O Sebrae no Distrito Federal promoveu, na última segunda-feira, 13 de outubro, uma capacitação para membros de cooperativas filiadas à Central das Cooperativas de Trabalho de Catadores de Materiais do Distrito Federal (Centcoop). A ocasião buscou valorizar e fortalecer a categoria e a cadeia produtiva da reciclagem no território brasiliense, abordou a importância das relações interpessoais e foi realizada em uma sala da sede da central de cooperativas, localizada em um complexo que ocupa um espaço de 80 mil m² às margens da Via Estrutural e compreende duas centrais de triagem e reciclagem e uma Central de Comercialização.
A realização da atividade integra o rol de atividades previstas no Pró-Catadores, um projeto lançado pelo Sebrae Nacional e pelo Governo Federal, por meio de um Acordo de Cooperação Técnica em prol das cooperativas, catadores e catadoras. O objetivo é promover a organização produtiva dos catadores, a melhoria de suas condições de trabalho e a ampliação das oportunidades de inclusão social e econômica. O programa busca, também, estimular a implementação de mecanismos para assegurar a igualdade racial e de gênero e a diversidade na cadeia produtiva da reciclagem.
“É um projeto ambicioso do Sebrae. Aqui no DF, a gente começou a desenvolvê-lo no ano passado, de forma piloto, e, atualmente, estamos envolvendo cinco cooperativas nas ações, com o objetivo de reestruturar e impulsionar o crescimento, a produtividade e o faturamento dessas organizações. É uma iniciativa que permite ‘arrumar a casa’, profissionalizando a gestão e impulsionando diversos aspectos operacionais”, explicou o gestor do Pró-Catadores do Sebrae no DF, Tiago Gammaro.

A seleção das cooperativas acompanhadas pelo projeto foi realizada com base em uma análise detalhada, cujo objetivo foi identificar os pontos fortes, fraquezas, oportunidades e ameaças das organizações, considerando tanto o ambiente interno quanto externo. Durante essa avaliação, foram identificadas diversas necessidades nas cooperativas, como melhorias na organização empresarial, gestão financeira, produtividade e captação de recursos.
Entre os desafios identificados pelo projeto também figuram a falta de organização administrativa e a gestão ainda incipiente em muitas cooperativas. Grande parte delas opera de forma empírica, sem planejamento estruturado ou equipes adequadas. Além disso, há dificuldades relacionadas à produtividade e à qualidade no processo de triagem e coleta de materiais recicláveis. A ausência de planejamento pode levar à perda de rotas e redução do valor recebido nos contratos firmados com o Serviço de Limpeza Urbana (SLU).
Atualmente, as cooperativas ligadas à Centcoop possuem cerca de 41 contratos envolvendo coleta seletiva e triagem de materiais. Esses contratos cobrem custos operacionais e de manutenção, enquanto a venda dos materiais reciclados gera uma renda adicional que é dividida entre os catadores.

O projeto também destaca o potencial de expansão no mercado privado, especialmente na prestação de serviços para grandes geradores de resíduos. Empresas e órgãos governamentais que precisam garantir a destinação ambientalmente correta dos seus resíduos podem contratar cooperativas para realizar coleta, triagem e emissão do Manifesto de Transporte de Resíduos (MTR).
Para atender às demandas identificadas nas cooperativas, o projeto dispõe de consultores especializados e credenciados pelo Sebrae, preparados para oferecer suporte em cada uma das áreas especificamente. “Há um consultor coordenador que está à frente de todo o plano de ação e faz o elo entre as cooperativas e o Sebrae para providenciar as intervenções como os treinamentos, as palestras, os cursos, as consultorias que serão capazes de apoiar as melhorias de performance dessas organizações”, completa Tiago.
A atividade promovida na sede da central das cooperativas foi, ainda, um momento histórico. Foi a primeira vez que uma dirigente do Sebrae visitou as instalações ocupadas pelas cooperativas.
Durante a ocasião, a superintendente do Sebrae no DF, Rose Rainha, falou sobre a satisfação de estabelecer uma parceria junto à Centcoop, destacando a necessidade do fortalecimento das cooperativas locais. “O desenvolvimento deste projeto não só fomenta o empreendedorismo social, mas também gera um benefício tangível para a sociedade e a economia da capital, ao fortalecer os negócios de forma sustentável”, disse.

A dirigente reforçou o suporte integral do Sebrae às cooperativas em todas as etapas, explicando a importância das consultorias que estão sendo ofertadas e observou que essa bem-sucedida abordagem de trabalho está sendo replicada em nível nacional, sob a coordenação do Sebrae Nacional
O gerente da Assessoria de Políticas Públicas e Ecossistemas de Negócios do Sebrae no DF, Jorge Adriano, também acompanhou a realização a importância social do serviço prestado pelas cooperativas ao Distrito Federal. “É mais do que digno e necessário para a nossa cidade que esse trabalho seja realizado. Imagina o que aconteceria se não tivéssemos ninguém recolhendo esses resíduos?”, questionou.
“Há um impacto fundamental da atuação das cooperativas na rotina da sociedade do DF, que se destaca hoje como uma das unidades da federação com o melhor sistema de coleta, triagem e recuperação de resíduos”, acrescentou o gerente do Sebrae

Jorge também reforçou o compromisso do Sebrae e concluiu sua participação destacando o cenário promissor para as cooperativas. “Este é um momento crucial, com muitas oportunidades surgindo, como editais e recursos. O Sebrae quer fortalecer esse projeto para que Brasília continue sendo um exemplo para o Brasil no trabalho que vocês realizam”, completou.
A presidente da Centcoop, Lúcia Fernandes, também falou com entusiasmo sobre o apoio recebido do Sebrae no DF. “O dia de hoje é um momento histórico para todos os catadores que atuam aqui no complexo. Estamos nos esforçando para construir uma relação cada vez mais próxima com o Sebrae e implementando tudo o que nos é recomendado desde o ano passado. Com esse suporte, somado à resiliência e à paixão dos catadores no dia a dia, temos a receita para aumentar o reconhecimento e profissionalizar o trabalho que realizamos aqui”, concluiu a dirigente.
O complexo em que está situada a sede da central é palco para a atuação de 13 cooperativas de reciclagem. Ao todo, 760 cooperados estão inseridos nessa realidade e ajudam no processamento de 500 toneladas de resíduos mensalmente.
Outras 12 organizações integram o grupo e desenvolvem sua atuações em outras regiões administrativas do Distrito Federal.
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