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Presença feminina na energia solar é tema de encontro promovido pelo Sebrae no DF

Encontro reuniu empreendedoras, especialistas e lideranças para debater desafios e oportunidades na transição energética, com foco em ampliar a presença feminina no setor fotovoltaico
Por Jamile Rodrigues | Clip Clap Comunicação
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A expansão da energia solar no Brasil e os desafios para ampliar a participação feminina nesse mercado em crescimento foram debatidos na tarde do dia 2 de outubro, durante o “Mulheres que Brilham – Conectando Oportunidades e Histórias de Sucesso”, realizado pelo Sebrae no Distrito Federal em parceria com instituições do setor energético, no Sebraelab. O encontro reuniu empreendedoras, especialistas e lideranças para discutir barreiras e oportunidades no segmento fotovoltaico, apresentar experiências de mulheres que já atuam na área e lançar iniciativas voltadas a impulsionar a presença feminina em um campo estratégico para a economia e a sustentabilidade.

Logo na abertura, a diretora técnica do Sebrae no Distrito Federal, Diná Ferraz, chamou atenção para o potencial do setor e para a necessidade de maior diversidade. Ela destacou que a transição energética é uma oportunidade para as mulheres ganharem espaço em um mercado que avança rapidamente. “Estamos falando de uma cadeia econômica que cresce de forma acelerada e que precisa cada vez mais da presença feminina para enriquecer e transformar o setor – tanto profissional quanto tecnologicamente’’.

Foto: Wesley Lima | Focus Produção de Imagem

Ainda segundo a diretora, trabalhar com energia solar é atuar em uma área limpa e inovadora, que precisa evoluir em regulamentação e estruturação para ser explorada de forma eficiente e segura. ‘‘Percebemos, no entanto, uma grande carência da participação feminina nesse mercado. Por isso, iniciativas como o Movimente e este encontro são fundamentais para atrair mais mulheres ao empreendedorismo e fortalecer sua autonomia financeira e pessoal”, completou.

A presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Distrito Federal (CREA-DF), Adriana Resende, esteve presente no encontro e reforçou a importância de ocupar espaços técnicos e de liderança em setores onde as mulheres ainda são minoria. Ela lembrou que trilhar esse caminho exige preparação e envolvimento com entidades de classe.

“Estar à frente do CREA-DF é um desafio, mas também um exemplo de que temos capacidade técnica e liderança para ocupar posições estratégicas. O conselho apoia iniciativas que fomentam inovação, qualificação e empreendedorismo, especialmente em mercados com grande potencial, como o de energias renováveis. Queremos cada vez mais engenheiras atuando e transformando nosso setor e é por isso que o CREA está disponível para todas”, pontuou.

A programação seguiu com palestras de especialistas que são referência nacional. A primeira foi conduzida por Aline Pan, doutora em energia solar fotovoltaica e cofundadora da Rede Brasileira de Mulheres na Energia Solar (MESol). Ela compartilhou sua trajetória em um setor majoritariamente masculino, refletindo sobre erros e acertos da carreira e destacando o impacto da formação e do apoio em rede para ampliar a presença feminina.

Na sequência, Bárbara Rubim, CEO da Bright Strategies e vice-presidente da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), apresentou um panorama sobre tendências e desafios da energia solar no Brasil, com análise das mudanças regulatórias e do potencial de crescimento do mercado. Sua fala trouxe informações sobre o futuro do setor e reforçou a necessidade de inovação e políticas que estimulem diversidade.

Foto: Wesley Lima | Focus Produção de Imagem

O encontro também contou com uma mesa-redonda intitulada “O mercado está pronto para absorver as mulheres?”, mediada por Lorena Roosevelt, coordenadora do Polo de Energias Renováveis do Sebrae/RN. O debate reuniu Aline Pan, Bárbara Rubim, a reitora da Universidade de Brasília entre 2016 e 2024, Márcia Abrahão, e a professora e pesquisadora Loana Velasco, da UnB. Juntas, elas abordaram barreiras ainda presentes no mercado, a importância da formação técnica e acadêmica, e as mudanças necessárias para que mais mulheres conquistem espaço em um setor que cresce em ritmo acelerado.

A coordenadora do Polo de Energias Renováveis do Sebrae/RN, Lorena Roosevelt, trouxe uma reflexão sobre as barreiras históricas que afastam as mulheres de áreas tecnológicas. Para ela, é urgente desconstruir a ideia de que inovação e tecnologia são ambientes exclusivamente masculinos.

“O Brasil ainda está construindo essa trajetória de inclusão feminina em setores tecnológicos. Muitas vezes, as mulheres são desestimuladas a seguir caminhos na engenharia ou em cursos ligados à inovação. O Sebrae tem buscado enfrentar essas barreiras por meio do empreendedorismo e de ações que incentivam capacitação e presença feminina nas energias renováveis. É um esforço que precisa ser acompanhado por mudanças estruturais, especialmente na educação e em políticas públicas, para reduzir a desigualdade de gênero”, destacou.

Já Juliana Borges, coordenadora do Núcleo de Energia e Economia Sustentável do Sebrae Nacional, ressaltou que a diversidade é estratégica para o futuro das energias limpas no Brasil. “O Sebrae atua para transformar nosso potencial natural em energia limpa em vantagens competitivas para os pequenos negócios. Nesse caminho, a presença das mulheres é essencial. A diversidade gera inovação e traz respostas diferentes para desafios complexos, como a falta de mão de obra qualificada e a necessidade de maior multidisciplinaridade. Estimular a entrada e a permanência feminina no setor de energias renováveis é, portanto, uma estratégia para impulsionar resultados concretos e sustentáveis”, afirmou.

Quem também esteve presente no encontro foi a superintendente do Sebrae no DF, Rose Rainha, que destacou o compromisso da instituição com o fortalecimento do empreendedorismo feminino, especialmente em setores de grande impacto econômico e social. “A pauta de energia é estratégica para o Sebrae porque sabemos o quanto ela é relevante para o desenvolvimento do país. Queremos apoiar as empreendedoras do setor fotovoltaico em todas as etapas – da gestão de negócios à inovação e expansão. Nossa missão é ajudar mulheres a abrirem empresas sólidas, rentáveis e capazes de transformar vidas. O Sebrae está de portas abertas para ser parceiro nesse caminho, oferecendo capacitação, consultorias e estratégias para crescer e lucrar”, declarou.

Foto: Wesley Lima | Focus Produção de Imagem

Hackathon vai incentivar soluções inovadoras e garantir presença feminina obrigatória

Um dos momentos mais aguardados do encontro foi o anúncio de um hackathon inédito voltado ao setor de energia solar, apresentado por Milena Sabino, gestora do projeto de energias renováveis do Sebrae no DF. A iniciativa, prevista para ocorrer nos próximos meses, reunirá estudantes universitários – especialmente de cursos de engenharia e áreas ligadas às energias renováveis – para desenvolver soluções práticas para desafios enfrentados por empresas do mercado solar.

Segundo Milena, a competição terá um diferencial importante: todas as equipes deverão contar obrigatoriamente com mulheres entre seus integrantes. “Queremos garantir que as mulheres não só participem, mas liderem processos criativos e tragam soluções para problemas reais do mercado fotovoltaico. Será uma grande oportunidade para que estudantes vivenciem desafios práticos e ganhem visibilidade, enquanto empresários terão acesso a ideias inovadoras que podem impactar seus negócios”, explicou.

Além de incentivar a inovação, o hackathon busca aproximar a academia do setor produtivo e ampliar a rede de contatos de jovens talentos, especialmente mulheres que pretendem atuar em um segmento ainda carente de diversidade. “O Sebrae no DF acredita que criar oportunidades concretas para a inserção feminina pode acelerar essa mudança cultural tão necessária”, finalizou Milena.