O SebraeLab foi palco de mais uma edição do LabDay, evento que promove a conexão entre empreendedores da capital federal e a geração de negócios, realizado nesta terça-feira (28). Dessa vez, o tema foi Artesanato. Em um momento que a tecnologia está cada vez mais presente em nosso dia a dia, o Sebrae no DF promoveu uma tarde recheada de atividades para mostrar aos artesãos da capital federal como potencializar o artesanato com o uso da tecnologia.
Quem não participou, perdeu a oportunidade de aprender sobre as conexões entre a transformação e a fabricação digital com o universo do artesanato. Além disso, também aprenderam como é possível preservar a cultura e a tradição, utilizando a tecnologia para melhorar processos e recriar caminhos.
Na abertura do evento, a diretora técnica do Sebrae no DF, Dinah Ferraz, resumiu bem: “Os artesãos são gênios criativos que transformam coisas simples em algo extraordinário”. A diretora defendeu mais visibilidade ao trabalho de quem produz a arte e lembrou de famílias que tiram o próprio sustento por meio dela. “Arte não para. Arte flui. Arte é sentimento. Vamos divulgar a inovação na cultura popular para que o artesanato cresça, se desenvolva e seja mais divulgado e conhecido”, concluiu.
O público passou por uma capacitação promovida pelo Sebrae no DF e saiu de lá com várias ideias. Além disso, ouviu uma palestra e um talk show com o CEO da Bora Moer e do FAB LAB Recife, Edgar Andrade, e com a consultora Ana Beatriz Eloy Ellery. Os ensinamentos foram tantos que a plateia fez questão de interagir, fazer perguntas e levar questões pertinentes aos artesãos em meio ao processo tecnológico.
Edgar Andrade trouxe muitas informações e exemplos do cotidiano. Lembrou aos artesãos que o objetivo não é descartar a tecnologia, mas usá-la a seu favor. Vê-la como uma ferramenta de difusão e de comunicação, mas jamais substituir a essência do artesanato. O CEO da Bora Moer afirmou que é possível manter a tradição do artesanato na era digital, mas sempre lembrando que a tecnologia agrega e não substitui. “Cada falha de uma peça de artesanato faz parte dela e a torna única. Quando trazemos um robô para replicar aquela peça, nós tiramos a alma daquela obra. Não é isso que queremos”, afirmou. Ele ainda concluiu dizendo que “não é perguntar se deve usar a tecnologia, mas quando, como e para que usar”.

Mas o processo não foi simples. Juliana Mota, gestora de artesanato do Sebrae no DF, lembra que este LabDay foi bastante desafiador porque, no início, parecia até contraditório unir a tecnologia ao artesanato. Além disso, muitos artesãos de Brasília têm dificuldade e dependem de outras pessoas para usar as redes sociais, por exemplo. Ela conta que, ao longo da tarde, todos foram percebendo que usar os recursos tecnológicos é algo inevitável. “Então pensamos em mostrar para os artesãos que a tecnologia não é um bicho de sete cabeças e construímos uma trilha de conhecimento que vai da criação do Instagram e como podem melhorar suas fotos e vídeos, passando por uma demonstração de como a ela pode ser uma aliada”, disse.
O LabDay contou também com a participação de 10 startups que foram ao SebraeLab para fazer essa conexão com os artesãos. Como em toda edição, eles trocaram ideias, criaram e ampliaram as redes de contato e, claro, geraram negócio. Uma das startups que estava presente é o Projeto Katendê, fundado durante a pandemia por uma comunidade do DF que se viu sem fonte de renda. Cada um já sabia fazer alguma coisa, e o que não faltava era criatividade. Foi aí que veio a ideia de criar uma feira para expor e vender os produtos de cada artesão. E mais: ser um grupo que promove a realização de feiras no DF para ampliar e garantir a participação de todos.
Thânisia Cruz é fundadora e hoje gerencia o projeto. Ela conta que a comunidade foi bem recebida pelo mercado e também pelos artesãos que buscavam por espaço. O foco do projeto é atender mulheres, mães, pessoas da periferia, pessoas LGBTQIA+ e também quem é de matriz africana, por exemplo. Mas qualquer um que faça um trabalho de manualismo e de artesanato pode participar. Thânisia hoje está realizada e tira uma lição de tudo isso: “planejamento é uma coisa muito boa, mas, às vezes, pode sair dos trilhos. Não tem problema nenhum nisso. Só precisamos reconhecer nosso conceito, nosso contexto, nossa história e fazer um novo tipo de mercado não exploratório, não violento e não agressivo”.
Após uma tarde de atividades promovidas pelo Sebrae no DF, todos são unânimes em dizer que os artesãos saíram da própria zona de conforto e, com certeza, saíram mais preparados.
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