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Lab Day chega à 10ª edição em 2025 com programação voltada para o setor de turismo

Realização do evento também foi marcada pela entrega da primeira edição do Prêmio Café do Cerrado Central
Por José Maciel | Clip Clap Comunicação
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Em mais um movimento estratégico para fortalecer o potencial turístico do território brasiliense, o Sebrae no Distrito Federal promoveu na noite da última terça-feira, 28 de outubro, a 10ª edição do Lab Day em 2025. O evento, como de costume, movimentou o Sebraelab, no Parque Tecnológico de Brasília (BioTIC), e apresentou uma programação centrada na difusão de conhecimentos sobre o setor, além de servir de cenário para um reconhecimento inédito voltado para a cadeia produtiva do café local, com a entrega do Prêmio Café do Cerrado Central.

A premiação é resultado da articulação entre Sebrae no DF, Sistema Fape/Senar/Sindicatos e Secretaria de Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (Seagri/DF) e foi lançada no mês passado, durante um evento promovido no Parque da Granja do Torto (PGT). O objetivo da iniciativa foi valorizar a produção local e fortalecer a identidade do café do Distrito Federal e entorno, que já reúne aproximadamente 43 produtores em escala comercial e outros 120 em fase de desenvolvimento.

Presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae no DF e do Sistema Fape/Senar/Sindicatos, Fernando Cesar Ribeiro, destacou o propósito da premiação e os esforços para tornar o DF um dos principais polos de cafeicultura do país. Ele informou que todas as amostras avaliadas superaram 81 pontos, o que, segundo a Specialty Coffee Association (SCA), classifica o café como especial e de alta qualidade, com base em uma análise de critérios sensoriais.

Foto: Samuel Andrade | Focus Produção de Imagem

“Aqui no Distrito Federal, reunimos todas as características para a produção de um café de excelência. Contamos com altitude favorável, boa incidência de luz solar, solos férteis e produtores e instituições dedicados a impulsionar uma produção de grande qualidade”, afirmou Fernando.

A diretora técnica do Sebrae no DF, Diná Ferraz, também reconheceu o potencial produtivo da área rural brasiliense e destacou o papel da instituição no fortalecimento da cadeia produtiva do café. “A atuação do Sebrae visa valorizar e incentivar cada vez mais os pequenos produtores e fortalecer essa importante cadeia do nosso agronegócio. A concepção e a entrega deste prêmio são o início de uma jornada que empreenderemos para estimular, valorizar, divulgar e disseminar os excelentes cafés que possuímos”, comentou.

Foto: Samuel Andrade | Focus Produção de Imagem

A superintendente do Sebrae no DF, Rose Rainha, também marcou presença no evento, reforçando o apoio e a valorização dos produtores de café e do setor de turismo local. Ela enalteceu o papel do Sebrae em promover a integração entre as cadeias produtivas, gerar visibilidade para os empreendedores e ampliar oportunidades de negócios sustentáveis e inovadores. “Hoje é uma noite especial para nós, que, junto com o Sistema Fape/Senar/Sindicatos, estamos celebrando não só o sabor, mas também a dedicação, a história e o trabalho incansável dos produtores de café da nossa região, que transformam paixão em qualidade e excelência”, afirmou.

Foto: Samuel Andrade | Focus Produção de Imagem

O secretário-executivo de Agricultura, Pedro Paulo Gama, também salientou o empenho e a dedicação dos produtores de café do Distrito Federal. Ele mencionou algumas recentes premiações recebidas por produtos provenientes do DF e afirmou que o cultivo de café na região segue a mesma trajetória de sucesso.

Na sequência, o público presente ao Sebraelab conheceu os três melhores cafés reconhecidos pela premiação. Em um processo rigoroso e padronizado conhecido como cupping, os cafés são avaliados segundo protocolos internacionais da SCA para determinar sua qualidade. Esse método detalhado exige um ambiente controlado – bem iluminado, silencioso e sem odores – e a preparação cuidadosa das amostras.

A avaliação foi comandada por Kwong Jork Yeung, popularmente conhecido como K.J., e sua equipe. Ele é administrador pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), técnico em cafeicultura pelo Instituto Federal Sul de Minas e mestre de torra formado por Ensei Neto e Isabela Raposeiras. Atua no setor cafeeiro desde 2013 e integrou o comitê organizador da Semana Internacional do Café (SIC).

Foto: Samuel Andrade | Focus Produção de Imagem

K.J. explicou como foi feito o processo de avaliação sensorial, que compreende várias etapas: análise do aroma seco (fragrância), infusão, quebra da crosta para liberação de aromas e remoção de resíduos, enquanto a prova em si ocorre enquanto o café esfria, permitindo aos degustadores sorver o líquido para aerá-lo e analisar a evolução dos sabores. A pontuação é feita numa escala de 100 pontos, considerando atributos como fragrância/aroma, sabor, finalização, acidez, corpo, uniformidade, equilíbrio, limpeza, doçura, e a ausência de defeitos, além de uma pontuação global.

Todo o processo de torra e avaliação sensorial foi realizado no Laboratório de Análise Sensorial, da Universidade de Brasília (LASENS/UnB), sob a coordenação de K.J. Também participou do processo preparatório de avaliação, que consistiu na codificação das amostras e na disponibilização de espaços e estruturas adequadas à torrefação, a professora e coordenadora do LASENS, Lívia de Lacerda de Oliveira, e toda a equipe do Laboratório de Alimentos e Bromatologia da instituição de ensino.

A atuação da universidade assegurou a transparência de todo o processo e garantiu a surpresa dos premiados, já que somente no momento da cerimônia foram revelados os nomes dos vencedores, quando Lívia entregou à mestre de cerimônias os envelopes lacrados com o nome dos vencedores.

Ao todo, concorreram à premiação 13 produtores, com 21 amostras. O primeiro lugar foi para o Café Passárgada, produzido em uma área de meio hectare na Ponte Alta, no Gama, um dos lugares mais frios do Distrito Federal. A ideia de cultivo surgiu de uma parceria entre Juliano Coacci e Felipe Brige, há sete anos. “Fizemos o teste na chácara, que pertence aos meus pais. Plantamos algumas mudas para testar a adaptabilidade ao clima local e percebemos que elas se desenvolveram bem. Foi o pontapé que precisávamos para entrar de cabeça nessa jornada”, contou Juliano.

Foto: Samuel Andrade | Focus Produção de Imagem

O plantio de novos pés, no entanto, só aconteceu em 2020 e seguiu sendo feito pela dupla. Atualmente, a área de cultivo é distribuída para a produção de até seis variedades de café, sendo as principais Arara, o premiado, e o Catuaí. “A gente sonhava em ser premiado, sim. Sempre soubemos da qualidade do nosso fruto. Toda a produção envolveu muito cuidado. Esse prêmio é um reconhecimento que queríamos e que vai nos ajudar a seguir cultivando café e buscando maneiras de ampliar e melhorar o nosso produto”, acrescentou Juliano.

Atualmente, a venda do Café Passárgada é feita diretamente para uma lista de clientes pessoais, pois a produção ainda é limitada e não consegue atender à demanda de cafeterias e torrefações.

O segundo lugar da premiação ficou para Flávia de Oliveira Penido, produtora do Café Penido, na variedade Catuí Vermelho. Já a terceira colocação ficou para Roberta Sara de Sousa Matos, proprietária do Sítio Cuitelinho, localizado no Núcleo Rural Morada dos Pássaros, na região de Brazlândia. Lá ela cultiva o fruto em uma área de 2 hectares e apresenta variedades como o Arara, Acauã e Siriema.

Foto: Samuel Andrade | Focus Produção de Imagem

“Hoje eu estou muito emocionada, porque é o trabalho de uma pequena produtora. Tem sido uma batalha, um trabalho árduo, porque é um desafio todos os dias. Temos de mexer com mão de obra que, infelizmente, não encontramos facilmente na área rural. Mas sou raçuda. Se é para fazer, não tem peso que me limite”, assegurou Roberta.

Os cafés premiados demonstraram, segundo os avaliadores, uma excepcional qualidade na avaliação, alcançando, respectivamente, índices 86,58, 86,25 e 86 pontos, evidenciando o alto padrão dos produtos.

Os produtores reconhecidos também ganharam quantias em dinheiro, além de troféus de ouro, prata e bronze.

Experiências para o mercado turístico

A programação do Lab Day seguiu com uma apresentação conduzida pela especialista em enoturismo, experiências turísticas e consultora do Sebrae/GO, Juliana Carvalho. Ela abordou estratégias essenciais para o desenvolvimento e promoção do setor, com foco na comunicação e na experiência do cliente.

Foto: Samuel Andrade | Focus Produção de Imagem

Juliana ressaltou que a comunicação digital é um pilar fundamental, exigindo a identificação precisa do público-alvo para direcionar as mensagens de forma eficaz. A escolha de canais de comunicação adequados e o uso de ferramentas digitais para monitorar e gerenciar a reputação online dos destinos e empresas foram apontados pela especialista como práticas indispensáveis.

Um dos pontos centrais discutidos por Juliana foi a criação de uma jornada do turista fluida e integrada. Ela explicou que isso significa considerar todas as etapas, desde o primeiro contato do viajante com a ideia de um destino até o compartilhamento de suas experiências após o retorno. A personalização dessa jornada, por meio da compreensão das necessidades e preferências dos diferentes perfis de turistas, foi destacada por Juliana como um diferencial competitivo.

A importância da análise de dados também ganhou destaque na apresentação, sendo apresentada como uma ferramenta poderosa para embasar decisões estratégicas. Ao coletar e interpretar dados sobre o comportamento do consumidor, tendências de mercado e resultados de campanhas, é possível, segundo Juliana, ajustar as estratégias de marketing e oferta de serviços, garantindo maior assertividade e otimização de recursos.

Por fim, Juliana enfatizou a necessidade de colaboração entre os diversos stakeholders do setor turístico – desde órgãos governamentais e associações até pequenas empresas e prestadores de serviços. Essa sinergia, conforme salientou Juliana, é vista como crucial para fortalecer a oferta turística, promover a inovação e assegurar um desenvolvimento sustentável que beneficie tanto os visitantes quanto as comunidades locais.

A analista da Gerência de Negócios em Rede do Sebrae no Distrito Federal e gestora dos projetos de turismo da instituição, Nathália Hallack, falou ao público sobre o processo de contribuição para a maior visibilidade de atrativos turísticos localizados no DF, em especial os da zona rural.

Foto: Samuel Andrade | Focus Produção de Imagem

“O turismo do DF era conhecido por parecer não ter identidade. Pelas características próprias do local incorpora elementos de outras regiões, como Espírito Santo e Minas Gerais, resultando em algo difuso que parecia não ter identidade”, pontuou.

“No entanto, esse cenário mudou. O Distrito Federal se encontrou e a vocação da nossa região está muito clara: é sobre produção local de excelência, sobre criatividade, sobre inovação. É um território disruptivo. No entanto, novos desafios emergem e para que o turismo continue a avançar no território distrital, é preciso conectar as experiências locais ao mercado nacional e internacional”, complementou Nathália.

A analista e também gestora dos projetos de turismo do Sebrae, Laíse Cabral, demonstra otimismo e uma visão estratégica para o futuro do setor. Ela pontuou a necessidade de fortalecer verdadeiras conexões do mercado do turismo a diversas áreas, como gastronomia, hotelaria e artesanato, reconhecendo a capacidade inerente do turismo de integrar múltiplos setores da economia. “Por meio dessa união estratégica entre setores, o turismo brasiliense poderá avançar, deixando de focar exclusivamente nos moradores locais para se tornar um polo de experiências, ajudando a projetar a capital federal no cenário nacional e internacional”, concluiu.

Foto: Samuel Andrade | Focus Produção de Imagem

Uma das formas de atuação do Sebrae no DF para viabilizar o avanço do setor turístico é, segundo Laíse, a consolidação do projeto Made in Quadrado. A iniciativa reúne empreendedores locais comprometidos na elaboração de produtos autênticos que são capazes de ressaltar a identidade local e tornar ainda mais intenso o potencial turístico do território brasiliense.

No evento, estiveram presentes diversos expositores que já integram o projeto, cuja marca é a reunião de produtores locais reconhecidos pela excelência da produção: Brasília Cachaça Tasting, Cabríssima, Cerrado Blue, Vinhedo Lacustre, Vila das Cabras e Malunga.

Todos os empreendimentos possuem experiências associadas à produção, enriquecendo mutuamente o produto e a experiência do turista e do consumidor. A Cerrado Experience, um ecossistema que promove o turismo sustentável e culturalmente enriquecedor, também marcou presença como expositora, mostrando diversas opções de roteiros e experiências turísticas no nosso território.

Além das empresas, a startup For You Nation também esteve no evento com soluções inovadoras para o mercado do turismo.

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