Nos corredores coloridos do Centro Educacional MC, em Vicente Pires, a rotina escolar vai muito além das lições de português e matemática. Entre desenhos colados nas paredes, vasos de plantas e cheirinhos de sabonete artesanal, o aprendizado ganhou forma prática e empreendedora. Foi assim, transformando ideias em experiências, que a escola vem incentivando seus alunos a descobrirem o valor da criatividade e da cooperação.
Esse espírito ficou evidente na manhã do último sábado, 8 de novembro, quando a unidade realizou a 3ª edição da Feira do Programa Jovens Empreendedores Primeiros Passos (JEPP). O evento reuniu estudantes do Ensino Infantil ao 5º ano do Ensino Fundamental e comprovou que o empreendedorismo pode começar desde cedo.

Embora o programa tradicionalmente atenda estudantes a partir do 1º ano do ensino fundamental, o colégio ampliou a proposta desde 2024, incluindo os pequenos da Educação Infantil. Nesta edição, as turmas do Maternal e Pré-escolar encantaram as famílias com panos de prato personalizados e uma animada oficina de slime.
A diretora pedagógica Adelaide Saboia explica que inserir os pequenos no JEPP é uma forma de ampliar horizontes e despertar desde cedo o senso de iniciativa.
“Em nossa escola, os pequenos fazem atividades mais leves, com participação ativa. Já os maiores, começam a entender o valor do dinheiro, o que significa vender e o que podem fazer com o lucro que adquirem. Como temos turmas reduzidas, as professoras conseguem trabalhar com mais acolhimento cada um dos alunos. Isso faz com que o aprendizado seja ainda mais efetivo’’, ponderou a diretora.
A escola mantém na rotina um dia fixo dedicado ao empreendedorismo, com atividades conduzidas por nove professores e 58 estudantes diretamente envolvidos nos projetos.

Entre as turmas do ensino fundamental I, o 2º ano se destacou com o projeto “Horta Encantada”, orientado pela professora Celeste Ribeiro. A proposta envolveu o plantio de mudas de manjericão, conservas e temperos naturais, incluindo o limão biribiri, fruta pouco conhecida na região.
“Quis trazer uma proposta voltada para os temperos, mas com um diferencial. Trabalhamos com mudas e conservas, e os estudantes participaram de todas as etapas, desde o plantio até a venda. Eles se empolgam muito, e é bonito ver o envolvimento deles com o que estão construindo”, destacou Celeste.
Além da produção, os estudantes também organizaram ações de arrecadação, como a venda de picolés, para financiar o projeto.
“Eles próprios decidem o que fazer com o valor arrecadado. Pode ser um passeio, um lanche ou uma lembrança. Isso dá a eles um senso real de responsabilidade e conquista”, completou a professora.

A aluna Rafaella Lima, de 8 anos, participou da feira com entusiasmo. “A gente aprendeu sobre os temperos e plantou manjericão na escola. Eu gostei de cuidar da plantinha e ver ela crescer. Foi muito legal vender as coisas na feira, porque a gente entende o valor do dinheiro e sabe que vai usar o que arrecadar pra fazer outras atividades”, contou.
No 1º ano, o destaque foi o projeto “Cheirinho de Jardim”, conduzido pela professora Bárbara Ramos, pela primeira vez trabalhando com o programa JEPP. Mesmo com uma turma pequena – apenas seis estudantes –, o grupo produziu sachês aromáticos, escalda-pés, sabonetes artesanais e repelentes naturais, este último inspirado no combate à dengue.
“Foi uma forma de envolver as crianças também nesse cuidado com a saúde. O projeto foi muito enriquecedor, e o nome ‘Cheirinho de Jardim’ foi escolhido por eles. Os pais participaram ativamente e contribuíram com materiais e doações. Foi uma construção conjunta e afetiva”, relatou Bárbara.
A pequena Aurora Teodoro, de 6 anos, foi uma das mais animadas com o resultado. “Eu aprendi a fazer repelente para ajudar contra o mosquito da dengue. Eu gostei muito porque foi divertido e a gente ajudou a cuidar da saúde. Agora minha missão é vender os produtos aqui da nossa mesa”, disse.
Por fim, os estudantes do 3º ano participaram com a confecção de brinquedos manuais, enquanto os alunos do 4º e 5º anos criaram o “Magic Coffee”, um espaço de convivência dedicado à venda de lanches.
Sobre o JEPP
A feira empreendedora realizada pela unidade escolar é fruto de um trabalho coletivo que envolveu professores e demais colaboradores desde o início do ano letivo de 2025.
Para isso, o Sebrae no DF agiu de forma estratégica, capacitando os educadores para que se tornassem agentes multiplicadores, mediando conhecimentos e motivando os estudantes a aplicar na prática o que aprenderam em sala de aula.
Como resultado, os alunos puderam desenvolver habilidades empreendedoras, como a criação de marca, pesquisa de mercado, gestão financeira, fabricação de produtos para venda, técnicas de atendimento ao cliente, entre outras habilidades.
Tal sinergia entre os profissionais da educação e toda a comunidade escolar, segundo a diretoria da escola, foi essencial para consolidar o evento como um significativo momento de aprendizado e integração dentro da instituição.

