Evento consolidado como momento de encontro de desenvolvedores, profissionais e entusiastas do setor de jogos digitais, o Bring Talk, promovido pela Associação de Desenvolvedores de Jogos Eletrônicos do Distrito Federal (Abring) mensalmente. Esta edição especial foi realizada na última terça-feira, 21 de outubro, no Sebraelab. A iniciativa foi organizada em parceria com o Sebrae no DF e teve como objetivo aproximar os profissionais de games ao Parque Tecnológico de Brasília (BioTIC), bem como incentivar a criação de conexões, novas oportunidades e promover a interação entre agentes de tecnologia e economia criativa.
Para cada edição do evento, a Abring elabora uma programação diferenciada, apresentando trajetórias, desafios e conquistas dos participantes, fortalecendo o ecossistema local e estimulando a inovação. Entretanto, na avaliação do presidente da associação, Igor Rachid, a realização de uma edição no Sebraelab é um momento fundamental para fazer parte do amadurecimento do ecossistema de games na região do DF.

“Promover o Bring Talk aqui no Sebraelab é uma atitude que reforça ainda mais a parceria que estamos construindo com o Sebrae neste ano. É uma oportunidade de mostrar para quem não conhece o que é feito nesse ambiente, as possibilidades que estão presentes aqui e em todo o parque tecnológico e por outros empreendedores da nossa capital. Juntar o ecossistema de desenvolvimento de games com esse ambiente de empreendedorismo e estimulando negócios é um match muito perfeito”, afirmou Igor.
Um dos pioneiros da área de desenvolvimento de jogos no DF, o atual diretor de comunicação da Abring, Hugo Vaz, também comentou sobre a relevância do momento ocorrido no Sebraelab.
O dirigente recordou que há pouco mais de 15 anos, mais precisamente em 2009, o cenário pressente no DF era totalmente diferente. “Havia um grupo pequeno de desenvolvedores de jogos, algumas iniciativas, poucas empresas focadas e uma tímida presença de produtores independentes que criavam e corriam atrás de fazer os próprios jogos”, relembrou.
Com a popularização dos smartphones, a criação das lojas de aplicativos e o avanço de tecnologias, Hugo viu a população de desenvolvedores aumentar, bem como a comercialização de jogos diversos. Mesmo assim, para ele, a parceria com o Sebrae é fundamental neste momento, visando a formalização, a capacitação de indivíduos e o amadurecimento da cadeia produtiva de jogos no Distrito Federal.
“Hoje há uma grande parcela de produtores independentes e também de empresas especializadas em games no DF. São pessoas que estão vivendo desse ramo, sendo que algumas contam com investimentos expressivos, mas há aqueles que precisam, e muito, de apoio para poder avançar, se adequar às normas brasileiras e, assim, evidenciar que os games produzidos aqui no DF podem ser cada vez mais atrativos para pessoas mundo afora”, analisou.

A programação do evento foi iniciada com uma apresentação detalhada sobre a estrutura do Sebraelab e os diversos espaços do parque tecnológico, pela BioTIC. Em seguida, o palco foi tomado por desenvolvedores de games, que compartilharam suas experiências e conhecimentos em painéis temáticos, refletindo a amplitude do universo dos jogos, desde aspectos técnicos até a gestão de projetos e o desenvolvimento de carreiras.
Produtor musical e fundador da Brasbravel Studio, empresa focada no desenvolvimento de projetos de áudio interativo e na mescla de instrumentos orquestrais gravados em estúdio com sintetizadores digitais, Arlam Junior falou sobre middlewares de áudio, explicando como otimizar a construção da trilha sonora dos jogos, um painel focado na importância do som na imersão do jogador. Na sequência, Júlia Pascual, arquiteta, urbanista, gerente de projetos e atual produtora da equipe Lobo Guaraná, ofereceu dicas sobre como se organizar para fazer um jogo e enlouquecer com calma, abordando a gestão de projetos de forma prática.
O terceiro tema foi conduzido por Alexandre Canut, designer com 30 anos de experiência em design gráfico e de produto, especialista em shape design e fundador da startup EducartGames — voltada à criação de jogos transmidiáticos que unem tecnologia, criatividade e sustentabilidade. Ele trouxe a perspectiva de como superar desafios para montar uma equipe forte e comprometida. Em seguida, foi a vez de Alisson Domingos diretor de animação, idealizador do Animado Academy e do Animado Studio detalhar os processos envolvidos na adaptação de jogos para séries e filmes, um tema relevante para a expansão das marcas de jogos.

A realização do evento contou, ainda, com um momento muito importante de sensibilização para abordar a formalização de empresas, conduzido por Kátia Magalhães, analista da Gerência de Atendimento Personalizado do Sebrae no DF. Ela apresentou informações de forma clara e prática, adaptando a linguagem para o público presente. Esse equilíbrio entre o conteúdo técnico das palestras e a abordagem acessível sobre gestão empresarial criou um ambiente de aprendizado completo, conectando inovação, gestão e a realidade dos negócios locais, o que é fundamental para o contínuo amadurecimento do setor de desenvolvimento de jogos no Distrito Federal.
Para encerrar a noite de programação, o painel “Fazendo Jogos no Brasil: Desafios Locais, Conexões Globais” reuniu membros da Glitch Factory. Igor Rachid, presidente da Abring e cofundador da empresa, acompanhado de Otávio Soato, fundador e diretor de tecnologia da marca, Williane Oliveira, produtora e assessora jurídica, e Vitor Dias, game designer, debateram os desafios e as oportunidades para os desenvolvedores brasileiros no cenário global.
Profissional com vasta experiência no desenvolvimento de jogos digitais e CEO da Uruca Game Studio, Philippe Lepletier, elogiou a edição especial do Bring Talk no Sebraelab. “Gostei muito da forma como foi organizada a programação de hoje, bem focada no mercado de jogos, um tema que todo desenvolvedor tem interesse”, comentou.
Philippe também destacou a estrutura que o Sebraelab oferece para a realização de eventos, dinâmicas de networking e manifestou interesse em participar de eventos do Sebrae focados em marketing. “Preenchi a pesquisa de satisfação com os temas que considero mais necessários para quem desenvolve jogos. Uma das palestras que gostaria de acompanhar é sobre marketing voltado para o nosso setor. É justamente um tema que percebo como uma parte frágil e que é essencial para a jornada do empreendedor na área de games”, acrescentou.
Além da capacitação em marketing, Philippe ressaltou a formalização como um desafio significativo para os desenvolvedores independentes. Ele destacou a dificuldade em encontrar um código adequado na Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) que contemple a especificidade da indústria de jogos, bem como a necessidade de suporte para estratégias de formalização e adequação fiscal, visando facilitar a atuação legal e tributária das empresas do setor.
“Esta edição do Bring Talk, realizada como parte integrante do rol de atividades do Projeto Setorial TIC/GAMES, foi uma oportunidade incrível para aproximar os desenvolvedores de games no Sebraelab. Muitos participantes que ainda não conheciam o parque tecnológico ficaram fascinados com o espaço e com as oportunidades aqui geradas”, observou a gestora do projeto, Cláudia Bonifácio.

“Ao promover um diálogo acessível e alinhado com os desafios reais enfrentados pelos empreendedores, conseguimos criar um ambiente de troca genuína e aprendizado prático. Essa conexão entre inovação, gestão e vivência empresarial foi essencial para fortalecer o setor de games no DF e gerar conexões importantes para o Projeto Sebrae Conecta Games, ação que desenvolveremos em 2026”, complementou ela.
O chefe de gabinete da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação do DF (Secti/DF), Leandro Reis, prestigiou a realização do evento no Sebraelab e destacou a importância do papel da pasta em fomentar o mercado tecnológico, que tem crescido exponencialmente nos últimos anos. Reis também enfatizou o compromisso da secretaria em apoiar projetos que não apenas se consolidem regionalmente e nacionalmente, mas que também alcancem o mercado internacional, exportando ideias transformadas em produtos.

