O Distrito Federal iniciou o mês de junho conhecendo o vencedor da edição 2025 do Comida di Buteco. O concurso, que conta com o apoio do Sebrae no DF e já é um marco no calendário local, não apenas agitou o cenário boêmio e gastronômico da capital federal ao longo do mês de abril, mas também movimentou toda a cadeia produtiva de bares e restaurantes, um segmento com alta representatividade de pequenos negócios. O Bem Amigos Bar, localizado no Riacho Fundo I, conquistou o primeiro lugar geral do concurso, que neste ano chegou a 10ª edição realizada no DF.
O estabelecimento garantiu o primeiro lugar com o petisco Escondidinho Mineiro. A premiada receita consiste em quadradinhos de polenta recheados com ossobuco e queijo muçarela, empanados em farinha panko para uma crocância perfeita. O prato é servido com acompanhamentos que complementam os sabores: chips de jiló, ovos de codorna, uma geleia de goiabada e uma dose de autêntica cachaça mineira. O petisco, que teve o preço de R$ 35 durante o concurso – o mesmo de todos os participantes – continuará no cardápio do bar, segundo os irmãos proprietários.

A trajetória do Bem Amigos Bar e a do Comida di Buteco em Brasília estão entrelaçadas. O bar, fundado em 2015 no Riacho Fundo I, surgiu no mesmo ano em que o concurso gastronômico iniciava sua história na capital federal.
Éder do Nascimento, um dos proprietários, revela que a ideia de abrir o negócio começou a se concretizar após sua saída da carreira militar, impulsionada pelo desejo de ter algo próprio. Dez anos depois, o Bem Amigos não apenas se consolidou na cena boêmia de Brasília, mas também se tornou um recordista no Comida di Buteco, acumulando quatro vitórias em cinco participações. “Não Há uma receita perfeita. Essa premiação é resultado do esforço em oferecer excelência no atendimento, na qualidade da comida e na experiência geral do cliente”, comentou.
Os preparativos para a edição deste ano do concurso não foram fáceis. Os proprietários precisaram fazer uma reforma essencial na cozinha, visando adequação e melhorias como o controle de fumaça e gordura. O prazo inicial, no entanto, foi estendido e ameaçou a participação na edição anual do concurso. Contudo, a perseverança falou mais alto, e a obra foi finalizada a tempo.
Desde o início, o Bem Amigos contou com o fundamental apoio do Sebrae no Distrito Federal. Éder, jovem empreendedor aos 23 anos, buscou no Sebrae o suporte necessário em gestão e qualificação, inclusive levando a equipe para cursos de gastronomia. “Sempre apoiou a gente”, afirmou.

Com a vitória na etapa regional, o estabelecimento garantiu seu lugar na disputa nacional do Comida di Buteco. O bar representará o Distrito Federal na etapa que acontece em 1º de julho, em São Paulo, competindo com bares de outros 26 circuitos do país.
O segundo lugar do concurso ficou com o Quiosque Tardezinha, de Taguatinga Norte. Idealizado por Leonardo Corrêa e sua esposa, Jakellyne Maria, o estabelecimento nasceu com um propósito claro: viabilizar a formação da filha em Medicina. Mas o que começou por necessidade transformou-se em paixão. O cardápio e o serviço foram aprimorados ao longo do tempo, atendendo aos pedidos e sugestões dos clientes. Atualmente, o bar opera há um ano e meio.
O estabelecimento conquistou a segunda posição com o petisco Bolinho danado di bom, que foi criado em memória da mãe de Leonardo, que gostava de peixe e faleceu há um ano. A receita contém vatapá recheado com catupiry, leva moqueca de peixe e camarão em sua composição e é servida com um vinagrete à base de molho de dendê com pimenta.

A conquista da segunda colocação representa um reconhecimento significativo para o estabelecimento. “Trabalhar no comércio para mim é algo muito gratificante. Gosto muito e faço tudo com muita dedicação. Receber esse prêmio é uma gratificação por tudo o que fizemos nesse período”, pontuou Leonardo.
A terceira posição no Comida di Buteco ficou com o Aflora Gastrobar, localizado na Asa Norte. O petisco que garantiu o pódio ao estabelecimento foi o Cachorro Caramelo, descrito como um bolinho de feijão-fradinho recheado com cogumelo. O prato é servido com creme de avocado, vinagrete e um molho de pimenta com dendê. Completando a lista dos mais bem colocados, aparecem o Churrasquinho do Dimi, de Sobradinho, e a Embaixada do Piauí, da Asa Sul. O bar de sobradinho competiu com o petisco Surpresa Di Buteco. A receita consiste em um polpetone de rabada desfiada, empanado para garantir a crocância. É acompanhado por maionese de alho, geleia de pimenta e crisp de couve. Já a aposta do empreendimento da Asa Norte foi o Trio Piauí, prato composto por mandioca cozida, carne de sol acebolada, quiabo frito e cheiro-verde.

O chefe da Gerência de Negócios em Rede do Sebrae no DF, Carlos Cardoso, acompanhou a cerimônia de premiação e falou sobre o significado do Comida di Buteco. Ele destacou que o evento vai além da competição, sendo uma celebração da cultura dos botecos e da paixão pela culinária, um ponto de encontro para pessoas de diversas origens e, principalmente, uma vitrine para os pequenos bares e restaurantes de Brasília.
Cardoso reforçou a importância do perfil familiar na gestão desses estabelecimentos. Para o Sebrae, esse aspecto é fundamental por valorizar a tradição dos negócios de família e incentivar a sucessão, garantindo a continuidade das atividades para as futuras gerações. “Isso favorece também que existe uma sucessão familiar. Dentro dos negócios, possibilita que o empreendimento possa estar cada vez mais inovando em pratos, na melhoria do atendimento, na qualidade, sempre buscando a excelência. O Comida di Buteco é isso, é a celebração do boteco na sua essência, mas com qualidade, com gestão, com pratos diferenciados, com bom atendimento”, observou.
Quem também esteve presente na entrega das premiações foi Letícia Garcia, gestora dos projetos de gastronomia do Sebrae no DF. Ela explicou que o apoio ao concurso foi diferenciado neste ano. Como novidade, houve um patrocínio do Sebrae Nacional, mas o Sebrae no DF continuou atuando próximo aos bares participantes. “Esse suporte direto teve como objetivo agregar valor à criatividade dos empreendedores, fortalecer a conexão deles com o público de Brasília e estimular o amadurecimento dos estabelecimentos, que são, em grande parte, pequenos negócios de base familiar”, acrescentou a gestora.
A importância dos pequenos negócios no setor foi reforçada nas palavras de Eulália Araújo, cofundadora do concurso. Ela destacou a evolução da marca Comida di Buteco ao longo dos anos, observando uma mudança na forma como esses estabelecimentos são vistos e valorizados. Segundo Eulália, a palavra “boteco” adquiriu um novo grau de prestígio, funcionando como espaços de convívio democrático, onde as pessoas se encontram para compartilhar alegria e solidariedade.
“São 25 anos de marca Comida di Buteco no Brasil, 10 anos aqui no DF. São anos de histórias contadas com muita alegria e de muita transformação. Não só de vidas, de pequenos negócios, mas de toda uma cadeia produtiva”, assegurou.
O ranking dos vencedores do Comida di Buteco foi estabelecido por uma comissão de jurados e pelo público. A avaliação considerou o petisco (70% da nota), atendimento, temperatura das bebidas e higiene (10% cada um). O peso final das notas foi dividido igualmente: 50% para o voto do público e 50% para a avaliação dos jurados.