Dezenas de empreendedores, empresários, representantes de instituições de ensino e entusiastas do ecossistema de inovação do Distrito Federal se reuniram na manhã de quinta-feira, 29, para a realização da 2ª Edição da Feira de Negócios de Tecnologia e Inovação. O evento foi realizado no Sebraelab, na Granja do Torto, simultaneamente à realização da 4ª Edição do Open Connections. Ambas as realizações buscam fomentar o desenvolvimento tecnológico, a formação de novas parcerias, além de proporcionar um ambiente de networking e o estreitamento de relações empresariais.
As realizações movimentaram o laboratório de estímulo à inovação e à criatividade ao longo de todo o dia e serviram de palco para a disseminação de conteúdos e ações importantes que buscam projeto o cenário empreendedor do DF.
Pela manhã, durante a abertura da realização, Carlos Cardoso, gerente de negócios em rede do Sebrae no DF, destacou como a instituição e organizações parceiras estão cada vez mais unindo forças para construir e somar esforços com especialidades de cada instituição.
‘‘É desta forma que o Sebrae se compromete a apoiar empreendedores, empresários e aumentar as trocas entre cada um deles. Esta feira de negócios, juntamente com o Open Connection, é uma agenda de conteúdo para conectar empreendedores, apresentar seus serviços e apresentar as novas tecnologias disponíveis no mercado. Tudo isso só é possível pois há diversas empresas interessadas em fazer com o que o ecossistema da inovação avance cada vez mais. Tudo o que os empresários estão tendo aqui hoje é uma celebração do que nossas parcerias podem proporcionar’’, comentou o gestor.
Carlos Jacobino, presidente do Sindicato da Indústria da Informação do Distrito Federal (Sinfor/DF), desafiou os presentes a refletirem sobre o impacto da inovação tecnológica no futuro. “Imagine se a gente pudesse mudar o curso da história hoje? Nós estamos preparados para isso?”, questionou.
-
O dirigente destacou a oportunidade única que o DF tem de se tornar um polo global de inovação, ao anunciar a criação de um distrito de tecnologia com 90 mil metros quadrados, localizado próximo ao BioTIC S/A. Este projeto ambicioso, segundo ele, será apoiado por várias empresas e visa abrigar desde startups até grandes corporações, criando um ambiente inclusivo e colaborativo para todos os tipos de negócios tecnológicos. “Nós temos mais de 600 órgãos públicos num raio de 50 km do centro de Brasília, e esse distrito de TI será um espaço para desenvolver soluções inovadoras para govtechs, educação, segurança pública, saúde, mercado financeiro e cidades inteligentes. Brasília nasceu com essa característica, e o objetivo é criar um ecossistema aberto e conectado com os maiores ecossistemas de inovação do mundo”, explicou.
O projeto em questão já está nas agendas das entidades e deve sair do papel já em 2025.
Na sequência do evento, foi apresentado o Programa de Apoio à Competitividade das Micro e Pequenas Indústrias (Procompi), cujo objetivo é desenvolver uma mentalidade digital nas organizações, integrando a transformação digital à cultura empresarial de forma consistente e duradoura. Patrícia Gonçalves Coutinho, representante da Confederação Nacional da Indústria (CNI) foi quem detalhou as ações do programa, enfatizando a importância da transformação digital para a competitividade das empresas: “Estamos contando com grande apoio do governo, e este é o momento ideal para oferecer suporte às indústrias do DF. Queremos ampliar a produtividade e competitividade das empresas, aprimorar a gestão empresarial em inovação, sustentabilidade e o novo ciclo do Procompi está focado na transformação digital das empresas”, ponderou.
Cristina Castro, professora da Universidade de Brasília (UnB) e CEO do Instituto Glória, respondeu à provocação de Carlos Jacobino sobre mudar o curso da história, destacando a importância de incluir meninas e mulheres no setor de tecnologia. “É fundamental que a gente pense isso pois desenvolvimento econômico e social é libertador. Nós não queremos excluir os homens, de forma alguma pois eles são fundamentais, mas garotas e mulheres precisam estar onde se pensam as políticas públicas assistidas principalmente contra a violência”, comentou.
-
A docente também reforçou a necessidade de revolucionar os negócios por meio da Inteligência Artificial (IA), incentivando os empresários a estudarem e desenvolverem soluções tecnológicas que possam otimizar seus negócios. ‘’A IA do futuro já é a IA de hoje e quero dizer que o desafio é o mesmo para pequenos, médios e grandes necessários. Para alcançar oportunidades é preciso fazer com que as inteligências trabalhem ao nosso favor, otimizando os tempos dos nossos trabalhos e entendendo que ao perder o time to market, o empresário irá perder a oportunidade de alcançar novas oportunidades. Portanto, não deixem para depois. Estudem, interpretem, conheçam IAS que possam auxiliar os trabalhos de vocês e, mais do que isso, desenvolvam se possível’’, disse.
Empreendedorismo feminino no campo da inovação e tecnologia também foi outro assunto abordado durante a programação visando fortalecer a presença das mulheres nesse setor. Laura Schwengber, uma das empreendedoras participantes, compartilhou sua história de criação da empresa Cuide-se para Cuidar, dedicada ao autoconhecimento e cuidado materno.
“A empresa surgiu a partir da minha própria transformação. Já fui uma mãe que se esforçava para oferecer o melhor, porém enfrentava dificuldades. Ao longo desse processo de evolução pessoal, vivenciei uma incrível mudança em minha vida e percebi a importância de compartilhar essa experiência com outras mulheres”, relatou Laura.
-
Após o almoço, as atividades no Sebraelab seguiram a pleno vapor. Os participantes puderam, inicialmente, acompanhar um painel sobre oportunidades e desafios para o desenvolvimento da indústria e das startups. Uma das ações apresentadas foi a formatação da Nova Indústria Brasil (NIB), um programa do governo federal que utiliza instrumentos tradicionais de políticas públicas, como subsídios, empréstimos com juros reduzidos e ampliação de investimentos federais. A iniciativa também conta com incentivos tributários e fundos especiais para estimular determinados setores da economia. No mesmo painel, os presentes puderam compreender as atuações e conferir soluções lideradas pela Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) e pela Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii).
A programação contou, em seguida, com uma rodada de crédito, na qual instituições bancárias como o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal, Sicoob e Cresol apresentaram vantagens aos pequenos empreendedores. Simultaneamente, foram realizados pitches, prática que consiste em apresentações concisas e altamente persuasivas, destinadas a vender uma ideia, produto ou serviço em um curto espaço de tempo.
-
Outros dois painéis encerraram a programação. O primeiro abordou o desenvolvimento de Inteligência Artificial (IA), enquanto o segundo trouxe conteúdos sobre compras públicas, com destaque para as novas regras impostas para a participação em licitações.
Evaldo Bazeggio, um dos empreendedores presentes à realização contou ter aproveitado bastantes as atividades. Ele destacou que, além da troca de experiências com outros empreendedores e especialistas, o nível do conteúdo apresentado foi muito importante para consolidar os conhecimentos existentes.
Bazeggio também expressou otimismo em relação ao futuro da IA, um dos temas com os quais trabalha em seu dia a dia. “A Inteligência Artificial é, de fato, uma ferramenta de transformação. As empresas e as pessoas têm o desafio de conhecer e compreender o assunto. Há muitos especialistas prontos para sensibilizar, treinar e demonstrar o potencial dessa tecnologia para que possamos avançar e aplicá-la em nosso cotidiano. Vejo um futuro positivo para esse campo. Não dá para resolver equações matemáticas complexas sem saber a tabuada, sem conhecer o básico. E no que diz respeito à IA, ainda estamos na tabuada”, pontuou.
Outro empreendedor que aproveitou a oportunidade dos eventos para promover seu trabalho e estabelecer conexões foi Siqueira Pyrus, fundador e diretor da Gloda Store. A startup desenvolve soluções tecnológicas voltadas para o varejo, com o objetivo de ajudar empresas a alcançar um alto desempenho e crescimento. Entre as inovações oferecidas pela marca estão soluções de automação do atendimento, facilitação de vendas, gestão de compras, controle de inventário e estoque, implementação de sistemas antifurto, soluções interativas e integração omnichannel.
Siqueira avaliou a participação nos eventos como extremamente importante para sua trajetória como empreendedor. “Se há algo que aprendi na minha rotina como empreendedor é que a maior ferramenta que você pode ter é a comunicação. O networking é uma das ferramentas mais poderosas do empreendedor. Se você não mostra a cara, ninguém vê seu rosto, nem seus produtos ou soluções. Estar presente em eventos como esses é um passo fundamental para as pessoas conhecerem quem você é e o que você faz; só depois disso você pode esperar alguma oportunidade de negócio. No ano passado, mais ou menos nessa mesma época, eu estava aqui, em um evento do Sebrae, e consegui fazer contatos que me renderam investimentos e novos sócios. E novamente estou aqui. Quero estar sempre presente em eventos, mostrando a cara para ampliar a minha ideia de negócio”, afirmou.
InovaTI Hackathon Series
O evento também foi marcado pela celebração da criatividade e inovação com o anúncio dos vencedores da 4ª Edição do InovaTI Hackathon Series. O desafio reuniu mais de 100 desenvolvedores que propuseram soluções tecnológicas para áreas como reciclagem, proteção à mulher e ESG (Environmental, Social, and Governance). A iniciativa integra as atividades do projeto InovaTI, uma ação liderada pelo Sinfor/DF, em parceria com a BioTIC S/A e o Sebrae no DF, com o objetivo de municiar conteúdos, estimular parcerias e gerar oportunidades de negócios para o setor de tecnologia do Distrito Federal.
Em primeiro lugar se destacaram alunos da Universidade Católica de Brasília (UCB), que, em uma semana, trabalharam uma forma de responder ao questionamento ‘‘como podemos fazer com que o plástico chegue mais limpo para as nossas cooperativas?’’. A partir daí então eles criaram uma dinâmica de conscientização ambiental nas escolas com a Corrida do Plástico. Os estudantes desenvolveram um aplicativo e identificaram uma máquina para que haja uma competição nas escolas, em que as pessoas colocarão plásticos e a pontuação será contada, criando um ranking, com premiações para os vencedores.
-
Para Maiara Gualberto, fundadora da Tronik, empresa especializada em soluções em resíduos eletrônicos e que levou o problema para ser resolvido, o que mais chamou a atenção foi que assim que o desafio foi lançado, os alunos já apresentam uma proposta passível de execução. ‘‘A proposta que eles trouxeram é rápida e já é possível viabilizar o projeto pois já temos até uma escola para iniciar. Será o CEF 103 do Recanto das Emas e, com isso, quero começar com as cooperativas do DF, mais precisamente apoiando a cooperativa Recicle+Brasil, fazendo com que os resíduos cheguem mais bem tratados nas cooperativas’’, explicou Maiara.
Os estudantes vencedores receberam uma premiação em dinheiro e irão receber apoios para realização de seus projetos. Os 2º e 3º lugar foram ocupados pela mesma equipe, jovens da Cria Incubator, que desenvolveram uma solução para arquitetura popular para uma empresa de arquitetura do DF e um projeto de IA para WhatsApp do projeto Cuide-se para Cuidar, respectivamente.
‘‘Esta quarta edição mobilizou 13 diferentes empresas num prazo de duas semanas. Foram 106 pessoas que se organizaram em 16 equipes, trabalhando em paralelo para trazer soluções para 17 problemas. Saíram 31 soluções e esse é um número importante pois esperamos que essas propostas tenham saída a partir das demandas dos empresários’’, encerrou João Paixão, coordenador do hackathon.
Djalma Petit, diretor do Sinfor/DF, ressaltou a importância da realização, destacando a grande proposição de projetos de impacto social. “Foram desafios que propuseram soluções de tecnologia para reciclagem, proteção à mulher, para ESG em geral. Uma série de desafios que empresas, estudantes e institutos propuseram soluções”, disse Petit.
Ambos os eventos foram promovidos pelo Sebrae no DF em parceria com o Sinfor/DF, a BioTIC S/A e a Federação das Indústrias do Distrito Federal (Fibra). Ao todo, 283 pessoas participaram das atividades. Na primeira edição, no ano passado, as ações mobilizaram 69.