Estudantes da Centro de Ensino Fundamental 02 de Brazlândia participaram na sexta-feira, 28 de novembro, da primeira edição da Feira do Programa Jovens Empreendedores Primeiros Passos (JEPP). A iniciativa contou com apoio do Sebrae no Distrito Federal e envolveu alunos matriculados em turma do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental, além de atores da comunidade escolar, como pais e professores, e teve como objetivo de estimular o comportamento e o desenvolvimento de habilidades empreendedoras.
Para a realização da feira, os estudantes passaram por um ciclo completo de aprendizado sobre empreendedorismo, com o apoio do Sebrae no Distrito Federal. A atuação foi possível por meio de parceria estabelecida com a Secretaria de Estado de Educação do DF que permitiu que consultores da instituição pudesse realizar capacitações com os professores, apresentando ferramentas e meios de trabalhar a temática do empreendedorismo em sala de aula.
Dessa forma, os estudantes puderam vivenciar o desenvolvimento de competências e práticas relacionadas à criação de um pequeno negócio, alinhadas aos conteúdos dos livros do programa JEPP. Dentre os temas abordados estavam pesquisa de mercado, gestão financeira, sustentabilidade e técnicas de atendimento ao cliente.
A vice-diretora da unidade escolar, Juliane Rodrigues, explicou que o desenvolvimento do programa envolveu cerca de 400 estudantes e que a preparação foi iniciada no mês de março, superando diversos desafios. O maior deles foi o período de greve das escolas públicas do DF, no mês de junho. “Com isso, retomamos os trabalhos do programa somente em agosto. Foram realizadas capacitações presenciais e também de forma remota com os educadores. Para intensificar, nós também criamos um grupo de WhatsApp para troca de ideias e sanar eventuais dúvidas”, contou a dirigente.

Desse modo, o apoio do Sebrae, que já seria fundamental sem a paralisação, tornou-se ainda mais relevante para o bom andamento da metodologia do programa. Os consultores da instituição conduziram todo o apoio e assistência necessários, realizando formações e acompanhando de perto a aplicação da metodologia JEPP, estimulando a geração de novas ideias e compartilhando experiências de outras escolas. “No fim das contas, deu tudo certo. Foi uma iniciativa muito válida, pois os estudantes amadureceram muito ao longo desses meses, puderam entender a importância de empreender e ajudaram a influenciar a própria comunidade. Eles perceberam que basta uma boa ideia e perseverança para que eles sigam adiante, eles vão longe”, acrescentou Juliane.
Professor de inglês que atua há 15 anos na rede de ensino, Elinton da Silva foi um dos educadores a participar ativamente da implementação da metodologia do JEPP com as turmas do 8º e 9º anos no período vespertino. Para ele, a experiência de trabalhar com o tema empreendedorismo representou um grande desafio, uma vez que se trata de um conteúdo completamente novo, diferente dos temas transversais que normalmente aborda em sala de aula.
No entanto, o educador ressaltou que o apoio da equipe ofertado pelo Sebrae foi fundamental para orientá-lo sobre como abordar o tema de forma prática e engajadora com os estudantes. “Esse suporte foi essencial, pois sou muito teórico e precisava de direcionamento para aplicar a parte prática do programa. Houve uma boa adesão e engajamento dos estudantes, que se dedicaram a desenvolver seus próprios temas e projetos empreendedores. Foi uma experiência enriquecedora tanto para os alunos quanto para mim, enquanto professor”, comentou ele.
Um dos estudantes do CEF 02 de Brazlândia engajados na realização da feira foi Paulo Sérgio, do 9º ano. Juntamente com os demais colegas de classe, ele colaborou para o desenvolvimento de um projeto similar a um sebo de livros. “Conseguimos receber doações de alguns livros, e estamos apresentando cada obra aqui a um preço bem abaixo do mercado. Nosso objetivo é proporcionar acesso ao conhecimento e à leitura, que são tão importantes, principalmente no aprendizado”, explicou.
Paulo revelou que o preparo dos livros para a revenda foi um processo simples, envolvendo a triagem dos livros doados, a avaliação das condições e a precificação. A etapa que ele mais gostou foi a de receber as doações, pois percebeu o quanto as pessoas estavam dispostas a ajudar, o que foi muito gratificante.
O estudante também falou sobre a chance de vivenciar a experiência empreendedora. “Penso que o empreendedorismo é um comportamento muito importante e que precisa realmente ser trabalhado nas escolas. Nós, estudantes, não precisamos manter o foco apenas no que tradicionalmente pedem para nós, como passar em vestibulares ou concursos públicos. O JEPP funcionou como uma porta para eu enxergar outras possibilidades de carreira e desenvolvimento”, completou Paulo.

Também do 9º ano, Geovanna Gonçalves foi outra estudante a participar do projeto com os livros. Ela classificou a preparação e o processo de organização da feira como desafiadores e fundamentais. Além disso, viver todas as etapas a fez perceber que as pessoas têm interesse em ler, mas muitas vezes não têm condições financeiras para comprar os livros.
“A etapa que mais gostei é essa que estamos agora. A interação com o público durante e a oportunidade de poder explicar o nosso projeto e atender os clientes está sendo gratificante. A experiência do JEPP foi muito importante, pois proporcionou uma base prática sobre empreendedorismo, algo que acredito ser essencial para nós, estudantes, que muitas vezes saem da escola sem saber o que fazer na vida”, pontuou Geovanna.
A professora Sandra Du’vale também participou das ações do Programa JEPP desenvolvido pelo CEF 02 de Brazlândia. Ela está na instituição desde 2007 e atualmente ministra aulas de artes para estudantes do Ensino Fundamental II.
Sandra revelou ter percebido ao longo da aplicação da metodologia que a associação entre empreendedorismo e as disciplinas tradicionais é essencial para encorajar estudantes dos mais variados perfis a buscarem meios de evoluir. Além disso, pontuou que o estímulo ao pensamento empreendedor pode ser, assim como a arte, uma espécie de terapia capaz de ajudar a trabalhar questões como ansiedade e depressão entre os estudantes. “É uma metodologia que fez a diferença em nossa escola e que torço para que possa ser expandida para outras unidades, apoiando o desenvolvimento de mais alunos”, declarou.

Maria Vitória, estudante do 8º ano, também foi impactada pelo desenvolvimento das ações do programa. Em parceria com os demais colegas de classe, ela colaborou com o projeto de uma horta sustentável, ajudando nas atividades de pesquisa sobre o cultivo de mudas de alface, coentro, bem como na organização do espaço, utilizando garrafas PET. “Todos nós precisamos contribuir de alguma forma e foi bem legal toda a interação que essa proposta do JEPP permitiu”, contou.
A estudante avaliou a participação nesta primeira edição da feira no CEF 02 como uma experiência inesquecível e enriquecedora. “O JEPP nos ajudou a aprender sobre o empreendedorismo, a colocar a mão na massa e a entender que podemos, sim, criar nossos próprios negócios. Foi muito importante para abrirmos a mente e pensarmos no futuro”, concluiu a estudante.
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