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Na tarde da última terça-feira, 9 de setembro, a Casa da Mulher Brasileira de Ceilândia recebeu o primeiro encontro da nova trilha de capacitação do Programa Empreenda Mulher. Desenvolvido pelo Sebrae no Distrito Federal em parceria com os CRAS, CREAS e a Secretaria da Mulher, o projeto busca promover o empreendedorismo como alternativa de geração de renda, autonomia financeira e ruptura do ciclo de dependência econômica de mulheres em situação de vulnerabilidade.
A trilha prevê seis encontros presenciais, sempre às terças-feiras, que combinam palestras e oficinas práticas. Os módulos foram pensados para abranger desde aspectos técnicos, como gestão financeira, precificação, marketing e boas práticas na manipulação de alimentos, até dimensões comportamentais, com foco no fortalecimento da autoestima e da postura empreendedora. Em 2024, a iniciativa já havia alcançado 64 mulheres diretamente e impactado mais de 270 pessoas de forma direta e indireta. Diante da boa receptividade, a Secretaria da Mulher solicitou a continuidade do programa em 2025, que já conta com mais de 60 inscritas que iniciaram a capacitação.
O primeiro encontro abordou temas como empreendedorismo feminino e inovação para melhorar as vendas, além de reflexões sobre o desenvolvimento pessoal e a independência financeira. As participantes discutiram características essenciais para empreender, modalidades de negócio e formas de aumentar o lucro, como a redução de custos e a criação de novos modelos de vendas. Também conheceram dados que reforçam a importância da pauta. No Brasil, 46% dos novos empreendedores já são mulheres. Na palestra de inovação para melhorar vendas, foram apresentadas soluções ligadas a marketing, negócios digitais e e-commerce, destacando que a taxa de inovação no país ultrapassa 70%.
A diretora de autonomia econômica da Secretaria da Mulher do Governo do Distrito Federal, Letícia Campos, ressaltou que a iniciativa é resultado de um acordo de cooperação com o Sebrae no DF. Segundo ela, a instituição entra justamente no momento de transformação do conhecimento em prática. “Nós fazemos o chamamento, abrimos o link de inscrição e divulgamos para as mulheres que já passaram por algum curso da Secretaria ou que estão empreendendo. Aqui elas aprendem a precificar seus serviços, a vender, a trabalhar o marketing e a divulgar seus produtos. É um curso pensado para transformar conhecimento técnico em prática empreendedora”, explicou.
Letícia também destacou a prioridade em atender mulheres em situação mais delicada. “A Secretaria da Mulher tem dois públicos-alvo prioritários: as mulheres em situação de violência e aquelas em vulnerabilidade. Nosso objetivo é garantir que tenham acesso a oportunidades reais de autonomia econômica e superação”, disse.
Entre as participantes, muitas histórias refletem a realidade do público atendido. Paula Cristina Alves, de 48 anos, contou que o apoio do Sebrae foi decisivo em sua trajetória empreendedora. Após perder o emprego em 2015, decidiu se dedicar ao setor de moda, mas enfrentou dificuldades durante a pandemia. “Foi quando conheci melhor o Sebrae, que me apoiou desde a formalização como MEI até a criação da identidade visual da minha marca. Eu costumo dizer que o Sebrae é como um pai. Ele acolhe a gente com muito cuidado e nos guia nos detalhes”, relatou. Agora, Paula se prepara para migrar para o ramo da alimentação saudável e vê na trilha do Empreenda Mulher a oportunidade de se reinventar.
Já Lívia Gomes, de 21 anos, busca iniciar sua primeira experiência como empreendedora. Ela trabalha como supervisora em uma drogaria, mas sonha em abrir um negócio próprio na área de estética. “Uma amiga me presenteou com um curso de Lash Designer e comecei a pensar em transformar isso em um negócio. Quero fazer tudo do jeito certo, e por isso esse curso do Sebrae veio na hora certa. O conhecimento que vou adquirir aqui vai me dar a segurança que preciso para abrir meu espaço e realizar esse sonho”.
Como instituição responsável pelo projeto, o Sebrae no DF reforça que a atuação vai além da oferta de conteúdo técnico, buscando transformar a forma como essas mulheres se posicionam no mercado. Para Rafaela Ferreira, analista do Sebrae no DF responsável pelo programa, o Empreenda Mulher tem papel essencial na construção de novas perspectivas. “Nosso trabalho é oferecer ferramentas que sejam realmente aplicáveis ao dia a dia. Mais do que falar de gestão, vendas ou finanças, queremos que essas mulheres reconheçam em si mesmas a capacidade de empreender e transformar suas realidades. Não abro mão de um programa humanizado, com escuta atenta e cuidadosa, para que elas internalizem que estamos juntas nessa jornada. O Sebrae acredita que apoiar o protagonismo feminino é um passo fundamental para ampliar a geração de renda e fortalecer o tecido social do Distrito Federal”, conclui.
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