O empreendedorismo feminino tem se consolidado como um dos vetores mais relevantes para o desenvolvimento econômico e social no Brasil e no mundo. De acordo com levantamento recente do Global Entrepreneurship Monitor (GEM), o país é um dos que mais registram mulheres à frente de pequenos negócios, embora ainda persistam desafios relacionados ao acesso ao crédito, à jornada dupla e às barreiras estruturais de mercado. Nesse cenário, iniciativas de reconhecimento e valorização das empreendedoras assumem papel fundamental para inspirar, dar visibilidade e criar redes de apoio.
No Distrito Federal, a edição 2025 do Prêmio Sebrae Mulher de Negócios, realizada no dia 21 de agosto no Espaço Villa Rizza, celebrou histórias de empresárias que transformam desafios em oportunidades. Segundo Karina Ângelo, analista da Gerência de Atendimento Personalizado do Sebrae no DF e gestora do projeto, a premiação é desenvolvida desde 2004 para apoiar mulheres empreendedoras em todo o país.
“Mais do que premiar trajetórias individuais, essa iniciativa busca dar visibilidade ao potencial transformador do empreendedorismo feminino. Queremos que cada história aqui celebrada sirva como estímulo para que outras mulheres acreditem em seus projetos e sigam adiante”, destacou Karina. Neste ano, a etapa no DF apresentou as vencedoras em três categorias: Microempreendedora Individual (MEI), Pequenos Negócios e Ciência e Tecnologia.
Na abertura oficial, a diretora superintendente do Sebrae no DF, Rose Rainha, ressaltou o compromisso da instituição com a pauta do empreendedorismo feminino. “O Sebrae no Distrito Federal tem um compromisso muito forte com essa pauta porque entendemos os desafios que as mulheres enfrentam e a importância de fortalecê-las como protagonistas da economia local. Premiar empreendedoras é motivo de orgulho, de celebração e de esperança em um futuro com mais igualdade, inovação e desenvolvimento para todos”, disse.

A diretora de Administração e Finanças do Sebrae Nacional, Margarete Coelho, também esteve presente no encontro, destacou os obstáculos enfrentados pelas empreendedoras no país e anunciou novidades para a etapa nacional. “Há três grandes barreiras que ainda precisam ser superadas: a gestão do tempo, o acesso ao crédito e a falta de garantias. O Sebrae tem atuado com iniciativas como o Fundo de Aval (FAMPE), que viabiliza crédito para mulheres que muitas vezes não têm bens para oferecer como garantia. E este ano, além das mentorias e capacitações, as vencedoras nacionais também receberão apoio financeiro: 30 mil reais para a primeira colocada, 20 mil para a segunda e 10 mil para a terceira”, afirmou.
Já a diretora técnica do Sebrae no DF, Diná Ferraz, reforçou o papel transformador da instituição no fortalecimento de pequenos negócios liderados por mulheres. “O papel do Sebrae é apoiar as mulheres para que, por meio do empreendedorismo, conquistem autonomia, independência e sejam protagonistas de suas vidas e de seus negócios. Quase 100 empreendedoras participaram desta edição, mostrando a força e a relevância das mulheres nos negócios. O Sebrae seguirá ao lado delas, impulsionando esse movimento de transformação”, destacou.
O gerente de Políticas Públicas e Educação Empreendedora do Sebrae no DF, Jorge Adriano, também falou aos presentes sobre o Movimente nas Cidades, iniciativa voltada ao fortalecimento do empreendedorismo feminino em todas as regiões administrativas do Distrito Federal. Ele lembrou que o projeto nasceu da escuta de milhares de empresárias do DF e tem se consolidado como um espaço de construção coletiva em todo o território.
Categoria Microempreendedor Individual (MEI)

Na categoria Microempreendedora Individual (MEI), o terceiro lugar ficou com Luciana Gaspar, proprietária da Ohflora, empresa de cosméticos naturais artesanais. O segundo lugar foi conquistado por Ludmila de Melo, da LuTsuru Origami, dedicada à arte japonesa do origami e à papelaria realista em 3D. O primeiro lugar foi para Nayara Rodrigues, do Ateliê Menina Bordada, especializado em peças artesanais para bebês, crianças e famílias. “O meu ateliê só existe porque a minha filha foi gerada. Eu tinha como objetivo vê-la crescer e poder passar para ela todo o potencial daquilo em que acredito. E é também pela minha avó, Maria, que sempre foi uma costureira de mão cheia e pela minha mãe, que nunca deixou de acreditar em mim. Nós chegamos até aqui e estou muito orgulhosa disso”, afirmou.
Categoria Pequenos Negócios
Na categoria Pequenos Negócios, o terceiro lugar foi de Alessandra Bernardes, proprietária do ATIVA, studio de pilates. Em segundo lugar ficou Adriana Maciel, advogada especializada em Direito Previdenciário. A vencedora foi Patrícia Bozolan, sócia-proprietária do Instituto Revellas, que oferece atendimento especializado para mulheres em situações de vulnerabilidade, como relacionamentos abusivos e processos de divórcio. “É um empreendimento de cuidar da mulher antes, durante e depois dessas situações, com acompanhamento pós-divórcio. São histórias que atravessam a minha vida todos os dias e que me inspiram a continuar. Eu sempre digo: a gente só solta a mão quando encontra a paz e ser reconhecida por um prêmio como esse é motivo de extrema felicidade. Mil vezes obrigada”, disse.

Categoria Ciência e Tecnologia
Na categoria Ciência e Tecnologia, o reconhecimento ficou concentrado em uma única vencedora, já que não houve classificação para segundo e terceiro lugar nesta etapa. O prêmio foi para Melissa Monteiro, CEO da Metala, startup dedicada ao desenvolvimento de nanofluidos para aumentar a eficácia de tratamentos de câncer. Ao receber o reconhecimento, Melissa destacou sua trajetória, emocionada. “Tenho 53 anos e voltei para a academia, para estudar ciência, já mais velha. A mensagem que quero passar é que todas nós somos capazes, em qualquer momento e em qualquer situação. A Metala trabalha com câncer, trazendo uma proposta de tratamento inovador em tecnologia. Eu consegui. E, se eu consegui, todas conseguem”, celebrou.

Com o reconhecimento, as três vencedoras avançam para a etapa regional, marcada para o dia 1º de setembro. As finalistas selecionadas disputarão o Prêmio Sebrae Mulher de Negócios Nacional, que será realizado no final de outubro, em Florianópolis.
Sócias da Criamigos falam sobre experiência do consumidor
Antes do anúncio das vencedoras, o evento contou com a palestra “Como transformar compras em memórias e experiências marcantes”, apresentada pelas sócias da Criamigos, Veronicah Sella e Natiele Krassmann. A empresa nasceu em 2016, com investimento inicial de R$ 200 mil, e deve fechar 2025 com faturamento de R$ 200 milhões.
Segundo Natiele, a inspiração surgiu em 2015, durante uma missão do Sebrae à NRF, em Nova Iorque. “O Sebrae foi um grande parceiro nessa caminhada. Estávamos em Nova Iorque, participando da NRF, quando surgiu a ideia que deu origem à Criamigos. Esse apoio inicial foi fundamental para que tivéssemos segurança de formatar e colocar em prática o nosso projeto”, afirmou.
De lá para cá, o negócio expandiu-se para mais de 70 lojas no Brasil, inaugurou o primeiro hotel temático para crianças do país e um parque indoor com mais de 50 atrações. Com o conceito de loja-oficina, a marca permite que o cliente monte sua pelúcia escolhendo tamanho, formato, voz e até inserindo simbolicamente um coração, recebendo ao final um certificado de nascimento do brinquedo.

Para Veronicah, esse é o diferencial que sustenta o crescimento. “A experiência do cliente sempre foi o nosso foco. Queríamos que a compra fosse muito mais do que levar um produto para casa. O processo de personalização, o momento de inserir o coração, tudo foi pensado para criar memórias afetivas que acompanhem as famílias por muitos anos”, destacou.
No encerramento, as sócias levaram a experiência ao público, mostrando como o coração é inserido na pelúcia e presentearam a diretora Margarete Coelho com o bichinho

