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Estudo do Sebrae cria perfil dos empreendedores brasileiros por grupos de raça e sexo

Dados mostram disparidades relevantes em termos de escolaridade, faixa etária e registro de contribuição à Previdência
Por Jorge Augusto Pereira | AIs. Comunicação
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Elaborado pela Unidade de Gestão Estratégica e Inteligência (UGE) do Sebrae Nacional, com apoio da Unidade de Relacionamento com o Cliente (URC), o estudo “Empreendedorismo por Raça-cor (e sexo)”, lançado no final de 2022, identifica a evolução recente e o perfil atual dos empreendedores brasileiros com base nas informações disponibilizadas nos microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNADC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre o primeiro trimestre de 2020 e o segundo trimestre de 2022.

Os dados, relevantes, apresentam um panorama da participação da população negra (indivíduos que se classificam como “pretos” ou “pardos”) em relação à totalidade do grupo de condutores de um negócio. No segundo trimestre de 2022, o grupo de empreendedores que se classifica como “negro” representava 52% do total dos 29,9 milhões de Donos de Negócio no território nacional. Destes, 10,6 milhões eram homens, e 5,1 milhões, mulheres.

Em um recorte específico, o estudo demonstra que o Distrito Federal tem um índice de participação de negros em relação ao total de donos de negócios acima da média nacional, apresentando um número de 60%, enquanto o índice médio no país é de 52%.

A disparidade entre os grupos chama a atenção. Os dados mostram, por exemplo, que o rendimento médio dos donos de negócios negros é 32% menor que o dos brancos (R$2.079,00 mensais contra R$3.040,00 mensais, em média). Além disso, refletem uma realidade de que os empreendedores negros são mais jovens e menos escolarizados, estão há menos tempo na atividade atual e, ainda, contribuem menos com a Previdência, o que significa que terão que trabalhar por mais tempo para se aposentar.

Em detalhes: a maior fatia de empreendedores negros (32%) tem até 34 anos, enquanto, entre os brancos, 25% possuem 55 anos ou mais. Também, apenas 13% dos donos de negócios negros completou o nível superior. Já entre os brancos, a taxa é de 32%.

Assim como em níveis gerais, o número de empreendedores negros se concentra no setor de serviços, seguido por comércio, agropecuária, construção e indústria. As maiores disparidades entre negros e brancos em termos de setor de atuação se dão no setor de serviços e de construção, sendo muito semelhantes nas demais áreas: enquanto 44% dos empreendedores brancos se concentram no setor de serviços (frente a 37% dos negros), área que geralmente exige qualificação e especialização, os negros são maioria na construção civil (16%, contra 11% dos brancos), setor de maior incidência de precariedade, informalidade e más condições de trabalho.

Em relação à contribuição previdenciária, nota-se uma grande diferença entre os empreendedores brancos e negros, o que sugere que uma maior parte do empresariado que se considera negro terá de atuar por mais tempo no mercado até que consiga se aposentar. Os números do estudo “Empreendedorismo por Raça-cor (e sexo)” do Sebrae mostram que 48% dos empreendedores brancos contribuem à Previdência. Já 72% das mulheres negras e 74% dos homens negros, donos de negócios, não realizam o recolhimento. Obrigando-os a se manterem ativos no mercado nos últimos anos de vida, ou exigindo a contratação de planos privados que supram essa demanda.

Os dados completos mostram segmentações e disparidades entre os grupos raciais e de gênero que permitem análises aprofundadas sobre as características dos empreendedores brasileiros. É baseado em tais estudos, que aperfeiçoamentos nas políticas públicas e normas legais se norteiam para tornar o cenário do mercado nacional mais justo, equilibrado e pautado na igualdade.

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