 2° grau e não tinha faculdade. Sempre estudei em escola pública e sempre tive um sonho muito grande de fazer faculdade, mas me deparei com um momento muito difícil da minha vida que foi terminar os estudos e não ter condição financeira de fazer faculdade nem de ir embora para outro lugar”, conta Agda.

Ela diz que as dificuldades da infância foram seu incentivo para querer estudar, dar uma vida melhor aos pais e poder trilhar um caminho diferente do deles. “Lembro de minha mãe fazer farinha de milho com café pra gente tomar de lanche de tarde. Quando era início do mês e saía pagamento, ainda tinha leite, mas não era sempre que a gente tinha leite. E eu falava eu precisava fazer alguma coisa para poder dar uma vida diferente para os meus pais, para ter uma vida diferente do que meus pais levavam ali. Falei que queria ir embora pra Brasília porque era o lugar mais perto”. Ao chegar à capital federal, Agda foi frentista. Ela recorda que nem uniforme feminino existia para a função, já que era muito raro mulheres entrarem nessa profissão.

Ao deixar o posto de gasolina, Agda conseguiu, no trabalho em um hipermercado, conquistar o sonho de fazer faculdade, já que a empresa pagava o curso superior. Nesse mesmo emprego, a empresária se deu conta de que poderia fazer em um negócio próprio o que fazia no hipermercado. “Tinha que bater meta todos os dias naquela empresa. E eu conseguia. Daí eu pensei ‘se eu podia bater meta naquela empresa, por que não podia bater meta numa empresa que pudesse ser minha?’. Fiquei com essa vontade de montar alguma coisa”.

Mas a virada de chave na vida de Agda veio mesmo depois de 10 anos morando em Brasília. Já casada e com o primeiro carro comprado na garagem, Agda se viu enganada em uma oficina mecânica ao levar o veículo para o conserto: “Paguei por serviços que não foram feitos no meu carro”. A frustração levou Agda a pensar em abrir uma oficina só para atender mulheres. Com muita perseverança, e também incentivo do marido, que lhe deu a ideia de procurar o Sebrae, Agda abriu a “Meu Mecânico”, que já lhe rendeu várias inserções na mídia, além de uma posição, em 2020, entre as dez finalistas da 7ª edição do Empretec Women in Business Awards, prêmio conferido pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad), a cada dois anos.

Agda é taxativa ao contar por que sua experiência deu certo: “Desde que eu procurei o Sebrae em 2008, nunca mais larguei. De 2008 a 2022, estou no Sebrae durante todo esse tempo. Já ouvi as pessoas falarem que fizeram curso no Sebrae, mas não deu resultado. A resposta que eu dou é ‘você não vai ver resultado em sua vida se você fizer uma única vez’.” Para ela, o segredo do sucesso no empreendedorismo é a constância. Ela participou de vários cursos, mentorias e também do ALI (Agentes Locais de Inovação), um programa do Sebrae que detecta nas empresas atendidas quais são as questões a serem melhoradas. Foi a caminhada que deu força a Agda para chegar aonde está hoje. O conselho para alcançar essa conquista? “Não desistam no primeiro curso, no primeiro curso que vocês enfrentarem, porque vale a pena. A gente não conquista as coisas tão fácil. Tudo que é difícil tem um gostinho muito mais especial”.

Primeira vez no DF

Adélia Bonfin, Diretora Administrativa Financeira do Sebrae no DF, ressaltou a importância para o DF da proporção que o evento “Caravana Pra Elas” tomou em outras cidades pelas quais já passou. No DF, a “Caravana” aconteceu pela primeira vez. “O evento já tomou uma proporção em outros estados que foi muito proveitosa aqui em Ceilândia, que é uma região mais carente. A gente sente que o que foi plantado está sendo colhido agora. Nosso papel está sendo muito bem feito, que á apoiar as pessoas. Não adianta a gente cobrar e falar que está dando suporte, tem que apoiar primeiro, pra que a empreendedora consiga alavancar seu negócio.” Adélia também lembrou que é motivo de orgulho ver nossas mães, irmãs, vizinhas e todas as mulheres do nosso entorno estarem bem.

Quem participou como espectadora do evento falou sobre a experiência. Amanda da Silva Paulino, professora de Libras, estava no “Caravana Pra Elas” porque tem vontade de abrir uma escola de Libras para atender a comunidade de Ceilândia. “Sempre tive vontade de empreender e ter uma educação mais voltada para o empreendedorismo. Foi muito importante o Sebrae ter vindo até aqui, para expandir a cabeça e a consciência sobre esse tema, e para mostrar que temos opções”.

Margarida Bueno, também moradora da Ceilândia, foi ao evento para também aproveitar os serviços de beleza disponibilizados. Ela escolheu um corte de cabelo e deu a dica: “Vou sair daqui bonitona. Todas as mulheres têm que vir aqui e participar do projeto”.

Valdir Oliveira, Diretor Superintendente do Sebrae no DF, destacou que são os sonhos que movem as empreendedoras. “Nesses dias em que a esperança volta a bater à porta do brasiliense, fazer um reconhecimento às nossas empreendedoras é a certeza de que o sonho de um negócio próprio ou de uma formação profissional pode se transformar em realidade. É só assim que construiremos a Brasília empreendedora idealizada por Juscelino Kubitscheck”.

O projeto “Caravana pra Elas” é uma das ações do “Programa Brasil pra Elas” do Governo Federal, liderado pelo Ministério da Economia, e realizado pelo SEBRAE, em parceria com outros órgãos e com governos estadual e municipal.

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