O Centro Educacional 308 do Recanto das Emas recebeu, na noite de terça-feira, 25 de novembro, o evento de encerramento do Projeto Empresa Simulada. A ocasião marcou a conclusão das atividades desenvolvidas durante o ano letivo por estudantes da própria unidade escolar, bem como da Centro Educacional 02 do Cruzeiro e da Escola Técnica de Santa Maria. A iniciativa integra as ações do Núcleo de Empreendedorismo Juvenil (NEJ) e aplica uma metodologia licenciada pelo Sebrae Minas, adaptada e implementada pelo Sebrae no Distrito Federal.
O projeto proporciona aos estudantes uma vivência prática sobre o funcionamento de uma empresa tradicional, desde o planejamento do negócio até a simulação de vendas, relacionamento com fornecedores, gestão de equipe e atendimento ao cliente. Ao longo do processo, os estudantes passam por três etapas principais: tutoria com empresários locais, desenvolvimento do plano de negócios na etapa Vitrine e, por fim, a simulação da empresa em ambiente controlado, durante a feira.
Analista do Sebrae no DF e coordenador local das ações do NEJ, Fernando Leite explicou que o projeto é estruturado para que os estudantes vivenciem a lógica empresarial de forma progressiva e didática.

Segundo ele, no início do ano os alunos passam por um processo de tutoria com empresários da própria região, para compreender a realidade do mercado. “Os estudantes buscaram empresas reais, conheceram como funciona o dia a dia de um negócio, entenderam questões de caixa, estoque, atendimento, logística. É um primeiro contato com a realidade empresarial, para que eles não fiquem apenas na teoria”, afirmou.
Após a imersão inicial na realidade do mercado, a segunda fase, denominada Projeto Vitrine, conduziu os estudantes a desenvolverem o plano de negócios, com definição do produto ou serviço, público-alvo, identidade visual e análise estratégica, incluindo ferramentas como a matriz SWOT. “Eles escolhem qual empresa vão simular e estruturam essa ideia durante meses, pensando nos riscos, oportunidades, custos, comunicação e proposta de valor”, detalhou.
A terceira etapa é a Empresa Simulada, quando as empresas passam a operar de forma fictícia, mas seguindo regras próximas às do mercado real. “O Sebrae distribui cartões de dinheiro fictício para os estudantes. Eles usam esse recurso para ‘comprar’ os produtos ou serviços das outras empresas simuladas, como em uma feira normal. A ideia é observar o desempenho estratégico das empresas, não só quem vende mais, mas quem se organizou melhor, quem soube se comunicar, atender e se posicionar”, completou Fernando.
Ao todo, foram formadas sete empresas simuladas, envolvendo alunos das três escolas participantes. Uma das novidades desta edição foi a realização de pitches de cinco minutos no palco, avaliados por jurados e também por votação popular.
Entre as empresas simuladas apresentadas, o projeto Marvik Coffee foi desenvolvido por estudantes do curso no CED 08 do Recanto das Emas. A empresa fictícia foi criada por oito alunos, que cederam suas iniciais para o nome do negócio: Micaele, Adriana, Renan, Vitor, Irani, Karen, Kezia e Kelven.

A estudante Adriana Maria Vieira, que atuou como gerente de recursos humanos do grupo, explicou que a proposta era trabalhar com cafés especiais, inclusive com grãos colombianos e combinações com chocolate, pimenta, dom luiz e capuccino com chantilly. “A gente queria mostrar a nossa empresa como a gente a imagina fora do papel. Por isso, criamos a estrutura física, os uniformes, a identidade visual. Foi uma forma de materializar o que a gente planejou ao longo do ano”, relatou ela.
O grupo investiu recursos próprios para montar o estande e produzir camisetas personalizadas. “Tivemos apoio da coordenação em algumas coisas, mas as camisetas, por exemplo, foi tudo do nosso bolso. Cada um contribuiu com a sua parte. A gente queria fazer bem-feito”, acrescentou Adriana.
Segundo ela, o projeto já despertou interesse real de possíveis investidores. “Já tem pessoas querendo investir ou entrar como sócio. E depois da feira, acredito que esse interesse vai aumentar”, concluiu.
Diretor do CED 308 do Recanto das Emas, Milton José da Silva avaliou o projeto como um marco para a comunidade escolar. Segundo ele, a proposta foi inicialmente pensada para o turno vespertino, mas se expandiu para o noturno, ampliando o alcance também para ex-alunos e moradores da comunidade.

“Foi um momento único para a escola. Conseguimos atender tanto nossos alunos regulares quanto pessoas da comunidade que já tinham concluído o ensino médio. Isso fortaleceu o vínculo com o território”, destacou. O diretor ressaltou a formação de 55 estudantes no curso, um número expressivo que representa o impacto positivo da iniciativa. ‘‘Distribuídos em três turmas noturnas, os estudantes demostraram entusiasmo, ao longo das 800 horas de formação, reforçando a importância de oportunidades educativas alinhadas às necessidades da comunidade local’’, disse.
Já o professor de Empreendedorismo do CED 02 do Cruzeiro, Nhartani Pereira Lopes, que participou pela primeira vez da aplicação da metodologia, avaliou a experiência como transformadora. “O maior desafio foi estimular a criatividade e ampliar a compreensão sobre o conceito de empreender. Muitos acham que empreender é só vender e ganhar dinheiro. Eu quis mostrar que é desenvolver perfil empreendedor, decisões, responsabilidade, visão de futuro. Isso serve para toda a vida, não só para abrir empresa”, afirmou.
Já na Escola Técnica de Santa Maria, a professora Géssika Almeida, responsável pelas disciplinas Projeto Vitrine e Empresa Simulada 2, destacou o apoio do Sebrae como fundamental para o desenvolvimento das atividades. “O Sebrae cedeu computadores, deu suporte pedagógico, mentorias e cursos para os professores. Isso facilitou muito o trabalho. A gente entrega a proposta e os estudantes fazem a aula acontecer”, assegurou.

Géssika relatou que, mesmo diante de limitações de tempo e estrutura, os alunos se envolveram de forma intensa. “Eles produziram tudo: crachás, lembrancinhas, identidade visual, marca. Foi um trabalho totalmente autoral. Dá orgulho ver o nível de engajamento”, relatou.
Representando a Diretoria de Educação Profissional da Secretaria de Educação do DF, Ana Lígia Porto destacou que, há cerca de sete anos, a disciplina de empreendedorismo passou a integrar oficialmente os cursos técnicos da rede pública. “A ideia é que o estudante não se forme apenas para ser empregado, mas para também visualizar a possibilidade de ser empreendedor, abrir um negócio, prestar serviços e gerar renda”, declarou.
Segundo ela, a formação empreendedora continua sendo essencial. “O profissional pode ser técnico em eletricidade, mecânica, e abrir sua própria loja ou prestar serviços na comunidade. Isso gera autonomia, renda e cidadania”, complementou.
A atuação do Sebrae no NEJ
O projeto Empresa Simulada no DF é uma das ações do Núcleo de Empreendedorismo Juvenil, desenvolvido em parceria entre o Sebrae no DF e a Secretaria de Educação. Por meio da metodologia licenciada do Sebrae Minas, o Sebrae DF atua na formação de professores, apoio estrutural às escolas e acompanhamento técnico das atividades.
A iniciativa tem como foco o desenvolvimento de competências empreendedoras em jovens, preparando-os para a tomada de decisão, resolução de problemas, trabalho em equipe, planejamento e visão de futuro.

