O Sebrae no DF, em parceria com o Colégio Educriarte em Taguatinga, realizou a Feira do Empreendedorismo “Jovens Empreendedores Primeiros Passos (JEEP)”. O encontro ocorreu no último sábado (05) e, na ocasião, os estudantes do 1º ao 4° ano do ensino fundamental puderam apresentar seus projetos empreendedores e comercializar os produtos.
A feira foi o resultado da aplicação da metodologia JEPP, idealizada pelo sistema Sebrae, que tem como objetivo fomentar a cultura empreendedora por meio de técnicas de aprendizagem, considerando a autonomia do aluno para aprender, além de favorecer o desenvolvimento de atributos e atitudes necessários para a gestão da própria vida. O Sebrae propõe que os professores recebam, gratuitamente, a formação na metodologia JEPP e, assim, estimulem a criatividade, trabalho em equipe e o pensamento crítico dos seus alunos, incentivando-os a sonhar e a terem vontade de realizá-los. Tudo ocorre de forma leve e lúdica, e os estudantes aprendem brincando sobre conceitos de planejamento, objetivos, estratégias e atitudes empreendedoras.
“A intenção é despertar competências que possam ser integradas à construção de projetos de vida e ao mundo do trabalho. O programa estimula o protagonismo do estudante em diversas faixas etárias, por meio de orientação, formação aos profissionais de educação e ações aplicadas diretamente ao estudante”, explica a coordenadora de Políticas Públicas do Sebrae no DF e gestora do projeto Educação Empreendedora, Ana Emília de Andrade.
Para a proprietária da escola, Lea Cardoso, o curso deveria fazer parte de todo currículo escolar. “Quando trabalhamos com a criança, desde pequena, ensinando e incentivando a ser um empresário, em como investir, como economizar, como usar o dinheiro de forma correta, ela tem maiores possibilidades de sucesso. A resposta por meio da criação, a motivação no projeto e a evolução dos alunos foram algumas das mudanças de comportamento ao longo do curso, e os pais perceberam a importância da prática a partir da transformação dos filhos dentro de casa”, explica.
A Feira ocorreu no pátio da escola e foi dividida em turmas, com diferentes temas. O 1º ano apresentou a loja “O Mundo das Ervas Aromáticas”; o 2º ano, “Temperos Naturais”; as turmas do 3º e 4° ano, “Sabores e Cores – Food Truck”, com alimentos variados.
A professora do 1º ano e responsável pela loja de ervas aromáticas, Marcia Maria Bastos, conta que as crianças trabalharam ao longo do ano, fazendo lanches, rifas e buscando formas de conseguir abrir a loja, como jovens empreendedores. “Eles vivenciam toda essa realidade do mundo dos negócios. Com o dinheiro arrecadado, abrimos nossa loja, e todo o capital arrecadado com a Feira será usado para um grande passeio, no local escolhido por eles, com total autonomia. Eles são realmente protagonistas desse projeto e o professor é apenas um mediador.”
Ela também explicou que toda semana, por meio dos livros disponibilizados pelo Sebrae no DF, os professores estimulam as crianças na criação e desenvolvimento do projeto. “Os livros contêm histórias lúdicas e temáticas. É a partir das leituras que o aluno descobre, por exemplo, o que são ervas aromáticas e o que pode ser trabalhado com elas. É o caso do chá, água de banho, difusores de ambientes. É assim que vamos desfragmentando os temas e o resultado é essa linda Feira.”
A aluna Yasmin Brandão, 6 anos, relata que aprendeu muito com a metodologia JEPP. “A gente faz muitas aventuras, como escrever e brincar. Fizemos bonequinhos e pinturas e, por isso, acho muito legal. Eu aprendi a vender.”
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Metodologia JEPP
O curso permite práticas dentro de sala de aula, de forma vivencial, com linguagem adequada à idade e com metodologia semiaberta, o que proporciona à escola e aos professores a oportunidade e liberdade de fazer adequações do tema, de forma a contextualizar a realidade local. Também aborda temas transversais ao longo da etapa de ensino, como cultura da cooperação e da inovação, ecossustentabilidade, ética e cidadania.
Essa visão vai ao encontro dos quatro pilares da educação propostos pela Unesco, que são aprender a conhecer, isto é, adquirir os instrumentos; aprender a fazer para poder agir sobre o meio envolvente; aprender a viver juntos, a fim de participar e cooperar com os outros em todas as atividades humanas; e aprender a ser, via essencial que integra as três precedentes.
As atividades, realizadas por meio de oficinas (encontros) com os estudantes, trabalham o lado lúdico em ambientes de aprendizagem que sensibilizam os estudantes a assumirem riscos calculados, identificação de oportunidades e inovação em situações desafiadoras.
A estudante Valentina Gomes, 7 anos, do 2ª ano, e responsável pela loja de temperos, demonstra que aprendeu bastante com o curso. “Agora, eu sei como se faz um projeto de compra e vendas. Fora da escola, o curso me ajuda a ganhar dinheiro para pagar a casa da mamãe. Eu aprendi a fazer caldo de galinha, colorante, alho em pó e geleia de pimenta. Aqui, eu sei empacotar e passar troco.”
Valentina completa dizendo que o tempero custa R$3,00 e dois saem por R$5,00. “Quando a gente vende, eu ofereço dois produtos com o valor mais barato”, provoca, e alega que está utilizando uma estratégia para fazer mais uma venda para a jornalista.
Na metodologia, são abordados aspectos do mundo do trabalho, dos negócios, projetos de vida, sempre observando as reais necessidades das pessoas, por meio de temas lúdicos como montagem de loja de ervas aromáticas, loja de temperos naturais, oficina de brinquedos ecológicos, locadora de produtos, espaço gastronômico, empreendedorismo social, entre outros. Os participantes passam por etapas de planejamento para concretizar um objetivo e começam a entender as características do comportamento empreendedor. O Programa Nacional de Educação Empreendedora tem grande engajamento em todo o país e, ao longo de 18 anos de implementação da metodologia JEPP, já tivemos mais de 2 milhões de estudantes atendidos nos 26 estados e no Distrito Federal.
Para a mãe de um dos estudantes, Michelli Pinto Mesquita, o curso é interessante porque desperta na criança a noção da economia e gestão do dinheiro. “Em minha casa, o assunto mais comentado foi a Feira. Meu filho me dizia: ‘mãe, precisamos participar do projeto’. Percebo que ele se interessa em vender e, agora, está aprendendo a poupar, inclusive, com a mesada dele. Ele já introduz os ensinamentos na vida pessoal dele.”
Já Ana Cláudia Rodrigues, mãe do Moisés, 10 anos, do 4º ano, diz que o curso foi ainda mais abrangente, pois fez despertá-lo para refletir sobre uma profissão. “Ele chegou em casa e disse que gostaria de ser cientista e que deseja fazer vacinas. Então, o curso não só estimula a gestão do dinheiro, mas coloca o aluno a pensar sobre o futuro. Entendo que o incentivo dos professores é fundamental nesse processo.”
A linguagem utilizada no curso e a metodologia são acessíveis e conversam de acordo com cada ano de ensino. As crianças e adolescentes aprendem de forma lúdica e se dedicam a concluir o projeto.
A professora do 4º ano, Claudilene Olímpio, cita a empolgação dos estudantes. “Toda semana, eles perguntam ansiosos sobre o que será tratado na aula JEPP, e esse interesse também nos estimula. É realmente um projeto muito bom.”
Para a coordenadora pedagógica, Karine Moldano, por meio do projeto, os professores ficam mais familiarizados com os alunos. “Além disso, ao ensinar sobre empreendedorismo, o professor acaba levando isso para a vida dele também. Os professores recebem treinamento de quase uma semana e, assim, aplicam o conteúdo durante o ano inteiro com os alunos. A ideia é muito mais ampla, pois o objetivo é que os alunos tenham educação financeira e que este seja um curso para a vida.”
As escolas que querem ser parceiras e receber a formação dos professores na Metodologia – Jovens Empreendedores Primeiros Passos – JEPP podem fazer contato pelo 0 800 570 0800. O Sebrae oferece a formação gratuita, virtual ou presencial, dos professores, faz o acompanhamento da aplicação do JEPP aos estudantes, acompanha e apoia a realização das feiras de empreendedorismo nas escolas, momento em que culmina a aplicação, na prática, dos ensinamentos realizados dentro de sala de aula.

