Com uma trajetória de mais de 34 anos apresentando a Educação como vetor de transformação a milhares de estudantes, o Centro Educacional Brasil Central, de Taguatinga, decidiu inovar com a chegada de 2024. A instituição optou por firmar uma parceria com o Sebrae no Distrito Federal para ser uma das escolas beneficiadas pela metodologia do Programa Jovens Empreendedores Primeiros Passos, o JEPP como é mais conhecido.
O start para a implementação do programa partiu da diretora do centro educacional, Glenda Félix. Ela assumiu a chefia da instituição já em 2024 e como conhecia o impacto do programa, procurou o apoio do Sebrae. Assim como em outras unidades de educação, professores participaram de uma série de capacitações na metodologia do programa. Já a par de conteúdos estratégicos, os educadores atuaram como multiplicadores, transmitindo, em salas de aula, o conhecimento adquirido e incentivando os alunos a desenvolverem habilidades e comportamentos empreendedores.
Dessa forma, os estudantes puderam aplicar na prática o que aprenderam em sala de aula, incluindo a elaboração de um plano de negócios, a realização de pesquisas de mercado, a gestão financeira, a confecção de produtos para venda e a aplicação de técnicas de atendimento ao cliente. Os alunos também estiveram envolvidos em atividades como palestras sobre empreendedorismo, startups e inovação.
“Como já sabia do caminho de preparação, falei com os professores sobre a intenção de implementar o JEPP. Eles abraçaram a ideia e logo comunicamos os pais. Temos uma forte relação com cada família, que também demonstraram todo apoio. Estabelecemos contato com o Sebrae e o andamento foi natural. As formações ocorreram e hoje estamos concluindo esse primeiro ano de atividades dentro do programa. Não conseguiríamos fazer algo dessa magnitude sozinhos”, contou Glenda.

A estrutura montada para a realização da feira tomou conta do ginásio de esportes do centro educacional. Lá, os 158 estudantes se organizaram em estandes e apresentaram à comunidade escolar produtos variados, como brinquedos, temperos e doces. Além de colocar em prática tudo o que foi absorvido em sala de aula, foi momento para os estudantes colocar em prática conceitos de inovação e sustentabilidade.
Acompanhada dos colegas de turma, Izabel Moraes, do 6º Ano, abordava o público visitante da feira ressaltando as principais informações sobre o produto que comercializaram. “Temos cocada caseira com leite condensado, leite ninho e também quebra-queixo. Levando três a gente dá um desconto”, dizia a pequena estudante para quem se aproximava.
Izabel e sua turma colocaram em voga, durante a realização do evento, a importância de reaproveitar materiais que seriam descartados. Eles usaram a casca do coco adquirido para a fabricação das cocadas como embalagem e com esse gesto buscaram despertaram reflexões em pessoas que estão acostumadas a simplesmente descartar o que acreditam ser lixo, sem considerar que o material pode ter uma utilidade diferente ou até mesmo ser usado para a produção de um item novo.
A ideia e o trabalho da turma do 6º Ano foram acompanhados de perto pelo professor Pedro Lélis. Ele revelou detalhes do trabalho com a turma, contando que a ideia de produzir a cocada surgiu de um bate-papo em sala de aula e que ao longo do ano discutiram maneiras de utilizar o coco, um alimento versátil, em diferentes formas. “Assim que iniciamos os trabalhos em sala de aula, alguns estudantes se mostraram mais animados. Outros são mais tímidos e ficaram maia quietos. Com o desenrolar das atividades foi sendo criada uma sinergia. A gente conseguiu fazer com que as ideias saíssem do papel e colocar em prática. Fizemos experimentos e no final deu tudo certo”, comentou o educador.
Glauciane Souza, mãe de Yuri e Ítalo Assenção, alunos do 3º ano do Ensino Médio e do 3º ano do Ensino Fundamental, respectivamente, elogiou a realização da feira e revelou estar surpresa com o impacto positivo gerado com a aplicação do JEPP no centro educacional. Ela atua como gestora de recursos humanos e em sua rotina percebe no empreendedorismo uma valiosa oportunidade para que muitas pessoas transformem suas realidades e conquistem destaque em suas trajetórias.
“Tanto o Yuri quanto o Ítalo ficaram bem engajados com o programa. E foi bem diferente do eu esperava. Foi uma iniciativa incrível da diretoria da escola em mostrar aos jovens o empreendedorismo como uma perspectiva o futuro. O meu desejo é que essa iniciativa se repita todos os anos, pois está sendo importante para meus filhos e será para outros estudantes também”, afirmou.
A turma de Ítalo produziu brinquedos usando materiais recicláveis, que se esgotaram em instantes logo após o início da feira. Para ele, no entanto, ficará na memória o envolvimento e as responsabilidades assumidas com a iniciativa ao longo do ano. O irmão mais velho, Yuri, também levará na memória o aprendizado com a implementação do programa, embora a metodologia do JEPP tenha sido apresentada somente para as turmas do Ensino Fundamental da instituição de ensino. “Os professores falaram que a gente participaria de uma ação inspirada no JEPP. E, para mim, foi um acerto muito grande em realizar uma ação similar com o estudantes do Ensino Médio. Pude perceber várias oportunidades e compreender que com garra e determinação, a gente pode conquistar o que sonhamos”, concluiu o jovem, de 17 anos.
A diretoria da escola revelou que cada turma amadurece planos distintos para usar a quantia arrecada com a realização da feira. “Alguns alunos querem fazer um lanche coletivo. Outros já preferem um dia de lazer em outro local. Daqui para o final do ano vamos ver a intenção de cada classe e ver o que pode realmente ser feito para atender aos desejos de cada estudante”, esclareceu a diretora, Glenda Félix.