Estudantes do Centro de Educação Nery Lacerda, o Cenel, participaram no último sábado, 4 de outubro, do evento de fechamento do Programa Jovens Empreendedores Primeiros Passos (JEPP). A iniciativa, desenvolvida pela unidade escolar sediada em Sobradinho em parceria com o Sebrae no DF, também mobilizou outros atores da comunidade escolar, como pais e professores, e funcionou como um meio de cultivar a mentalidade e comportamentos empreendedores em 130 estudantes da unidade escolar.
A feira do JEPP é uma realização já estabelecida no calendário da instituição. Contudo, um breve hiato ocorreu entre 2020 e 2023, devido à pandemia. O retorno do programa aconteceu no ano passado, com uma estrutura especial montada pela coordenação do centro de educação. O retorno foi comemorado por toda a comunidade e envolveu mais estudantes que aprenderam sobre empreendedorismo, com um foco especial na diversidade do Cerrado.
Da mesma forma, neste ano, a realização do evento foi muito comemorada. Para isso, o Sebrae atuou de forma estratégica, capacitando os professores para que eles pudessem replicar, em salas de aula, conhecimentos sobre diversas temáticas empreendedoras, incluindo gestão financeira, atendimento ao cliente, marketing, entre outros assuntos.

A coordenadora pedagógica do Cenel, Ezilene de Souza, comentou sobre a relevância do JEPP. Para ela, o programa não apenas transforma o ambiente escolar, mas também tem um impacto significativo nas casas e na rotina fora da sala de aula de cada estudante.
“O JEPP se tornou a iniciativa de maior impacto em nossa escola. A metodologia lúdica e prática promove uma formação que vai além da teoria, engajando todos os participantes. Ao longo dos anos, observamos um aumento no engajamento tanto dos estudantes quanto de suas famílias. Mães, pais e outros responsáveis acompanham o desenvolvimento das atividades, buscando informações e participando ativamente de toda a mobilização que o programa proporciona”, pontuou.
Ezilene observou, ainda, que as ações propostas pelo JEPP têm reflexo direto em outros projetos pedagógicos da escola, complementando conteúdos ao incorporar a linguagem empreendedora e estimulando o protagonismo, aspectos que os materiais didáticos tradicionais nem sempre abordam.
A diretora do Centro de Educação Nery Lacerda, Leo Nery, destacou a importância do JEPP e a evolução dos estudantes participantes. “Essa solução do Sebrae é incrível para fomentar o empreendedorismo desde a base. A escola, onde há um forte trabalho de formação dos nossos futuros cidadãos é o melhor lugar para isso. Nessa faixa etária, as crianças têm as janelas cerebrais abertas e a criatividade aflorada, o que as torna público-alvo ideal para o programa”, analisou.

“Observamos uma significativa evolução dos estudantes do ano passado para este, especialmente no que diz respeito à sociabilidade, tanto com os colegas quanto com as famílias. Por ser um projeto com muita prática, os estudantes levam os aprendizados para casa, gerando um retorno muito positivo por parte dos familiares”, complementou a diretora
Uma das ideias apresentadas durante a realização da feira do programa envolveu ativamente estudantes do 2º ano do Ensino Fundamental. Juntos, eles idealizaram a Horta na Escola, iniciativa que associou conceitos de empreendedorismo e sustentabilidade ambiental, transcendendo os muros da unidade escolar. A união entre a horta e o JEPP potencializou o aprendizado prático, permitindo que os alunos cultivem alimentos, entendessem processos naturais e ainda explorassem conceitos de produção, consumo consciente e até noções de educação financeira, proporcionado uma formação mais abrangente e significativa para os estudantes.
A estudante Alice Paes, uma das participantes da turma engajada no projeto, conta que aprendeu sobre as particularidades de diversas plantas, quase todas utilizadas como temperos em receitas culinárias. Ela plantou algumas espécies em casa, junto com seus pais. “O mais legal foi fazer a horta em casa. A gente plantou manjericão, hortelã e alecrim, e também montamos um catavento”, relatou a pequena estudante, de 7 anos.
A mãe de Alice, Eduarda Silvino, revelou que a evolução da filha com o envolvimento no projeto JEPP foi nítida e bastante significativa. “Desde o início do ano, Alice levou atividades do JEPP para casa e contou com o apoio de toda a família para se preparar para esse evento final. Este ano, o tema trabalhado foi sustentabilidade e me pareceu que ela achou ainda mais interessante o propósito. Anteriormente, já havíamos trabalhado com materiais recicláveis, mas agora, com a produção e venda dos próprios produtos, a proposta ficou ainda mais prática e aplicável no dia a dia e ela adorou”, comentou Eduarda.

A visão da estudante em relação a aspectos financeiros, segundo a mãe, foi aprofundada. “Percebi uma mudança na forma como Alice lida com o dinheiro. Ela começou a dar mais importância ao que está usando e como está usando. Nos últimos dias, a matemática foi trabalhada de maneira mais intensa, especialmente com o tema financeiro, e notei uma melhora significativa no aprendizado dela”, acrescentou.
Eduarda não poupou elogios à manutenção do programa pela unidade escolar. Segundo ela, a promoção é positiva para os estudantes se apresentarem, explicarem e conhecerem de verdade o que estão produzindo. “Essa vivência prática e o contato com a comercialização são experiências valiosas para o desenvolvimento deles”, ressaltou Eduarda.
Professora que atuou como multiplicadora da metodologia do JEPP para Alice e seus colegas, Claudiana Rodrigues afirmou que o programa promoveu uma evolução dos estudantes em diversas áreas. “O JEPP acrescentou muito à aprendizagem deles, tanto em Português — onde eles escreveram bastante, falaram sobre os benefícios dos temperos e criaram as tags para etiquetar os produtos — quanto em Ciências, Matemática e outras disciplinas, ampliando ainda mais a percepção e a importância de sempre buscar novos conhecimentos”, disse.
A educadora também destacou que os estudantes se tornaram verdadeiros empreendedores, sendo capazes de compreender e explicar sobre o tema proposta, além de desempenhar com excelência as funções propostas. “Durante o projeto, eles aprenderam as características do comportamento empreendedor, e cada um é capaz de explicar essas qualidades com propriedade. Poder presenciar isso de perto foi uma experiencia ótima e toda a equipe da escola ficou encantada com o que viu em nossos estudantes”, observou. “Os estudantes nos surpreenderam a cada dia, ampliando conhecimentos e desenvolvendo, autonomia”, concluiu a professora.

Outro estudante envolvido na realização da feira foi Henrique Santos, do 4º ano do Ensino Fundamental. “O JEPP foi muito especial. Foi uma atividade que chegou para aumentar a criatividade de todos da turma. Tivemos alguns erros no caminho, porque nem tudo deu certo como planejado, mas erros acontecem — e a gente aprendeu com eles. Usamos a criatividade, criamos poemas. Isso aumentou nossas capacidades, nossa esperança e também a nossa vontade de continuar criando. Sinto que o JEPP deixou a gente mais comunicativo, mais feliz, e nos ajudou a aprender mais sobre empreendedorismo, cultura, etnia e muitos outros assuntos importantes”, disse ela.
Uma das professoras responsáveis pela turma de Henrique, Zaira Melo, que também ministra aulas para o 5º ano, participou do JEPP pela primeira vez e enalteceu o envolvimento dos estudantes. “O JEPP foi muito especial. Percebei no dia a dia que as turmas se envolveram bastante e conseguimos integrar as famílias desde o início”, contou Zaira.
Os estudantes orientados por ela usaram os conceitos da metodologia do JEPP e criaram um espaço gastronômico com o tema “Cores e Sabores”. “Todos os alimentos vendidos foram preparados pelos próprios estudantes, com apoio familiar”, explicou a professora.
Segundo ela, os estudantes participaram ativamente de todas as etapas, inclusive na definição do sonho a ser realizado com o dinheiro arrecadado. “Foi muito bonito ver o envolvimento deles, que aprenderam conceitos importantes sobre marketing, lucro, entre outros”, concluiu Zaira.
O êxito da feira promovida pela instituição de ensino em parceria com o Sebrae também é fruto do comprometimento e da dedicação constantes dos professores e demais funcionários, que atuam em harmonia para acompanhar e apoiar todas as fases do programa. O espírito de colaboração, segundo a direção, é o alicerce que une a comunidade escolar, criando um ambiente onde talentos se complementam, obstáculos são superados em conjunto e o aprendizado se constrói de forma coletiva.
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