A história de Nelice da Silva Teixeira, 42 anos, reflete o percurso de muitas mulheres que encontram no empreendedorismo uma saída para enfrentar a vulnerabilidade econômica. Nascida na Bahia, ela chegou a Brasília aos 13 anos para trabalhar em casa de família. Aos 19, grávida e sem emprego formal, viu na área da beleza uma possibilidade concreta de renda.
Com apenas R$ 60, começou como manicure, atendendo com materiais simples e muita disposição para aprender. Pouco tempo depois, foi contratada por um salão na Asa Norte, onde permaneceu por dez anos. “Foi um período de aprendizado técnico e amadurecimento profissional. Fiz vários cursos no Senac, me formei cabeleireira e entendi que poderia crescer na área”, conta.
Em 2005, decidiu empreender. A primeira tentativa foi uma sociedade no Gama, que não prosperou. A experiência, no entanto, foi determinante para o passo seguinte: abrir seu próprio espaço no Riacho Fundo II. A estrutura inicial era mínima: uma cadeira, um espelho e a disposição de começar de novo. “Nos primeiros dias, não atendi ninguém. Saía na rua convidando pessoas para conhecerem meu trabalho”, relembra.

A estratégia deu resultado. O boca a boca impulsionou a clientela e, aos poucos, a sala vazia se tornou um ponto de referência. Com o crescimento do fluxo, outras profissionais passaram a procurar Nelice em busca de oportunidades. A expansão veio de forma orgânica: ela passou a treinar manicures, dividir técnicas e montar uma equipe.
Atualmente, o salão conta com dez profissionais: sete manicures, dois cabeleireiros e ela própria. O modelo de operação é baseado em parceria e comissão, com porcentagens definidas por tipo de serviço, e valoriza a autonomia das colaboradoras. “Algumas começaram do zero comigo e estão há mais de seis anos no salão”, diz.
A trajetória, no entanto, não foi livre de obstáculos. No início, Nelice enfrentou dificuldades financeiras, falta de estrutura, insegurança do público e até um assalto que resultou na perda do único celular usado para contato com os clientes. “Foi um dos momentos mais difíceis, mas não cogitei desistir. Sabia que precisava insistir e continuei”.
Com apoio do marido, que foi peça importante na sustentação emocional e logística nos anos iniciais, ela manteve o projeto de pé. Em 2023, alugou um segundo espaço para ampliar o atendimento. Hoje, com a operação mais estável, ela mira em novos investimentos: quer modernizar a área das manicures, ampliar os serviços com técnicas mais atuais, como unhas em gel e fibra, e fortalecer o posicionamento do salão no mercado local.

Mas seu plano de crescimento vai além da estrutura física. “Quero continuar fazendo o que fizeram por mim quando comecei: abrir portas. Meu objetivo é contratar mais mulheres, formar uma equipe ainda maior, e seguir sendo referência em acolhimento e capacitação e sei que a partir de agora, o Sebrae será um grande parceiro nessa jornada”, pondera.
Nelice reconhece que boa parte do seu caminho foi percorrido na base da tentativa e erro. Agora, busca apoio institucional para estruturar melhor a expansão. “Quero entender como posso crescer com mais planejamento, fortalecer o negócio e melhorar ainda mais as condições de trabalho da equipe. Para mim, o sucesso de uma empresa está em ter uma equipe comprometida, que cresce junto. E eu também preciso estar disposta a crescer com minha equipe”, finaliza.
Serviço – Salão da Nelice
Contato: 61 9 8287-4889
Redes Sociais: @Nelice.coiffeur
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