A Feira da Torre de TV, um dos pontos turísticos mais tradicionais de Brasília, agora abriga a Loja Colaborativa Cerrado Feminino, um espaço dedicado ao empreendedorismo feminino e à economia criativa do Distrito Federal. A loja, inaugurada no último sábado, 14 de junho, como resultado de uma parceria entre a Secretaria de Estado da Mulher, o Sebrae no DF e o Instituto BRB, e funcionará aos sábados e domingos, das 9h às 17h, nos boxes 95 e 96 do Bloco C.
A iniciativa tem como objetivo oferecer visibilidade, oportunidade e geração de renda para mulheres artesãs e manualistas. Na primeira etapa, 80 mulheres foram selecionadas por meio de chamamento público. Dessas, 20 estão atuando na loja neste ciclo inicial. A cada trimestre, um novo grupo assumirá os boxes, levando ao público produtos que refletem a cultura do Cerrado e a identidade brasiliense, como bordados, cerâmicas, peças em macramê, roupas, bolsas e itens de decoração.
Durante a cerimônia de abertura, a vice-governadora do DF, Celina Leão, destacou o impacto do projeto e a atuação do Sebrae no DF na execução. “Ao fortalecer a economia criativa, fortalecemos o Distrito Federal. Estar aqui, na Feira da Torre, tem um significado muito forte e o Sebrae no DF tem se dedicado a realizar uma curadoria, que consegue extrair o melhor de cada uma das artesãs, garantindo que tenhamos produtos de altíssima qualidade. Esse espaço é, acima de tudo, um local de negócios, de empreendedorismo, de geração de renda, mas também — e principalmente — de acolhimento e fortalecimento das mulheres”, afirmou.

Já a diretora-superintendente do Sebrae no DF, Rose Rainha, celebrou a entrega do espaço como um ambiente que vai muito além de um ponto de venda. “Essa loja representa propósito de vida para as empreendedoras que estão aqui e também oferece à cidade produtos com qualidade e significado. É uma loja voltada para o público feminino, mas que valoriza igualmente homens e mulheres em todas as etapas desse projeto’’, ponderou.

O espaço conta com apoio também do Instituto BRB, que financiou a reforma do espaço. Segundo Karina Bruxel, diretora social do Instituto, é uma honra realizar a entrega da loja. ‘‘Foi um trabalho conjunto, com muitas mãos envolvidas, em um tempo longo, e sei que isso fará muito bem às nossas artesãs. Um sonho sonhado junto é diferente — e, principalmente, sonhado por tantas mulheres. Tudo o que mulheres colocam a mão, brilha. Esse é só o começo de uma parceria que vamos estender por muitos anos, e que todos façam bom uso desse espaço, pois os produtos realmente representam quem a gente é’’, declarou.
Ainda na cerimônia de abertura, a secretária de Estado da Mulher, Giselle Ferreira, reforçou que a loja é também uma estratégia de enfrentamento à violência contra a mulher, por meio da geração de autonomia financeira.
“Esse espaço surge para gerar oportunidade, renda e autonomia financeira para mulheres que têm talento, que sabem produzir, mas não tinham onde vender. E, quando a mulher tem sua própria renda, ela conquista também liberdade e não aceita viver em situação de violência. Mais do que um ponto de venda, essa loja é uma ferramenta de transformação social, que promove dignidade, fortalecimento e inclusão”, observou.
Curadoria e funcionamento
A etapa de curadoria garantiu que o espaço refletisse a cultura do Cerrado e a identidade do DF. Pollyanna Olifer, consultora credenciada ao Sebrae no DF responsável pela curadoria, explicou que cada detalhe foi pensado para representar essa identidade. “Buscamos trazer referências da fauna, da flora e também da arquitetura de Brasília e das regiões administrativas. Tudo foi pensado para que a loja representasse verdadeiramente o Cerrado e nossa cultura’’, comentou.
Além dos critérios estéticos e de qualidade dos produtos, o projeto prevê capacitações em gestão, ofertadas pelo Sebrae. “O objetivo não é só prepará-las para esse espaço, mas para o mercado. Queremos que elas estejam prontas para ocupar outros ambientes, feiras e até estruturar seus próprios negócios de maneira profissional”, explicaram Mônica Teixeira e Tiago Gammaro, analistas da Assessoria de Políticas Públicas e Ecossistemas de Negócios do Sebrae no DF e gestores da iniciativa.

Eles ainda ressaltam que quem não foi selecionada na primeira etapa não está fora do projeto. “Essas mulheres vão passar por capacitações técnicas e, depois, por uma nova curadoria. A ideia é prepará-las para que possam, em breve, também ocupar esse espaço”, detalhou Tiago.
“O modelo da loja colaborativa prevê três ciclos de seleção. O primeiro já aconteceu, com as 20 que estavam prontas para colocar os produtos direto na loja. As demais terão esse tempo de aperfeiçoamento, para refinar seus produtos e alcançar o padrão de qualidade que queremos aqui’’, complementou Mônica.

Sobre o funcionamento, Tiago detalhou que a loja é gerida de forma colaborativa. “As artesãs vão se revezar no atendimento. A loja abre aos sábados e domingos, e sempre terão, no mínimo, duas mulheres responsáveis pelo espaço, atuando como vendedoras”, acrescentou.
Mônica salientou, ainda, que o controle das vendas é feito por meio de um sistema específico para esse modelo. “Se uma vender o produto de outra, isso já está sistematizado. Temos um aplicativo de gestão que permite esse controle. Ao final, cada uma recebe certinho o valor correspondente às suas vendas”, concluiu.
Quem vende
Entre as empreendedoras selecionadas está Priscilla Cutrim, 38 anos, da área rural de Tabatinga, em Planaltina, que trabalha com costura criativa.
“Eu trabalho com bolsas e utilidades femininas em tecido 100% algodão, com estampas coloridas e tecido digital, que dão uma qualidade sem igual. Estou muito feliz de estar aqui e ter um espaço para expor meus produtos, principalmente na feira da torre, local em que passam tantos brasilienses e também turistas de todo o Brasil”, celebrou.
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