No ambiente descontraído do Sebraelab, no Parque Tecnológico de Brasília (BioTIC), empreendedores de diferentes áreas e perfis se reuniram, na noite de terça-feira, 29 de julho, para a sétima edição do Lab Day em 2025. Realizado mensalmente, o evento reúne os principais atores do ecossistema de inovação do Distrito Federal. Sob o tema “Brasília, Capital Inovadora”, a edição foi palco para a apresentação do Sebrae Startups Report – Distrito Federal 2025, estudo que mapeia o perfil das startups locais e atualiza seus indicadores-chave.
O levantamento, produzido em parceria com o Sebrae Santa Catarina, mapeou 491 startups cadastradas na plataforma Sebrae Startups, com predominância de modelos de negócio B2B (43,6%). O relatório também aponta que 38,8% das startups do DF têm cinco anos ou mais de existência, o que demonstra maior maturidade e perenidade entre os negócios locais. Entre os modelos de receita, vendas diretas (30,75%) e assinaturas SAAS – modelo de licenciamento de software em que os aplicativos baseados na nuvem podem ser alugados de forma recorrente e acessados pela Internet – (30,35%) são os mais adotados, reforçando a vocação digital do ecossistema brasiliense.
Apesar dos avanços, o estudo apontou desafios persistentes, como a baixa presença feminina entre fundadores de startups. Dos negócios, 67,82% são liderados por homens, enquanto 29,94% são liderados por mulheres. Segundo Thiago Angelo, gestor do projeto Brasília Capital Inovadora no Sebrae no DF, esse desequilíbrio de gênero indica a urgência de ações voltadas à inclusão. “Tínhamos pouco mais de 200 startups registradas quando assumi o projeto; hoje, são mais de 500. Conseguimos aumentar a presença dessas empresas, aumentamos o número de mulheres com capacitações, consultorias e estamos gerando impacto. Ainda temos um longo caminho pela frente, mas já estamos trilhando por ele’’, afirmou.
A abertura do evento contou com participação da diretora superintendente do Sebrae no DF, Rose Rainha, que ressaltou o papel do evento como espaço de conexão produtiva e fomento ao empreendedorismo. “O Lab Day nasceu como um momento de troca, quase como um happy hour para empreendedores apresentarem ideias, se inspirarem e fecharem negócios. A cada encontro, trazemos uma temática nova e queremos que, daqui, surjam ainda mais conexões e oportunidades’’, disse a dirigente.

Na sequência, o público acompanhou a palestra “Disciplina de capital: resiliência e inovação em startups do Brasil e do Mundo”, com Philipe Moura, CEO da Vinci Ventures e ex-diretor global da Mastercard.
Em sua apresentação, o especialista compartilhou experiências sobre os desafios da captação de recursos com propósito e estratégias de crescimento com foco em sustentabilidade financeira e destacou a importância da comunicação clara e da construção de relações sólidas com investidores. “Os founders que captam bem são, antes de tudo, bons vendedores. O investidor também é um cliente e, como tal, precisa enxergar segurança, firmeza e alinhamento com os propósitos do negócio. Captação é, no fundo, uma transação comercial que exige confiança e clareza”, observou.

O conteúdo foi registrado em tempo real por meio de painéis gráficos ilustrados, produzidos pelo facilitador Bruno Tavares, que há 11 anos trabalha com facilitação gráfica no DF e transmitiu a mensagem do encontro em elementos visuais que integraram a proposta visual e interativa do LabDay.
Ainda segundo Thiago Angelo, a proposta da noite foi focada no tema de investimentos pois, após os estudos, foi identificado que esse é um dos maiores gargalos do ecossistema. ‘‘Além disso, atualizamos o panorama das startups do DF, com dados que mostram avanços importantes, como o crescimento da base cadastrada e a consolidação de modelos de negócio digitais e escaláveis”, destacou.

Outro ponto destacado durante o evento foi a importância de uma formação empreendedora completa para as startups. Carlos Cardoso, gerente de Negócios em Rede do Sebrae no DF, reforçou que lacunas em áreas como gestão, marketing e planejamento são comuns e precisam ser endereçadas desde os primeiros estágios.
“É comum vermos equipes muito boas em tecnologia, mas com dificuldades em outras frentes essenciais. Por isso, oferecemos conteúdos diversos, de pitch de vendas à gestão de pessoas. E esse apoio começa antes mesmo da formalização da empresa’’, salientou o gerente.
Durante a noite, participantes também compartilharam suas experiências no universo das startups. Wendell Lima, CEO da Trip For Me, trocou experiências com os participantes sobre seu projeto de turismo em realidade virtual. A startup busca levar experiências imersivas a shoppings, aeroportos e espaços públicos, com o objetivo de despertar o interesse de turistas por destinos brasileiros.
“Queremos promover o turismo brasileiro a partir de experiências imersivas. Já começamos com Jericoacoara e a ideia é levar o projeto a outras regiões, como Brasília. Participar do Lab Day foi uma experiência incrível — é um espaço de troca muito valioso, especialmente para quem está migrando de setores tradicionais para a tecnologia”.
A percepção positiva foi compartilhada também por representantes de instituições parceiras. Vanessa Lopes, do RH da Brasil Startups, destacou que os encontros mensais vêm promovendo impacto direto no ecossistema. “Mesmo pessoas de fora do setor conseguem agregar conhecimento e evoluir. Notamos uma redução nas dúvidas recorrentes entre os empreendedores, o que mostra que essas ações são fundamentais e por isso a Brasil Startups segue apoiando este tipo de encontro que fortalece o nosso ecossistema”, pontuou.
Além da Brasil Startups, outras instituições do ecossistema de inovação também apoiaram o encontro e marcaram presença com representantes para interagir com os participantes, esclarecer dúvidas e apresentar oportunidades. Entre elas, estiveram a COTI Aceleradora, Biotic, Cocreation Lab, Finatec, Instituto Multiplicidades, BRB Lab e o Hub da Indústria.
Para quem deseja se aprofundar nos dados apresentados durante o evento, o estudo completo “Sebrae Startups Report – Distrito Federal 2025” está disponível online. O material reúne análises sobre o perfil das startups do DF, seus modelos de negócio, estrutura, áreas de atuação e principais desafios enfrentados.
A próxima edição do Lab Day está prevista para ocorrer no dia 26 de agosto, novamente no Sebraelab. O encontro será focado em empreendedores do segmento de gastronomia do Distrito Federal.
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