Pequenos empresários do Distrito Federal acompanharam na última quarta-feira, 9 de dezembro, o segundo dia do Fórum Sebrae de Energias Renováveis, que debateu sobre o potencial solar existente no DF e revelou as vantagens da energia solar fotovoltaica como aliada para as micro e pequenas empresas reduzirem custos, ganharem competitividade e alcançarem o tão sonhado desenvolvimento sustentável.
O encontro ocorreu de forma virtual e, em um primeiro momento, contou com a participação do engenheiro eletricista, especialista em Fontes Renováveis de Energia, analista técnico do Sebrae/MT e gestor do Projeto Brasil Central Energias Renováveis Rhauan Romagnolli; do consultor financeiro Gustavo Cerbasi; e do navegador e escritor Amyr Klink. O trio evidenciou as vantagens e oportunidades que a geração de energia elétrica por meio da luz solar oferece.
Rhauan Romagnolli destacou o potencial do Brasil para a energia solar fotovoltaica e apresentou números atualizados da tecnologia que, atualmente, é responsável por pouco mais de 1% de toda a geração nacional de energia elétrica, segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Ele mostrou que desde 2012 este cenário vem mudando, já que consumidores residenciais e empresariais, acompanhado de produtores rurais, têm aderido aos sistemas de geração solar fotovoltaica como fonte renovável e limpa para reduzir custos e garantir autonomia energética. Nos últimos oitos anos, de acordo com os números apresentados por Rhauan, o país ultrapassou a marca histórica de 7 gigawatts (GW) de potência operacional da fonte solar fotovoltaica. “Mesmo em meio à pandemia, houve crescimento no uso de energia solar fotovoltaica. O setor se expandiu em 2020 e os números já superaram o do ano passado”, observou.
O analista do Sebrae/MT também comparou a situação do Brasil, país de clima tropical beneficiado pela passagem de massas de ar quente ao longo de todas as estações do ano, com a Alemanha. O país europeu recebe pouca incidência da luz solar ao longo do ano, mas é visto como um exemplo nas políticas de incentivos eficientes para o uso da energia renovável, o que o fez alcançar a liderança na geração de energia solar per capita em 2017.
Rhauan ainda apresentou números que colocam Brasília na 7ª colocação de um ranking de cidades que mais produzem energia e salientou outros dígitos alcançados pelo setor. Foram mais de 210 mil empregos gerados, mais de R$ 35,4 bilhões em investimentos e mais de 1,1 milhão de toneladas de dióxido de carbono (CO²) não emitidas na atmosfera, somado os dados dos últimos oito anos. “Temos que ver a energia solar não só como uma tecnologia de redução de custo, ou como aumento de competividade. É uma oportunidade de negócio e o caminho para a sustentabilidade”, assegurou.
Ainda durante o encontro, Rhauan apresentou o caso do Centro Sebrae de Sustentabilidade e o aplicativo Sebrae Solar. O centro de sustentabilidade está localizado em Cuiabá (MT) e tem a missão de introduzir o conceito de sustentabilidade na vida das micro e pequenas empresas e dos empreendedores. É lá que são elaboradas medidas e orientações para subsidiar o Sistema Sebrae no atendimento aos pequenos negócios acerca da sustentabilidade. O prédio do centro se tornou exemplo no uso de energia solar para os pequenos negócios. As micro usinas demonstram que investir em tecnologia solar reduz custos das empresas e o retorno do investimento ocorre em relativamente poucos anos. Já o aplicativo permite ao usuário simular o dimensionamento de sistemas fotovoltaicos e também adquirir produtos e consultorias em energia fotovoltaica junto ao Sebrae, de qualquer localidade dentro do território nacional.
Em sua exposição, o consultor Gustavo Cerbasi fez uma detalhada apresentação da transformação de sua residência localizada no município de São Roque, interior de São Paulo. A casa, que era costumeiramente utilizada para reuniões aos finais de semana, passou por uma completa reformulação que a deixou ainda mais conectada com os princípios ecológicos. Além do uso pleno de energia solar para aquecimento e geração de energia elétrica, a casa recebeu um novo projeto de água e esgoto que eliminou a fossa séptica e sistemas que permitem a gestão de resíduos e o reaproveitamento da água de chuva. “O investimento nessas estruturas permitiu que eu e minha família pudéssemos desfrutar de uma casa amplamente confortável e sustentável”, disse Cerbasi, que atualmente mora na residência.
O consultor também salientou que o mercado e a tecnologia devem melhorar significativamente nos próximos meses e que as gerações futuras estarão mais conectadas com o conceito de sustentabilidade do que a atual. Cerbasi também comentou que a pandemia foi sofrida para todos, mas se tornou extremamente útil para repensar ações e fazer reflexões acerca do estilo de vida desequilibrado que muitas pessoas mantêm. “Temos que aprender a lidar de maneira equilibrada com os recursos que estão disponíveis e discutir mais em nosso dia a dia a sustentabilidade. Os meus filhos já falam sobre isso em suas rotinas e priorizam o que é sustentável. Acredito que a geração que está por vir será ainda mais antenada com esse conceito e que cada vez mais as pessoas irão preferir fazer um investimento maior no presente para ter uma economia mais no futuro, como é o caso da energia solar fotovoltaica”, acrescentou.
Antes de terminar a primeira apresentação do dia, os empresários puderam ouvir Amyr Klink. Profundo conhecedor dos mares, ele relacionou a energia gerada a partir do sol com a navegação e resumiu sua viagem solitária realizada a remo, no Atlântico Sul. Sozinho, ele percorreu sete mil quilômetros entre a Namíbia e o Brasil, a bordo de um pequeno barco que tinha, como uma das poucas inovações painéis solares instalados para gerar energia que recarregaria a bateria do radiocomunicador. Passados mais de 30 anos, mais de 80% das embarcações contam com painéis fotovoltaicos, o que configura um avanço grande para o setor, segundo Amyr.
Entusiasta do tema sustentabilidade, o navegador também crê que sob a ótica da inovação é possível construir um mundo melhor, no qual seja possível utilizar com responsabilidade os recursos disponíveis, como o sol e a água. “A sustentabilidade é uma questão estratégica que deve estar inserida no marketing das empresas. As pessoas não querem comprar uma marca que tem produtos bonitos e que passa a mensagem de prazer. As pessoas cada vez mais querem marcar que assumem e promovem atitudes concretas de sustentabilidade”, pontuou Amyr.
Na segunda apresentação do dia, na parte da tarde, os empresários puderam acompanhar um talk show, que contou com a participação da empreendedora Neide Rodriguez Ramos e da consultora independente voltada à análise do setor elétrico, Bárbara Rubim.
Neide esteve acompanhada de Igor Santos, diretor técnico da Convert Engenharia, empresa que faz instalação de painéis fotovoltaicos. Ela contou que começou o ano determinada a economizar na conta de luz de sua residência, uma pequena propriedade rural. Para isso, procurou a empresa de Igor e fez um orçamento de instalação da tecnologia. Antes de fechar o contrato, a empreendedora foi informada sobre a possibilidade de instalar as placas também como forma de reduzir o consumo de energia em seu empreendimento, o Café da Dona Neide, localizado na Feira do Guará. Ela, então, decidiu mudar o plano inicial e assinou o contrato para que uma micro usina fosse instalada em sua pequena propriedade e beneficiasse o seu empreendimento, que há mais de 40 anos atrai clientes de todo DF para experimentar um balcão recheado de quitandas mineiras. Em menos de um ano a empreendedora já conseguiu uma economia superior a 50 % na conta de luz do Café da Dona Neide e a estimativa é que a economia seja ainda maior, conforme o tempo for passando.
Já Bárbara Rubim, que também é vice-presidente de geração distribuída da associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), pontuou sobre questões técnicas acerca do assunto, como a Resolução Normativa 482, da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), de 2012, que trata de regras para a microgeração e minigeração distribuída de energia. Ela também salientou a decisão anunciada no mês passado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) sobre as mudanças regulatórias da geração distribuída, em especial da energia solar produzida nos telhados e pequenos terrenos. Segundo ela, a decisão do tribunal foi apenas a de determinar um prazo de 90 dias para que a Aneel apresente um plano de ação referente à revisão da Resolução Normativa 482, que deve ser concluída no primeiro semestre de 2021.
Bárbara ainda aproveitou a oportunidade para estimular os pequenos empresários a apostarem na energia fotovoltaica e ressaltou que utilizando a tecnologia, é possível diminuir custos, aumentar a rentabilidade e ajudar o país a ser mais sustentável.
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