No próximo mês de agosto, o Sebrae no DF vai sediar o Empretec Woman, edição exclusivamente feminina do principal programa de formação de empreendedores no mundo. Com metodologia da Organização das Nações Unidas, a realização do Empretec no Brasil é exclusividade do Sebrae, há mais de 25 anos. O programa já foi realizado em mais de 40 países; aqui, no Brasil, a primeira turma apenas com mulheres será realizada de 22 a 27 de agosto, das 8h às 18h, em Brasília, no Sebrae 515 norte (Asa Norte).
Kátia Cristina Magalhães, Analista e Gestora de Projetos do Sebrae no DF, diz que o potencial do empreendedorismo feminino foi fundamental para criar uma turma exclusiva. “60% dos participantes do seminário Empretec no Sebrae no DF são mulheres”, explica Katia. “Não poderíamos deixar de prestigiar as mulheres empreendedoras, principalmente porque a participação feminina à frente de novos negócios tem crescido muito”.
Como funciona
O Empretec busca identificar o potencial empreendedor dos participantes, desenvolver características do comportamento empreendedor e identificar novas oportunidades de negócio. Neste ano, ainda vão acontecer seis turmas, uma por mês a partir de julho, sendo a de agosto exclusiva para mulheres.
Para participar, é preciso responder um formulário com dados pessoais e empresariais. Após o preenchimento, o Sebrae entra em contato para agendar uma entrevista, na qual será avaliado o perfil da candidata e se ela está em um momento físico e psicológico adequado para absorver toda a experiência e aprendizado do programa.
Entre os temas trabalhados em uma semana, estão persistência, riscos calculados, comprometimento, planejamento e monitoramento sistemáticos, entre outros. Ao todo, a participante passa por 60 horas de capacitação em seis dias de imersão, com desafios, exercícios práticos e desenvolvimento de características comportamentais importantes para gerenciar um negócio.
Empreendedorismo feminino
Realizar o Empretec Woman não é uma decisão aleatória. Afinal, as mulheres, hoje, representam 34% do universo de chefes do próprio negócio, segundo o Relatório de Empreendedorismo Feminino, produzido pelo Sebrae em 2021. Elas também são a maioria entre chefes de família, uma mudança vista nos últimos três anos, quando mulheres passaram a ser menos “cônjuges” e mais “chefes de família”.
Outra questão que chama atenção no universo feminino dos negócios é a escolaridade. No Relatório de 2021, 68% das mulheres tinham ensino médio ou mais, um crescimento de 3% em relação a 2019. O número mostra como as mulheres procuram formação e aperfeiçoamento mais do que os homens que têm negócios, já que 54% deles têm ensino médio ou mais. Kátia Cristina Magalhães, Analista e Gestora de Projetos do Sebrae no DF, ressalta a importância da orientação no momento certo. “O empreendedorismo feminino cresce cada vez mais com incentivo certo, tornando-se o caminho para mudança de vida das mulheres”.
Incentivar o empreendedorismo é também buscar a diminuição dos índices de violência doméstica. A própria Lei Maria da Penha, desde 2006, determina a violência patrimonial como uma das diversas formas de violência que atinge o gênero feminino. Conforme a lei, “qualquer ato que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos” é um tipo de crime contra a mulher. Ao empreender, a mulher conquista independência financeira e evita situações em que se veria submetida a esse tipo de violência.
Igualdade em cargos de chefia
O Empretec Woman também auxilia na mudança de dados sobre homens e mulheres em cargos de chefia. A diferença entre donos de negócios ainda é grande: são 34% de mulheres contra 66% de homens. Segundo o Relatório do Fórum Econômico Mundial, de 2019, o tempo estimado para eliminar a desigualdade de gênero no trabalho é de 99,5 anos. “Isso mesmo, quase 100 anos. Mas com a constante ascensão das mulheres, pode ser que conquistemos essa igualdade antes mesmo do que imaginamos”, declara com otimismo Kátia Cristina Magalhães, Analista e Gestora de Projetos do Sebrae no DF.
Ainda que já figurem em maior número em cargos de chefia do que há uma década, elas ainda ganham menos que eles. No mesmo Relatório produzido pelo Sebrae em 2021, encontra-se o dado de que mais da metade (54%) das mulheres donas de negócio ganham até um salário mínimo contra 40% dos homens.
Mulheres negras: um dado à parte
Quando se olha para o universo das mulheres negras nos negócios, dá-se ainda mais importância a iniciativas como o Empretec Woman. O Relatório “Empreendedorismo por raça-cor/gênero no Brasil”, também produzido pelo Sebrae em 2021, mostra que entre homens e mulheres (negros e brancos), as mulheres negras são as que apresentam maior desvantagem. São 28,6 milhões de empreendedores, entre os quais 9,8 milhões de homens negros, 8,7 milhões de homens brancos, 5 milhões de mulheres brancas e 4,7 mulheres negras. Elas também têm os menores níveis de escolaridade, são as menos formalizadas e as que têm maior dificuldade de acessar crédito. Além disso, as diferenças também são evidentes em relação a rendimento. Em média, o rendimento médio mensal das mulheres negras é 44% inferior ao dos homens brancos.
Dessa forma, a semana de 22 a 27 de agosto deste ano será especial por diversos motivos. O principal deles é mostrar que o Sebrae está atento às mudanças e aos desafios de uma sociedade cada vez mais necessitada de igualdade. “Fomentar o empreendedorismo feminino é fundamental para que as mulheres possam aumentar seus rendimentos, gerar empregos, ter sustentabilidade no mercado e sobretudo ser independentes e protagonistas em suas vidas. O Empretec Woman vem ao encontro da temática e desse fomento”, finaliza Katia.
SERVIÇO
O quê: Empretec Woman
Quando: 22 a 27 de agosto, das 8h às 18h
Como: 60 horas de capacitação em seis dias de imersão
Para agendar entrevista: https://forms.office.com/r/CmSa0wzfLZ