O aroma fresco de manjericão e cheiro-verde tomou conta do pátio da Escola Classe 03 de Brazlândia na última sexta-feira, 10 de outubro. As folhas colhidas da horta escolar, cuidadas com carinho pelos estudantes ao longo do ano, ganharam um novo destino: os espaços montados para a realização da primeira Feira do Programa Jovens Empreendedores Primeiros Passos (JEPP) da unidade escolar. Além das hortaliças, os visitantes também encontraram mini suculentas e dindins de morango, vendidos com entusiasmo pelos estudantes do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental.
A realização da feira representou um momento significativo para a escola, que adotou o modelo de ensino integral por adesão, possibilitando que os alunos permaneçam durante todo o dia na instituição.
A coordenadora da educação integral, Vanessa Vídero, destaca que o evento integrou dois projetos que se complementam: a horta escolar e o JEPP, desenvolvido em colaboração com o Sebrae no DF.
O programa foi desenvolvido na unidade educacional de Brazlândia por meio de uma parceria entre o Sebrae do Distrito Federal e a Secretaria de Estado de Educação do DF. Nesse contexto, o Sebrae iniciou, no primeiro semestre do ano, a capacitação dos professores, preparando-os para se tornarem multiplicadores de conhecimento e incentivarem os alunos a aplicar, na prática, os conceitos de empreendedorismo aprendidos em sala de aula.
As competências abordadas incluem a elaboração de um pequeno negócio e as etapas necessárias para sua implementação, todas alinhadas à temática do livro do JEPP. Entre os aspectos discutidos, destacam-se a pesquisa de mercado, a gestão financeira, a fabricação de produtos para venda e as técnicas de atendimento ao cliente.

“Todos os anos, recebíamos a oportunidade de implementar a metodologia do JEPP, mas ainda não a havíamos integrado ao currículo escolar. Porém, neste ano, conseguimos fazer a integração com a horta. As crianças já cultivavam as hortaliças e temperos há algum tempo, então o tema casou perfeitamente. Elas plantaram, colheram e hoje estão vendendo o que produziram. Foi um aprendizado completo”, destacou Vanessa.
Além do trabalho com o JEPP, a escola também desenvolve uma iniciativa própria de incentivo ao empreendedorismo: o ‘Dinheirinho do Bem’, um projeto em que os estudantes aprendem a lidar com dinheiro e virtudes, trocando valores simbólicos por lanches e experiências educativas.
“Eles já tinham um contato com o empreendedorismo por meio do Dinheirinho do Bem, mas com os livros do JEPP e a metodologia do Sebrae conseguimos aprofundar muito mais. Os pais abraçaram a ideia, fizeram doações e hoje os estudantes estão empolgados com o resultado”, completou Vanessa.

A professora Anidaira Lira, responsável pelas turmas do integral do 3º, 4º e 5º anos, já conhecia o programa de outras escolas e trouxe sua experiência para enriquecer o projeto.
“O JEPP é muito interessante. Trabalha paciência, planejamento, criatividade e cooperação. Os estudantes se identificam com as aventuras dos livros, e o material didático ajuda muito. Com o tema da horta, adaptamos as sugestões do programa e unimos as turmas para produzir e vender temperos naturais e as suculentas. Os estudantes se sentiram verdadeiros empreendedores”, contou.
Entre os pequenos vendedores, Santiago Furtado Salles, de 11 anos, estudante do 5º ano, não escondia o entusiasmo. “Foi muito legal aprender sobre a natureza e cuidar do dinheiro. É a primeira vez que participo de algo assim, e gostei de ver as pessoas comprando o que a gente plantou. Dá vontade de fazer de novo!”, disse o estudante.

Já Sofia Cardoso, de 9 anos, do 3º ano, ajudou na barraca de suculentas e na venda dos dindins de morango – um dos produtos mais procurados da feira.
“Gosto de vender e conversar com as pessoas. Quero ser advogada, mas também penso em abrir uma loja de roupas. Acho que aprendi um pouquinho sobre como fazer isso”, contou, com a segurança de quem já entende o valor do trabalho em equipe.
A professora Gabrielle Ribeiro explicou que as atividades foram pensadas para integrar diferentes idades e responsabilidades.
“Os estudantes do 1º ao 3º ano ficaram responsáveis por convidar o público e apresentar os produtos. Já os do 4º e 5º cuidaram do caixa e das vendas. Todos se envolveram, principalmente no período da tarde, quando dedicaram o tempo integral ao projeto. Foi uma experiência muito positiva e transformadora”, avaliou.
O saldo final, segundo a coordenadora Vanessa, foi extremamente positivo. ‘‘Mais do que uma feira, o evento se transformou em um grande exercício de protagonismo e aprendizado. As crianças que antes apenas cultivavam a horta agora descobriram que dela também podem nascer ideias, negócios e sonhos’’, concluiu.

