Pela primeira vez em sua história, o Centro Educacional Inteligência Universal (CEIU), que há nove anos está situado nas imediações do Setor de Indústrias de Taguatinga, realizou uma feira de empreendedorismo. O evento, que integrou a metodologia do Programa Jovens Empreendedores Primeiros Passos (JEPP), mobilizou a comunidade escolar. A feira contou com a participação dos 175 estudantes da instituição, distribuídos em 13 turmas da educação infantil e do ensino fundamental, e contou com o apoio do Sebrae no Distrito Federal.
A ideia para a implementação do programa partiu da gestora responsável pela unidade escolar, Nilcélia Avelar. Em sua trajetória como educadora, ela conheceu de perto os resultados do programa em outra instituição onde trabalhou. Com a oportunidade de assumir a gestão do CEIU, ela celeremente procurou o apoio do Sebrae para conseguir aumentar o impacto da educação empreendedores na rotina dos estudantes da unidade.

Para isso, assim como em outras unidades de educação, ela apresentou o JEPP e os professores realizaram as formações na plataforma online do Sebrae sobre a metodologia do programa, para que pudessem atuar como multiplicadores, transmitindo, em salas de aula, o conhecimento adquirido. Com isso, os estudantes puderam desenvolver habilidades empreendedoras essenciais, como a elaboração de planos de negócios, a realização de pesquisas de mercado, a gestão financeira e o atendimento ao cliente.
“Não tinha dúvidas de que a parceria com o Sebrae seria muito significativa para a nossa instituição. É uma colaboração que vai além do pedagógico, que acrescenta conhecimentos e habilidades que vão impactar na vida pessoal e, futuramente, na trajetória profissional dos nossos estudantes”, afirmou a gestora.
“Iniciamos as conversas com os consultores, seguimos com os trabalhos e com muito profissionalismo e entusiasmo, deu tudo certo. Até superou as nossas expectativas. Imaginava reunir um público de até 150 pessoas, sem contar o estudantes. Mas veio muito mais gente”, acrescentou a gestora
Toda a estrutura da escola foi usada para a realização da feira. Logo ao entrar, o público se deparava com um espaço recreativo pensado por estudantes da turma do 9º ano do Ensino Fundamental. As estudantes Maria Gabriela Lacerda e Brenda Luísa Lucena recepcionavam o público e explicavam a dinâmica de acesso aos brinquedos. “O pula-pula pode ser usado por pessoas menores. Já a guerra com o cotonete para pessoas maiores, adolescentes como a gente”, dizia Maria Gabriela.
Para dar forma ao espaço, as estudantes, juntamente com outros colegas de classe, realizaram pesquisas detalhadas, verificando preços de aluguel de equipamentos e debatendo as opções mais atrativas. Para a arrecadação de fundos, os alunos implementaram a venda de doces. Além disso, contaram com a colaboração da comunidade, com pais e professores contribuindo com doações para cobrir os custos de montagem e funcionamento do espaço.
“Fizemos contato com vários lugares para negociar o valor dos brinquedos infláveis que queríamos alugar. Alguns estavam com o preço bem alto. Fechamos a um preço bom. Pagamos e vai dar para ter lucro com essa nossa ação também”, acrescentou Brena Luísa.
As estudantes exploraram novas perspectivas para o futuro durante as atividades do JEPP. Maria Gabriela considera a medicina veterinária, enquanto Brenda avalia opções na área da saúde. Ambas concordam sobre a importância estratégica de ter o próprio negócio em suas futuras profissões.
“Depois dessa experiência, penso que ter a minha própria empresa é algo que facilitará o meu dia a dia”, observou Maria Gabriela.

“Foi bem interessante todo esse envolvimento com o universo empresarial. É uma área que atrai, mas que precisa de muita sabedoria para saber tomar as decisões e agir com sucesso”, complementou Brenda.
As estudantes, juntamente com os demais colegas de turma, foram orientadas por um time de professores, que incluía Darlene Rocha, responsável pelas disciplinas de português e espanhol. A educadora enfatizou a importância de os alunos desenvolverem uma compreensão sobre investimento e retorno financeiro. Segundo ela, “os estudantes adquiriram a visão de que é preciso investir tempo e esforço, e analisar o retorno esperado, o que vai sobrar e o que não vai sobrar”.
Darlene contou, ainda, que a empolgação da turma do 9º ano foi significativa e detalhou que os debates com os estudantes durante o processo de desenvolvimento do projeto incluíram a ideia de criar materiais visuais, como crachás e um logotipo moderno. “Criamos crachás e credenciais, um elemento importante para identificação em qualquer empresa, garantindo que quem estivesse trabalhando fosse facilmente reconhecido. A marca foi totalmente criada por eles no Canva e também a montagem do nosso banner artístico. Utilizamos materiais que fui acumulando de outras instituições onde trabalho, aproveitando sobras para dar vida às ideias dos alunos”, detalhou.
Em meio à estrutura montada para a realização da feira, também estava a ideia que envolveu estudantes do 7º ano. Sob a orientação do professor Ítalo Armond, que ministra aulas de Ciências no CEIU, eles deram forma ao projeto Robótica Empreendedora Sustentável, que surgiu da necessidade de alinhar a temática da sustentabilidade, já abordada pela escola, com o empreendedorismo. A equipe buscou reutilizar materiais que teriam como destino a lata de lixo para produzir itens como robôs feitos de papelão, trenzinhos elaborados a partir de latas de cerveja e chaveiros voltados à temática de robótica e confeccionados em madeira de reuso. Também foram produzidos e comercializados alimentos, como brownies e balas de gelatina, com o objetivo de oferecer produtos com menor teor calórico e mais saudáveis.

Ciente de que encontraria desafios impostos por limitações tecnológicas, Ítalo direcionou a atuação dos estudantes para uma abordagem manual. “Sem o acesso a computadores para programação, tivemos que pensar em como poderíamos abordar a robótica de forma prática. Isso nos levou à ideia de produzir materiais e até mesmo alimentos que pudessem integrar os conceitos de robótica e empreendedorismo”, esclareceu o educador
Apesar dos obstáculos, Ítalo observou a superação dos estudantes. A pesquisa foi realizada com vídeos e o acervo da biblioteca, o que levou os alunos a questionarem conceitos de robótica, a compreenderem a relevância do aprendizado e a explorarem a produção de soluções. O professor também destacou o uso da ferramenta Canva, que permitiu aos alunos a criação da marca do projeto e a aplicação de conceitos de design e marketing.
“Houve um envolvimento grande por parte dos estudantes. Sempre que apresentávamos uma ideia, eles a acolhiam, percebendo que poderiam realizar partes do trabalho tanto em casa quanto na escola. Dividimos as equipes para que cada uma fizesse uma parte e trabalhamos juntos. Foi notável a forma como eles estiveram engajados em cada etapa do projeto”, pontuou o educador.
Um dos estudantes envolvidos na realização do projeto realizado pelo 7º ano foi Lucas Brito. Ele estuda no CEIU desde o começo deste ano e reside em um condomínio nas proximidades da unidade escolar, local em que costuma jogar e aprofundar conhecimento em games e tecnologia.

O estudante descreveu sua participação durante o projeto como fundamental para expandir perspectivas. Além disso, ele relata que assumiu um papel de mediador, buscando incessantemente o diálogo com os colegas de classe e colaborando na fabricação dos produtos apresentados na feira promovida na unidade escolar. Dentre os desafios, Lucas mencionou a construção do trem de lata como a atividade mais complexa. “Acredito que a construção do trenzinho foi a etapa mais difícil. Mas foi bom a gente conferir o resultado. De certa forma, ajudamos a proteger o meio ambiente e o nosso planeta”, relatou.
A dedicação de Lucas no projeto também reverberou além da sala de aula, sendo notada por seus pais. Jader Sousa, pai do estudante, comentou que sempre viu o filho interessado por assuntos relacionados à robótica e que não poupou esforços para estimular o envolvimento do filho. “O incentivo é algo que conta muito. Fiquei muito feliz, porque realmente se envolveu, gostou da proposta do projeto e fiquei satisfeito por ele ter tido destaque e ter participado bastante de tudo”, avaliou.
Jader também falou sobre a iniciativa da escola em apresentar o empreendedorismo com o apoio do Sebrae no DF. “Ações como essa são super validas. Acredito que se o Lucas quiser ser um empreendedor, vai ser bem-sucedido porque ele gosta, se empenha. E vejo essas características em empreendedores de sucesso. Ele sempre terá o meu incentivo e do restante da família”, completou o pai do estudante.
-

