O auditório do Sebrae no Distrito Federal, no Setor de Indústria e Abastecimento, foi palco de um evento estratégico na última terça-feira, 4 de novembro, fruto da colaboração entre a instituição, o Sindicato das Indústrias do Vestuário do Distrito Federal (Sindiveste/DF) e a Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes/DF). A iniciativa reuniu empresários que integram o setor têxtil brasiliense, em especial aqueles que estão à frente de malharias, e teve como objetivo preparar e capacitar os interessados para atender às demandas e exigências previstas no edital do Programa Cartão Uniforme Escolar.
Instituído no início de outubro pelo Governo do Distrito Federal (GDF), o programa tem como meta assegurar uniformes a todos os 400 mil estudantes regularmente matriculados na rede pública de ensino do DF, sem distinção ou critério de renda familiar.
As diretrizes previstas no edital determinam que os responsáveis pelos estudantes irão receber um cartão operado pelo Banco de Brasília (BRB) com o valor de R$ 282,99 que poderá ser utilizado para adquirir até sete peças de um kit – composto por três camisetas de manga curta, duas bermudas, uma calça comprida e um casaco – em estabelecimentos comerciais credenciados, modelo similar ao já adotado pelo programa Cartão Material Escolar, também do GDF.
Para contemplar toda a demanda presente no território distrital, o edital prevê a confecção de cerca de 2,8 milhões de peças, que devem ser entregues até o início de fevereiro de 2026, mês que irá marcar o início do ano letivo.
As peças deverão ser produzidas em rigorosa obediência aos padrões de qualidade e às especificações técnicas descritas no edital, além de seguir as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), garantindo resistência, conforto e durabilidade adequados ao uso diário dos estudantes.
A superintendente do Sebrae no DF, Rose Rainha, abriu a programação do evento explicando aos empresários presentes que a instituição foi determinante para a implementação do programa. Ela contou que uma pesquisa, em colaboração com o Sindiveste e outras organizações, foi realizada para assegurar ao governo que empresas do Distrito Federal poderiam, sim, assumir o compromisso de produzir e entregar peças para os uniformes de estudantes da rede pública.

“Nós conseguimos convencer o governador que essa produção poderia ser feita por empresas do nosso território, gerando renda e desenvolvimento. E hoje estamos aqui para continuar ao lado de vocês em mais uma etapa importante de todo esse trabalho iniciado anos atrás. Estar junto com vocês nessa jornada é um compromisso do Sebrae. Vamos acompanhar cada passo e fornecer apoio para que as malharias do DF possam atender a essa significativa demanda e suprir a necessidade de muitos dos nossos estudantes”, afirmou a dirigente.
A presidente do Sindiveste, Walquíria Aires, também reforçou a importância do trabalho estabelecido entre o sindicato e o Sebrae para a criação do programa. Ela ainda comentou sobre as regras estabelecidas no edital já publicado e apresentou um discurso de incentivo aos empresários. “Agora, nós temos a oportunidade de provar que as malharias do DF formam um segmento que reúne todas as condições de produzir e fornecer essas 2,8 milhões de peças solicitadas. Superando esse desafio, no futuro iremos alçar voos maiores, podendo atender outras unidades de educação aqui no DF também”, pontuou.

A Secretaria de Estado de Educação do DF (SEEDF) também marcou presença no encontro, representada pela assessora especial da Subsecretaria de Gestão dos Profissionais de Educação, Patrícia Lacerda. Ela refletiu sobre a contribuição que o programa trará para a economia local e pontuou que apesar dos desafios inerentes a uma iniciativa dessa magnitude, o trabalho em conjunto será fundamental para identificar e implementar soluções eficazes, garantindo o sucesso do programa e o cumprimento de seus objetivos sociais e econômicos.
O subsecretário de Gestão de Programas Sociais, Douglas Fernandes, também observou o impacto do programa na realidade do DF, reconhecendo que a iniciativa é uma oportunidade ímpar para pequenos empresários locais. Ele aproveitou a oportunidade para pedir a atenção dos empresários na hora do preparo da documentação exigida pelo edital e transmitir uma mensagem de confiança ao atores do setor têxtil. “Tenho a certeza de que até o final de janeiro todos os kits previstos estarão prontos para serem usados pelos estudantes em nossas escolas”, assegurou.

As empresas interessadas devem atender aos critérios do edital e encaminhar a documentação exigida, em remessa única, em formato PDF, para o e-mail [email protected].
O credenciamento poderá ser feito a partir do dia 21 de novembro, e ficará aberto ao longo dos próximos 12 meses, período de vigência do edital.
Orientações e oportunidades
A programação do evento seguiu com conteúdo estratégico, oferecendo duas palestras essenciais para os empresários interessados em participar do programa do GDF.
Em um primeiro momento, os participantes puderam conhecer e aprofundar conhecimentos em aspectos fundamentais para a correta formação do preço de venda de seus produtos, a fim de garantir lucro com a participação na iniciativa. Em seguida, a atenção se voltou para o Fundo de Aval para a Micro e Pequena Empresa (Fampe), uma solução disponibilizada pelo Sistema Sebrae e que funciona como garantia complementar para empreendedores que buscam acesso a linhas de crédito, desmistificando o processo de obtenção de recursos financeiros para investimento e expansão da capacidade produtiva de suas malharias. A programação do encontro foi encerrada com uma rodada de negócios que conectou os donos de malharias a fornecedores de insumos para o setor têxtil.
Uma das empresas a participar das atividades no Sebrae foi a Viene Brasil Camiseteria, que tem sede em São Sebastião. Com mais de duas décadas de história, a marca, gerenciada por Leila Brito e seu filho, João Vitor Brito, possui ampla experiência na confecção de uniformes para escolas particulares e outros empreendimentos, mas enxerga no edital do Programa Uniforme Escola uma oportunidade significativa.

A empresária já está com a documentação pronta para realizar o credenciamento junto à Sedes/DF e aproveitou o evento realizado na sede do Sebrae para começar a tirar dúvidas que surgiram após a publicação do edital e também ouvir propostas dos fornecedores. “Ouvimos algumas propostas interessantes aqui. Mas a decisão ainda vai precisar de uma análise mais robusta que iremos tomar quando formos apresentados a uma das ferramentas que a consultora do Sebrae irá apresentar futuramente”, contou.
Mas a nossa intenção é, sim, participar do programa. É uma chance de continuar crescendo, de gerar mais empregos, de mobilizar mais costureiras e profissionais de serigrafia na nossa região. Claro que há preocupações, há dúvidas que ainda precisam ser sanadas e esperamos concluir essa etapa o quanto antes para começar essa produção”, complementou Leila.

As instituições envolvidas na realização ainda preveem a realização de encontros com empresários nas diversas regiões administrativas do Distrito Federal nos próximos dias. O objetivo das reuniões será fornecer orientações detalhadas para apoiar os empresários interessados no credenciamento do programa, além de esclarecer dúvidas e responder a questionamentos.

