Na última sexta-feira, 11 de abril, a programação do segundo dia do Sebrae Inova 2025 colocou em evidência negócios que unem propósito social e viabilidade financeira. A atividade foi realizada no Centro de Eventos Brasil 21 e reuniu empreendedores cujos projetos beneficiam diretamente populações de baixa renda no Distrito Federal e meio ambiente, mostrando como inovação e sustentabilidade andam juntas.
Fê Cortez, comunicadora e idealizadora do movimento Menos 1 Lixo, foi uma das palestrantes da atividade, apresentando a plataforma como referência em práticas sustentáveis no Brasil. Com soluções que impulsionam a agenda ESG de mais de 3 mil empresas, o movimento dialoga mensalmente com 3 milhões de pessoas e já vendeu mais de 2,2 milhões de copos reutilizáveis. Ela também é defensora da Campanha Mares Limpos da Organização das Nações Unidas (ONU) no Brasil e foi embaixadora do Greenpeace por quatro anos.

A comunicadora contou que iniciou sua carreira na área de moda e que, após assistir ao documentário Trashed – Para Onde Vai Nosso Lixo, em 2012, passou a pesquisar sobre o lixo consumido e se deparou com dados alarmantes. O primeiro dado foi que os oceanos já continham 8,5 bilhões de toneladas de lixo, e que 12 milhões de toneladas são despejadas nas águas anualmente, com apenas 10% sendo reciclado.
Em seguida, Fê Cortez recordou que se assustou com os números do consumo de descartáveis no Brasil: 720 milhões de copos por dia, com uma taxa de reciclagem quase nula. Com isso, em 2015, ela adotou em sua rotina o uso de copo reutilizável e, em um ano, evitou o descarte de 1.618 unidades. A iniciativa inspirou a criação do movimento que lidera e com isso ela lançou um copo de silicone retrátil, hoje vendido globalmente.
“Os negócios de impacto são a prova de que podemos fazer diferente “É possível unir lucro e impacto socioambiental, mostrando que não precisamos mais escolher”, observou Fê Cortez.
Dando continuidade à programação, Daniela Estevam, coordenadora da Coalizão pelo Impacto, mediou um painel com a participação de Ana Arksy, CEO e fundadora da startup 4 Hábitos Para Mudar o Mundo; Bárbara Pacheco, CEO da Verde Novo Sementes; e Maiara Gualberto, idealizadora da fundadora da Tronik Soluções em Resíduos. Durante o debate, as empresárias apresentaram as ações de suas empresas classificadas, destacando iniciativas inovadoras e sustentáveis.

Ana Arksy destacou que sua startup tem se empenhado na redução do consumo de petróleo e das emissões, causando um impacto positivo para milhares de pessoas na segurança climática. Já Bárbara Pacheco que atua no fortalecimento de coletoras de sementes nativas, propôs aos participantes da atividade uma reflexão sobre a evolução humana e a construção de um negócio de impacto impulsionando a restauração ecológica em um nível sistêmico. Por sua vez, Maiara Gualberto enfatizou que o objetivo de sua ideia de negócios é impactar o meio ambiente, promovendo uma economia circular no Distrito Federal, com foco na sustentabilidade e na preservação dos recursos naturais.
Daniela Estevam encerrou o painel ressaltando a importância de gerar um impacto positivo na sociedade, além do lucro financeiro. Ela destacou que os modelos de negócios incorporam objetivos sociais e ambientais em suas operações, promovendo mudanças significativas em comunidades e setores vulneráveis.

Na sequência, Henrique Guimarães, agente de aceleração da Coti Aceleradora, conduziu a palestra “Tirando Ideias do Papel”. Ele iniciou sua apresentação refletindo sobre a premissa de que uma empresa existe para gerar valor, observando que para ser viável, uma empresa deve atender a três critérios fundamentais: desejabilidade, viabilidade e possibilidade. Ele ainda destacou as etapas essenciais para o desenvolvimento de um negócio, que incluem ideia, descoberta, validação e provocou os participantes da atividade. “Como posso desenvolver um produto que faça sentido? Como posso entregar valor dentro do processo em que estou comprometido? Se não consigo isso, será impossível gerar valor. E não é necessário conhecer a pessoa que quero alcançar?”, questionou.
Nayana Cambraia, consultora especializada em diversidade, inclusão e impacto social liderou um painel sobre investimentos em negócios de impacto. Ela conversou com Bruno Girardi, diretor de Investimentos de Impacto da Sitawi, e Felipe Diniz, da Gerência Nacional de Negócios de Impacto da Caixa Econômica Federal.
Cambraia destacou que existem oportunidades e instituições que reconhecem o valor do impacto social e assegurou que aumentando e fomentando esse cenário, trabalhando de forma conjunta, é possível provocar transformações significativas na sociedade.
Bruno Girardi ressaltou que o impacto é frequentemente medido de acordo com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, abordando questões como geração de renda, redução da desigualdade social e preservação das florestas. Ele também mencionou que existem dois tipos de impacto: o puro, em que o retorno vem com impacto, e o impacto em primeiro lugar, no qual o impacto ocorre antes do retorno financeiro.
Encerrando a conversa, Felipe Diniz apresentou os principais produtos que a Caixa Econômica Federal vem desenvolvendo para negócios de impacto. Ele observou que, embora muitas empresas estejam se posicionando nesse setor, ainda há pouco conhecimento sobre o assunto. O banco estatal tem ampliado suas ações e projetos de concessão de crédito para apoiar negócios de impacto.
Isabela Patrocínio, analista da Gerência de Negócios em Rede e gestora de inovação e sustentabilidade do Sebrae no DF, concluiu a atividade mencionando a importância de construir um ecossistema robusto que ofereça as ferramentas necessárias para o crescimento dos negócios. Ela destacou, ainda, a colaboração mantida entre o Sebrae no DF e grandes instituições que também fomentam ações de impacto social, como Impact Hub Brasília, Coalizão pelo Impacto e o Instituto Sabin. “Por meio dessa estratégia, podemos oferecer mais capacitação, sensibilização e promover a modelagem de negócios”, garantiu.
“É essencial também cultivar uma mudança de mindset, visando transformar o mundo em um espaço onde os negócios gerem lucro e impacto social positivo”, completou Isabela.
